quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

ADMIREM-SE! PORTUGAL TEM MAIS CORRUPÇÃO AGORA DO QUE HÁ DEZ ANOS!

 


Visto de fora, Portugal é moderadamente corrupto
 
Pedro Crisóstomo - Público
 
Portugal caiu para o 33.º lugar no Índice de Percepção da Corrupção. Está pior do que há dez anos.
 
As promessas e as medidas de combate à corrupção não chegaram para, numa década, mudar a imagem que os investidores e os observadores internacionais têm do país, em termos de corrupção. Portugal está no 33.º lugar (em 176 países) no Índice de Percepção da Corrupção, ocupando, tal como há dez anos, uma posição relativa no ranking mundial que é divulgado nesta quarta-feira pela organização não-governamental Transparência Internacional (IT).
 
Em 2012, Portugal caiu um lugar em relação ao ano passado. De fora, é visto como um país moderadamente corrupto, ao lado do Butão e de Porto Rico. Em 2002, estava melhor, em 25.º lugar (num ranking com uma metodologia diferente) e com um peso também relativo a nível global.
 
Continua hoje distante dos países classificados como altamente corruptos (Somália, Coreia do Norte e Afeganistão). Continua perto dos mais transparentes (Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia). O problema é que “estabilizou no lugar dos piores da Europa” – preocupação sublinhada por Paulo Morais, correspondente da IT em Portugal, que nota o baixo desempenho a nível europeu.
 
Entre os países da União Europeia, Portugal está na 15.ª posição: melhor do que Itália e Grécia, mas atrás da Irlanda, Chipre e Espanha. Todos estão sob forte pressão da crise das dívidas, mas o ponto comum que os liga nesta fotografia é a percepção negativa que o exterior tem deles, o que se traduz num fraco desempenho no retrato europeu no ranking.
 
O índice é calculado em função de uma pontuação atribuída a cada país de acordo com a combinação de 13 indicadores (o número varia de país para país e a avaliação é sempre feita por instituições externas, como o Banco Mundial ou o Fórum Económico Mundial). A escala de pontuações – até aqui de zero a dez – passou de zero (percepção de que um país é altamente corrupto) a 100 (percepção máxima de transparência). Portugal tem uma pontuação de 63, ficando fora dos dois terços de países com uma pontuação abaixo de 50.
 
Transferência de dinheiros públicos

Em períodos agudos de crise, como o que Portugal enfrenta, são precisas medidas “para acautelar os perigos de corrupção”, defende Paulo Morais, que, como vice-presidente da Transparência e Integridade, deixa um alerta e um apelo. “Este é um momento difícil, em que os grandes tubarões se aproveitam das instituições e das pessoas. E quer a opinião pública, quer as entidades sociais têm de ser militantes neste combate”.
 
A sucessão de casos de suspeitas de corrupção na última década, diz ao PÚBLICO, fala por si. “Chegámos onde chegámos porque as finanças públicas entraram numa situação de pré-bancarrota, porque durante anos grupos económicos [estiveram envolvidos em casos] de corrupção: o BPN, o BPP, os submarinos, todos são, sem excepção, episódios de transferência de dinheiros públicos para grupos privados”.
 
Com a supervisão da troika, ficou selado o compromisso de serem realizadas reformas em áreas que Governo, a Comissão Europeia, o BCE e o FMI consideram estratégicas. Mas “há matérias susceptíveis” de movimentar interesses menos claros, denuncia Paulo Morais, citando exemplos das renegociações renegociação das parcerias público-privadas (PPP) e das privatizações.
 
O Governo, qualquer que ele seja, diz, deve aumentar a transparência, “o que é muito fácil para a administração pública”, promover a simplificação legislativa e ser exigente no funcionamento da justiça.
 
Nesta matéria, ao cidadão comum o papel é limitado. “Não tem meios para acabar com a corrupção (deve procurar ser sério na sua própria vida…), mas pode ser militante na vigilância de quem é corrupto”. Por isso defende a censura social nesses casos – “uma capacidade de censura tão grande com se [os corruptos] estivessem dentro da cadeia”.
 
JUSTIÇA ESTÁ REFÉM DAS MAFIAS OU SÃO AS MAFIAS REFÉNS DA JUSTIÇA? – opinião PG
 
A pergunta em subtítulo é pertinente, ao menos para os cidadãos comuns, para aqueles que vêem os políticos e as mafias acumularem fortunas ou mostrarem posses materiais e financeiras que decerto nem sonhavam conseguir antes de enveredarem pela profissionalização da política. A par disso deparamos com a enorme incapacidade da Justiça em conseguir demonstrar com clareza a razão porque aqueles que enriquecem e beneficiam das mais após terem sido ministros, deputados ou qualquer outro cargo nos poderes decisórios e, regra geral, governativos ou de índole de aparelhos político-partidários. Flagrante, flagrante temos assim o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD), igualmente vimos os cavaquistas apontados de que por isso dominam e estão na mó de cima… E a verdade é que os vimos. Mas isso não impediu o facto de Cavaco ser atualmente Presidente da República depois de ter sido primeiro-ministro durante mais de dez anos… Mas também corre que Cavaco é honesto. Pois será. Tudo que tem em barda é à força de trabalho exaustivo. Muito trabalho.
 
Nisso o partido CDS de Portas também arrasta as suas “sombras”…
 
Muitos outros, que não Cavaco, nos suscitam interesse e admiração pelo modo como enriqueceram. Dias Loureiro, por exemplo, um dito cavaquista. E outros. E outros. Alguns até com a barriga encostada na barra do tribunal sem que grandes ou nenhumas consequências daí advenham. Para eles tem havido sempre fugas para a frente, caso de Isaltino, que nos “alçapões” das leis cozinhadas no Parlamento encontram remédio santo para serem ilibados ou nem sequer ficarem a contas com a justiça. A tal justiça sobre quem muitos perguntam se está refém das mafias ou se são as mafias que estão reféns da justiça. Portugal deve considerar a primeira hipótese sem esquecer a equação da segunda, não vá o diabo tecê-las.

Verdade é que “eles” vivem à grande graças a terem enveredado pela política, por serem ou terem sido deputados, por terem sido governantes, por estarem dentro ou próximos dos aparelhos político-partidários. Tudo indica que no futuro será pior. Muito pior, porque a corrupção tende a aumentar, segundo estudos publicados. E assim Portugal deixará de ser “moderadamente” corrupto para se comparar aos do topo na corrupção. Se é que não está já lá mas ainda não foi comprovado pelos iluminados estudiosos. (Redação PG)
 

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