Pedro Rainho – i online
Nova manifestação
decorreu sem violência, ao contrário da manifestação de segunda-feira
Mais de 3500
empresários e profissionais da restauração, segundo dados da organização do
protesto, partiram ontem de todo o país para se manifestarem frente ao
parlamento para uma “contestação ao IVA”, que com o Orçamento do Estado (OE)
para 2012 subiu para 23%. “Neste momento, a questão fundamental para o sector é
que a taxa baixe para os 6%”, disse José Pereira, do Movimento dos Empresários
da Restauração (MER) e responsável pela organização do protesto.
“É uma questão de
sobrevivência, e mesmo que o imposto volte para o valor de há um ano há muitas
empresas que não vão resistir”, garante José Pereira. Para o dirigente do MER,
sem alterações ao IVA, e só em termos directos, “entre 2012 e 2013 há 40 mil
empresas que vão fechar e há 100 mil pessoas que vão para o desemprego.” Já no
impacto indirecto, “se acrescentarmos os efeitos sobre os sectores que dependem
da restauração, estamos a falar de centenas de milhares de pessoas para quem o
fim está próximo”, assegura o dirigente. “Esta política vai ter um fim próximo.
Estamos a falar da restauração, mas o problema é geral porque mais de 90% das
empresas em Portugal são de pequena ou média dimensão que não vão aguentar esta
política recessiva”, prevê.
Desiludidos com o
panorama fiscal para o próximo ano, os empresários da restauração pretendem
agora voltar-se para os deputados, na tentativa de reverter no parlamento a
aprovação do actual OE. “Vamos, olhos nos olhos, perguntar-lhes se foi isso que
nos prometeram quando foram aos nossos restaurantes pedir-nos o nosso voto.
Eles mentiram-nos, e se agora assistirmos ao segundo acto” – a aprovação do
próximo OE –, “isto vai ser diferente.” Durante o discurso no palco improvisado
ao fundo da escadaria da Assembleia da República, José Pereira deixou uma
ameaça velada ao governo, ao dizer que, “se quisermos, este sector pára o
país”.
Questionado pelo i
sobre a concretização da ameaça, José Pereira explicou que os profissionais da
restauração estão “a meio de uma maratona e começam a ter consciência de que
não têm futuro e terão de fechar as portas”. E se, até à aprovação do
Orçamento, prevista para o último dia de Outubro, “esta unidade se alargar”,
poderão “deixar de fornecer hospitais, prisões, etc.” “Aí, garanto-lhes, o
problema é resolvido numas horas.”
Ao contrário da
noite anterior, em que alguns manifestantes causaram distúrbios ao tentar
invadir o Palácio de S. Bento – e de que resultaram 11 feridos, dos quais dez
agentes da PSP, já depois do fecho de edição do i – a manifestação do MER
decorreu com muito barulho mas sem incidentes. A organização do protesto de
segunda-feira já se demarcou destes distúrbios.
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