FV – Lusa, em
Observatório da Língua Portuguesa
O valor da língua
portuguesa em termos culturais e económicos "é muito grande e está a
crescer", disse hoje em Macau o presidente do Observatório da Língua
Portuguesa, Eugénio Anacoreta Correia.
O presidente do
Observatório da Língua Portuguesa participou hoje no seminário "Língua
Portuguesa - Afirmação e Valor", onde foi apresentado o estudo "O
valor da Língua Portuguesa".
"É muito
grande e está em crescendo porque a zona da CPLP [Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa] está em expansão demográfica, ao contrário de muitas zonas
do mundo que estão em recessão demográfica; está em expansão cultural e está em
expansão económica, portanto o valor da língua está a acentuar-se no
mundo", disse à agência Lusa.
Tal como outros
intervenientes no seminário, Eugénio Anacoreta Correia invocou a edição de
outubro da revista inglesa "Monocle", que dedica várias páginas à
importância do português no mundo e que o considera "como uma nova língua
de poder e de negócios".
A sustentar a tese
da expansão do português, o presidente do Observatório da Língua Portuguesa deu
alguns "indicadores de ‘rankings' mundiais que permitem aferir o valor da
língua e que colocam o português sempre em posições cimeiras".
"É a quinta
língua mais falada no mundo, é a sexta na Internet, é a quarta no Twitter, é
uma das três que é falada nos três continentes, particularmente em
África", descreveu.
Eugénio Anacoreta
Correia defendeu que a maior afirmação do português no mundo passa por três
vetores, a começar por "uma concertação diplomática muito estreita para
que seja adotado como língua oficial de documentação e de trabalho nos
organismos internacionais".
O segundo vetor,
continuou, é o da "intensificação do ensino de português, não apenas no
mundo da CPLP que já o fala, mas naquele mundo que o quer falar", e o
terceiro aspeto "o reforço da solidariedade interna no seio da CPLP para
diluir as assimetrias existentes nos graus de desenvolvimento humano em todos
os países".
"Temos de puxar
todos os países para padrões reconhecidos de grande cidadania, de valor de
bem-estar, e isso exige um esforço de solidariedade interna no seio da
CPLP", acrescentou.
Ao destacar a
"explosão" do interesse pela aprendizagem do português na China, onde
há mais de 20 universidades a oferecer licenciaturas, o antigo embaixador de
Portugal em Cabo Verde constatou que a evolução das relações comerciais entre a
China e os países de Língua Portuguesa contribuíram para a maior procura da
aprendizagem do português.
Ao abordar o
interesse "explosivo na China" da aprendizagem do português, Eugénio
Anacoreta Correia afirmou: "Não são só os países que falam português que
sentem essa necessidade, é a própria China que sente essa necessidade".
"Angola é
neste momento o segundo exportador de petróleo para a China. O Brasil é o maior
parceiro comercial da China, ultrapassou os Estados Unidos. Obviamente que tudo
isto funciona melhor se no Brasil se falar mais chinês e se na China se falar
mais português", concluiu.
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