sexta-feira, 19 de outubro de 2012

SUSPEITAS E PROMISCUIDADES QUE VÃO DO PM AO PR PASSANDO POR MUITOS MAIS

 

Helder Semedo
 
PROMISCUIDADES NO NEGÓCIO DO ARMAMENTO, QUAL É O MAL?
 
O jornal Público assinala com data de ontem (hoje os trabalhadores anunciaram estar em greve) que existe promiscuidade no negócio do armamento. Consta no título da peça “Filho do director-geral de armamento ligado a negócios que o pai vai decidir” e desenvolve: “O filho do actual director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa tem participado num negócio cuja decisão depende da Direcção Geral liderada pelo pai.” O restante texto é transcrito a seguir.
 
Temos assim mais um caso de promiscuidade e de descaramento que pelo menos leva a suspeições em que determinadas elites de variados setores surgem “enleadas” em interesses que podem propiciar a cambalachos. Este tipo de promiscuidade é, no minimo, imoral.
 
Recordo em tempos idos, há algumas décadas, em que o chefe de estado-maior da Armada, almirante Souto Cruz, mantinha no fornecimento de equipamentos de navios da Marinha de Portugal uma firma denominada Ondex que pertencia a filhos e restante família. Também ali havia cambalachos, que parece que se ficaram por apurar corretamente devido ao almirante Souto Cruz se ter demitido após denúncias de um semanário, o Página Um. Era então PM Mário Soares.
 
No atual caso, referido no Público e que aqui trazemos, existem aspetos similares. Se existem cambalachos ou não é o que uma verificação adequada poderá esclarecer. Certo é que para os portugueses as dúvidas irão ficar sempre enraizadas. Como ficam as que são relacionadas com determinadas “operações” que envolvem inclusive o atual PR Cavaco Silva no caso das ações facultadas por Oliveira e Costa, seu amigo, agora envolvido no Caso BPN e que deveria andar ao menos com pulseira eletronica (mas parece que já não anda). Disso Cavaco não se salva, das suspeitas e dos eventuais exageros da vox populi. Exatamente por via das promiscuidades que figuras das elites travam entre si. Que é de espantar como alguns enriquecem e para eles quase tudo se torna fácil e acessivel… Lá isso é.
 
Suspeitas e mais suspeitas por via das promiscuidades. Ainda há semanas foi apresentado e falado à boca cheia o caso Tecnoforma (José António Cerejo, no Público). Nele vimos envolvidos Miguel Relvas – o ministro que passou a “doutor” num ápice, com uma licenciatura conseguida num ano – e o próprio primeiro-ministro Passos Coelho. Um suspeitoso cambalacho que envolve elementos da Juventude Social Democracta e muitos milhões de dinheiros comunitários. Tudo legal, pelo visto. A imoralidade, o conluio, o nepotismo, grassam entre as várias élites de Portugal mas a Justiça não encontra modo de os agarrar e de encontrar cometimentos ilegais. Pudera, sabemos bem quem legisla. São eles. São os mesmos que incorporam este tipo de provaveis cambalachos.
 
No constante a seguir é apresentado só mais um caso. Por certo que tudo é legal. Cambalachos não sabemos se existem, até porque as pessoas envolvidas nestes casos e muitos outros são honestas (assim o dizem). Podemos, isso sim, é afirmar que são imorais ao partilharem figurinos comuns de interesses inadmissiveis e que deveriam estar regulamentados nas leis e nas normas da admnistração daquilo que é suportado pelos contribuintes. Ao menos isso. Se este tipo de imoralidades revela pessoas honestas… É, no minimo, o cúmulo do descaramento. Prosmiscuidades no negácio do armamento, qual é o mal?
 
Filho do director-geral de armamento ligado a negócios que o pai vai decidir

Lurdes Ferreira - Público
 
O filho do actual director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa tem participado num negócio cuja decisão depende da Direcção Geral liderada pelo pai.
 
O filho do actual director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa tem participado na montagem da proposta que a Agusta Westland (AWIL) deverá apresentar ao Governo nos próximos meses, no âmbito do contrato de manutenção dos helicópteros EH-101, ao serviço da Força Aérea. A decisão deste contrato depende da Direcção-Geral liderada pelo pai.

Hugo Chambel, engenheiro industrial e consultor na área da aviação, é filho de Manuel Chambel, o major-general do Exército com funções na Direcção-Geral de Armamento (DGAIED) desde o tempo do Governo de Sócrates, na altura como subdirector-geral.

Desde o ano passado que o militar lidera o departamento do Governo cuja função fundamental é a análise e decisão final das compras de equipamento e serviços de defesa.

Segundo o ministério da Defesa, a revisão do contrato de manutenção dos EH-101 é a única operação que a DGAIED tem mandato para decidir no próximo ano.

Manuel Chambel participou na negociação do anterior contrato de manutenção com a AWIL. E agora, o seu filho Hugo Chambel, está a colaborar com a empresa na preparação do novo contrato a apresentar ao Estado português. Que terá depois de ser decidido pelo pai enquanto director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa.

De acordo com uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas, o anterior contrato, ainda em vigor, totaliza o pagamento à AWIL um valor próximo dos 45 milhões de euros ao longo dos cinco anos de vigência.

Com Nuno Sá Lourenço
 

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