Helder Semedo
PROMISCUIDADES NO
NEGÓCIO DO ARMAMENTO, QUAL É O MAL?
O jornal Público
assinala com data de ontem (hoje os trabalhadores anunciaram estar em greve)
que existe promiscuidade no negócio do armamento. Consta no título da peça “Filho
do director-geral de armamento ligado a negócios que o pai vai decidir”
e desenvolve: “O
filho do actual director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa tem
participado num negócio cuja decisão depende da Direcção Geral liderada pelo
pai.” O restante texto é transcrito a seguir.
Temos assim mais um
caso de promiscuidade e de descaramento que pelo menos leva a suspeições em que
determinadas elites de variados setores surgem “enleadas” em interesses que
podem propiciar a cambalachos. Este tipo de promiscuidade é, no minimo, imoral.
Recordo em tempos
idos, há algumas décadas, em que o chefe de estado-maior da Armada, almirante
Souto Cruz, mantinha no fornecimento de equipamentos de navios da Marinha de
Portugal uma firma denominada Ondex que pertencia a filhos e restante família. Também
ali havia cambalachos, que parece que se ficaram por apurar corretamente devido
ao almirante Souto Cruz se ter demitido após denúncias de um semanário, o Página
Um. Era então PM Mário Soares.
No atual caso,
referido no Público e que aqui trazemos, existem aspetos similares. Se existem
cambalachos ou não é o que uma verificação adequada poderá esclarecer. Certo é
que para os portugueses as dúvidas irão ficar sempre enraizadas. Como ficam as
que são relacionadas com determinadas “operações” que envolvem inclusive o
atual PR Cavaco Silva no caso das ações facultadas por Oliveira e Costa, seu
amigo, agora envolvido no Caso BPN e que deveria andar ao menos com pulseira
eletronica (mas parece que já não anda). Disso Cavaco não se salva, das
suspeitas e dos eventuais exageros da vox populi. Exatamente por via das
promiscuidades que figuras das elites travam entre si. Que é de espantar como
alguns enriquecem e para eles quase tudo se torna fácil e acessivel… Lá isso é.
Suspeitas e mais suspeitas por via das promiscuidades.
Ainda há semanas foi apresentado e falado à boca cheia o caso Tecnoforma (José António Cerejo, no Público). Nele vimos envolvidos Miguel Relvas – o ministro
que passou a “doutor” num ápice, com uma licenciatura conseguida num ano – e o próprio
primeiro-ministro Passos Coelho. Um suspeitoso cambalacho que envolve elementos da
Juventude Social Democracta e muitos milhões de dinheiros comunitários. Tudo
legal, pelo visto. A imoralidade, o conluio, o nepotismo, grassam entre as várias
élites de Portugal mas a Justiça não encontra modo de os agarrar e de encontrar
cometimentos ilegais. Pudera, sabemos bem quem legisla. São eles. São os mesmos que
incorporam este tipo de provaveis cambalachos.
No constante a
seguir é apresentado só mais um caso. Por certo que tudo é legal. Cambalachos não
sabemos se existem, até porque as pessoas envolvidas nestes casos e muitos
outros são honestas (assim o dizem). Podemos, isso sim, é afirmar que são
imorais ao partilharem figurinos comuns de interesses inadmissiveis e que deveriam
estar regulamentados nas leis e nas normas da admnistração daquilo que é
suportado pelos contribuintes. Ao menos isso. Se este tipo de imoralidades
revela pessoas honestas… É, no minimo, o cúmulo do descaramento. Prosmiscuidades
no negácio do armamento, qual é o mal?
Lurdes Ferreira - Público
O filho do actual
director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa tem participado num
negócio cuja decisão depende da Direcção Geral liderada pelo pai.
O filho do actual
director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa tem participado na
montagem da proposta que a Agusta Westland (AWIL) deverá apresentar ao Governo
nos próximos meses, no âmbito do contrato de manutenção dos helicópteros EH-101,
ao serviço da Força Aérea. A decisão deste contrato depende da Direcção-Geral
liderada pelo pai.
Hugo Chambel, engenheiro industrial e consultor na área da aviação, é filho de Manuel Chambel, o major-general do Exército com funções na Direcção-Geral de Armamento (DGAIED) desde o tempo do Governo de Sócrates, na altura como subdirector-geral.
Desde o ano passado que o militar lidera o departamento do Governo cuja função fundamental é a análise e decisão final das compras de equipamento e serviços de defesa.
Segundo o ministério da Defesa, a revisão do contrato de manutenção dos EH-101 é a única operação que a DGAIED tem mandato para decidir no próximo ano.
Manuel Chambel participou na negociação do anterior contrato de manutenção com a AWIL. E agora, o seu filho Hugo Chambel, está a colaborar com a empresa na preparação do novo contrato a apresentar ao Estado português. Que terá depois de ser decidido pelo pai enquanto director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa.
De acordo com uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas, o anterior contrato, ainda em vigor, totaliza o pagamento à AWIL um valor próximo dos 45 milhões de euros ao longo dos cinco anos de vigência.
Com Nuno Sá Lourenço
Hugo Chambel, engenheiro industrial e consultor na área da aviação, é filho de Manuel Chambel, o major-general do Exército com funções na Direcção-Geral de Armamento (DGAIED) desde o tempo do Governo de Sócrates, na altura como subdirector-geral.
Desde o ano passado que o militar lidera o departamento do Governo cuja função fundamental é a análise e decisão final das compras de equipamento e serviços de defesa.
Segundo o ministério da Defesa, a revisão do contrato de manutenção dos EH-101 é a única operação que a DGAIED tem mandato para decidir no próximo ano.
Manuel Chambel participou na negociação do anterior contrato de manutenção com a AWIL. E agora, o seu filho Hugo Chambel, está a colaborar com a empresa na preparação do novo contrato a apresentar ao Estado português. Que terá depois de ser decidido pelo pai enquanto director-geral de Armamento e Infra-estruturas de Defesa.
De acordo com uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas, o anterior contrato, ainda em vigor, totaliza o pagamento à AWIL um valor próximo dos 45 milhões de euros ao longo dos cinco anos de vigência.
Com Nuno Sá Lourenço
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