Deutsche Welle
Enquanto as
ex-potências econômicas Espanha e Portugal pedem ajuda à América Latina para
sair da crise de endividamento, as ex-colônias acusam Europa de conduzir uma
política de austeridade demasiado rigorosa.
A confiança não
pode ser adquirida apenas através do sacrifício, afirmou a presidente
brasileira Dilma Rousseff, antes do fim do encontro com os chefes de governo da
Espanha e de Portugal, realizado durante dois dias em Cádiz, no sul da Espanha.
Também Amado Boudou, vice-presidente argentino, demonstrou durante o encontro
temores de que uma política tão rigorosa de austeridade como a aplicada pela
Europa no momento possa prejudicar a recuperação econômica do continente.
Barroso defende
planos orçamentários da UE
Por sua vez, o
presidente da Comissão da UE, José Manuel Durão Barroso, defendeu a política
econômica europeia. Ele salientou que o próximo orçamento da UE deverá
impulsionar o crescimento econômico, com medidas visando minimizar os efeitos
sociais da crise. Para isso, declarou, é preciso priorizar o crescimento.
Segundo Barroso, a
Comissão da UE irá propor um orçamento ambicioso, "mas ao mesmo tempo
realista" para o período que de 2014 a 2020. O novo orçamento será
negociado durante o encontro de cúpula do bloco, programado para 22 e 23 de
novembro. Barroso ressaltou, porém, a probabilidade de nem todos os
países-membros da UE apoiarem esses planos orçamentários.
Espanha quer atrair
investimentos
Espanha e Portugal,
ex-matrizes das colônias latino-americanas, sofrem no momento os efeitos de uma
séria recessão e da crise de endividamento. O primeiro-ministro espanhol,
Mariano Rajoy, pleiteou mais investimentos latino-americanos para o país. A
Europa irá "acolhê-los de braços abertos", assegurou o chefe do
governo conservador, ao elogiar os sucessos atuais da economia das ex-colônias.
Estes, completou Rajoy, são o reflexo de uma política de austeridade, aliada a
medidas de incentivo e fortalecimento econômico.
Os chefes de Estado
e governo pretendem assinar um acordo no segundo e último dia do encontro em
Cádiz, com o fim de facilitar o acesso de pequenas e médias empresas europeias
ao mercado latino-americano. Espanha e Portugal esperam que a América Latina,
com seu acentuado crescimento econômico dos últimos anos, possa auxiliar a
debilitada Europa na superação da crise. O presidente do Equador, Rafael
Correa, alertou para o risco de que a atual força econômica da América Latina
esteja sendo superestimada.
Os encontros anuais
de cúpula dos países ibero-americanos acontecem desde 1991, mas despertam cada
vez menos interesse. Neste ano, sete chefes de Estado latino-americanos
cancelaram suas participações em Cádiz, entre estes o venezuelano Hugo Chávez, o
cubano Raúl Castro e a argentina Cristina Fernández de Kirchner. A próxima
cúpula ibero-americana está marcada outubro de 2013 no Panamá. Depois disso, os
encontros provavelmente acontecerão apenas a cada dois anos.
SV/dpa,dapd - Revisão:
Augusto Valente
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