Liliana Valente – i online
Ministro das
Finanças tem sido contestado dentro e fora do executivo e manifestou
disponibilidade para ser substituído
O ministro das
Finanças falou nos últimos dias com o primeiro-ministro e pôs o lugar à
disposição antes da conferência de imprensa em que apresentou as linhas gerais
do Orçamento do Estado para 2013, na segunda-feira, soube o i junto de fonte
próxima de Vítor Gaspar.
O i questionou o
Ministério das Finanças, que não quis fazer comentários sobre este assunto.
O ministro acossado
pelas críticas dentro do próprio governo – além do CDS, alguns ministros do PSD
manifestaram--se contra algumas opções políticas de Gaspar – decidiu falar com
Passos Coelho, numa conversa pessoal, e dizer que estaria disposto a sair do governo
caso o primeiro-ministro assim o entendesse. Passos disse que não e segurou o
ministro que nos últimos meses tem garantido lugar de destaque no executivo e
tem sido mais que o braço-direito do chefe do governo.
A segurança
transmitida por Passos deu a Gaspar a confiança para responder aos jornalistas
mais tarde na conferência de imprensa no Ministério das Finanças. Quando lhe
perguntaram se se sentia “remodelável”, o ministro das Finanças respondeu sem
hesitação e com a certeza de que estava protegido pelo chefe do governo. Disse
que essa decisão cabia ao primeiro-ministro, mas foi mais longe ao dizer que só
ficaria no lugar de responsável pela pasta das Finanças enquanto fosse útil e
que mais não estava a fazer do que a retribuir ao país o investimento que os
portugueses fizeram na sua educação. “A composição do governo está à disposição
do primeiro-ministro. Esse ponto é incontornável”, disse. Mas logo depois
acrescentou: “A minha participação no governo tem o único propósito de
retribuir ao país o enorme investimento que o país colocou na minha educação.
Foi extraordinariamente cara e Portugal investiu na minha educação de forma
generosa durante algumas décadas. É minha obrigação estar disponível para
retribuir essa dádiva que o país me deu.” E se dúvidas houvesse quanto à
vontade de Gaspar permanecer no governo, o ministro rematou: “A minha
permanência dependerá da utilidade que essa permanência terá para a República
Portuguesa. Não tem qualquer outra motivação.”
Mas desta vez o
ministro sentiu as críticas chegarem-lhe bem perto, ao ser acusado de ser o
principal foco de tensão entre os dois partidos da coligação. Perante a
possibilidade de ser a sua posição a influenciar a continuidade do executivo
terá manifestado a disponibilidade de ser substituído se Passos o entendesse.
Mas o primeiro-ministro tem sempre dado a cara publicamente pelo ministro e,
apesar de algumas vozes apresentarem Gaspar como remodelável, Passos não
defende o mesmo. Pelo menos para já. Tal como o i escreveu esta semana, várias são
as vozes no executivo que defendem uma substituição de Vítor Gaspar por Paulo
Macedo, devido à experiência do ministro da Saúde em assuntos fiscais, por ter
sido director-geral dos impostos entre 2004 e 2007.
A remodelação do
executivo – numa altura em que aumenta a tensão entre PSD e CDS – tem sido dado
corrente nas últimas semanas, mas o primeiro-ministro tem adiado mexidas na sua
equipa, até porque é certa a dificuldade em convencer personalidades fora do
executivo a entrar para o governo numa altura em que os níveis de popularidade
estão em baixo. Nas últimas semanas, Esmeralda Dourado, administradora do Grupo
SAG, terá sido abordada para integrar a equipa de Passos e substituir o
ministro da Economia, mas terá negado. Álvaro Santos Pereira surge no topo dos
ministros a substituir há largos meses, quando o próprio terá posto essa
hipótese na altura em que perdeu a gestão a 100 por cento dos fundos do QREN e
após a demissão do secretário de Estado da Energia Henrique Gomes por causa da
negociação das rendas do sector energético.
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