... como "grave violação" da Constituição
NME – HB - Luso
Luanda, 15 out
(Lusa) - O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, assistiu hoje em
Luanda à abertura do novo ano legislativo mas não discursou, o que motivou a
acusação dos partidos de oposição de "grave violação" do artigo 118
da Constituição.
José Eduardo dos
Santos em carta endereçada sexta-feira ao presidente da Assembleia Nacional,
Fernando da Piedade Dias dos Santos, informou que não iria proferir qualquer
mensagem sobre o Estado da Nação, tendo em conta que a 26 de setembro na sua
investidura dirigiu uma mensagem ao país sobre as políticas preconizadas para a
resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e
desenvolvimento do país.
"Proferir
outro discurso sobre esse tema seria fazer as mesmas afirmações por outras
palavras", considerou o Chefe de Estado angolano.
Em declarações à
Agência Lusa, o deputado da bancada parlamentar da UNITA Adalberto da Costa
Júnior disse que a oposição "fez de tudo para sugerir que não se fizesse
este vazio" mas a sua reclamação não foi ouvida.
"Nós esta
manhã dirigimos ao presidente da Assembleia Nacional uma carta antes de
qualquer ordem de trabalho para podermos tentar pelo menos corrigir aquilo que
determinou uma violação, que entendemos muito grave à própria
Constituição", disse Adalberto da Costa Júnior.
Segundo o deputado,
o artigo 118 da Constituição é claro e não determina vontade de cumprir ou não.
"Lamentavelmente hoje tivemos aqui um Presidente da República, que deu um
exemplo muito negativo".
Para o deputado do
maior partido da oposição em Angola, com 32 assentos parlamentares, o país
estava expectante, numa altura em que a população enfrenta "sérios
problemas" como a falta de água, de luz, índices altos de violência.
Adalberto da Costa
Júnior disse ainda que o discurso proferido pelo presidente do parlamento
angolano não substituiu o que deveria ter sido feito por José Eduardo dos
Santos.
Por sua vez, o
deputado e vice-presidente da Convergência Ampla de Salvação de
Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), André Mendes de Carvalho
"Miau", considerou igualmente uma violação à Constituição o
incumprimento do artigo 118.
"Se há um
local onde ele poderia não ter discursado foi na tomada de posse, mas aqui está
obrigado a discursar. Ao não ter discursado não só é uma violação à
Constituição, mas também um momento triste desta cerimónia", lamentou o
político de oposição.
Relativamente ao
discurso do presidente da Assembleia Nacional André Mendes de Carvalho
"Miau" destacou a mensagem de conciliação, no sentido de um trabalho
conjunto "em prol do povo angolano".
"Foi o aspeto
positivo", sublinhou o vice-presidente da CASA-CE a terceira força
política de Angola, com seis assentos parlamentares.
Na sua intervenção,
Fernando da Piedade Dias dos Santos disse que nesta terceira legislatura
"que se inicia sob signo de coesão nacional", os deputados estarão
empenhados "num diálogo permanente e verdadeiro" entre todas as
forças políticas representadas no parlamento angolano "a bem da
Nação".
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