quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Cabo Verde: GOVERNO EXPORTA AUSTERIDADE, SETOR ELÉTRICO OPACO

 


Oposição de Cabo Verde acusa Governo de exportar austeridade para famílias e empresas
 
22 de Novembro de 2012, 13:22
 
Cidade da Praia, 22 nov (Lusa) - A oposição cabo-verdiana acusou hoje o Governo de, na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2013, "exportar a austeridade" para as famílias e empresas, considerando "comprovado o falhanço" das políticas seguidas nos 11 anos de poder.
 
Numa conferência de imprensa, Orlanda Ferreira, deputada do Movimento para a Democracia (MpD, na oposição desde 2011), citou o recente relatório do Banco de Cabo Verde (BCV) para reiterar o crescimento económico "pequeno" (4/5%) e o "aumento" do desemprego (12,2%).
 
A também presidente da Comissão Especializada do Parlamento para as Finanças e Orçamento, que ouviu quarta-feira as explicações do Governador do BCV, Carlos Burgo, sobre a política económica e os resultados da gestão da política macroeconómica do Governo, disse que o relatório confirma as preocupações do MpD.
 
"Diminuiu o rendimento disponível das famílias e empresas, tornou-se mais difícil o acesso ao crédito das empresas, a economia cresce pouco, está altamente endividada, a situação orçamental deteriora-se, há uma degradação generalizada das condições económicas e um Orçamento de Estado para 2013 com efeitos recessivos", resumiu.
 
Orlanda Ferreira lembrou também que o relatório do BCV "confirma a queda livre" do Investimento Direto Estrangeiro (IDE) no país, menos 46% comparativamente ao documento anterior, e dos donativos externos, que inclui as remessas dos emigrantes, menos 22%.
 
A deputada do MpD denunciou ainda a subida de 30,4% nos juros da dívida pública, que atingirá já este ano os 90,5% do PIB projetados para 2013, lembrando que o BCV projeta um crescimento das receitas que corresponde a "metade das previsões" do Governo.
 
Ainda sobre o OE para 2013, Orlanda Ferreira considerou-o "um exemplo acabado da negação da realidade", pois o aumento de 06 para 15% da taxa de IVA em todos os bens, produtos e serviços, a par do aumento do desemprego, vai diminuir a competitividade e penalizar as famílias e empresas.
 
Para inverter este quadro, propôs Orlanda Ferreira, é necessário "mudar o modelo de crescimento económico", até agora baseado no aumento crescente das despesas do Estado com recurso ao endividamento, na subutilização dos recursos e no estrangulamento do setor provado.
 
"Para o MpD, a aposta deve ser no reforço do setor privado, nas empresas, nas famílias, na melhoria do ambiente de negócios e na internacionalização da economia", concluiu.
 
Face a estes pressupostos, Orlanda Ferreira indicou que o MpD, se não vir alterado o OE para 2013, votará contra quando se discutir o documento no Parlamento, a partir de 26 deste mês.
 
JSD.// ATR.
 
Associação de defesa do consumidor cabo-verdiana diz que há "falta de transparência" na gestão do setor elétrico
 
22 de Novembro de 2012, 14:14
 
Cidade da Praia, 22 nov (Lusa) - A Associação de Defesa do Consumidor (ADECO) de Cabo Verde considerou hoje que há "situações de falta de transparência" no setor elétrico, exigindo investigações oficiais à gestão das empresas produtoras e abastecedoras.
 
Numa conferência de imprensa, o presidente da ADECO, António Pedro Silva, defendeu que se "impõe" a intervenção das autoridades para investigar "eventuais práticas lesivas dos interesses" da população e a revisão "imediata" do contrato com a Cabeólica, a empresa que gere os vários parques eólicos no arquipélago.
 
A ADECO exige também uma "investigação" à gestão da empresa produtora de energia e água cabo-verdiana, a Electra, e ao setor elétrico, em geral, insistindo na questão da Cabeólica, que "canibalizou" o parque eólico doado nos anos 1990 pela Dinamarca.
 
"O objetivo é denunciar situações de falta de transparência na gestão do setor elétrico e o respetivo impacto nas tarifas de eletricidade e água, por conseguinte, no custo de vida das populações", salientou.
 
Especificando, a ADECO quer saber em que ponto estão as declarações feitas pelo ministro do Desenvolvimento britânico, Gareth Thomas, publicadas em março de 2010 pelo Daily Telegraph e reproduzidas na comunicação social cabo-verdiana, dando conta do investimento de 26 milhões de euros num parque eólico em Cabo Verde.
 
As declarações do ministro britânico não foram confirmadas pelo Governo cabo-verdiano, que disse desconhecer a intenção.
 
Em relação à Electra, a ADECO questiona as razões do não funcionamento das turbinas eólicas doadas pela Dinamarca nos anos 1990, lamentando o "abandono e canibalização" a que foram votadas, provocando, segundo cálculos da associação, prejuízos diretos na empresa de 100 mil contos/ano (907 mil euros/ano).
 
O tarifário da Electra e a sua relação com a Cabeólica são também questionados pela ADECO, acusando a primeira de comprar à segunda energia proveniente dos parques eólicos a uma "média muito superior à eletricidade fornecida".
 
"Com base no contrato entre as duas empresas, a Cabeólica, ao longo da sua vida útil, vai ter uma receita superior a 500 por cento no investimento", afirmou António Pedro Silva, exigindo "transparência e investigação" ao setor e lamentando a inexistência de uma entidade reguladora.
 
JSD // VM.
 

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