domingo, 16 de dezembro de 2012

DESOVAS DE TARTARUGAS NA ILHA CABO-VERDIANA DO SAL BATEM RECORDE EM 2012

 

JSD – ATR - Lusa
 
Cidade da Praia, 16 dez (Lusa) - A organização SOS Tartarugas indicou hoje que foram contabilizados 2.495 ninhos de desova nas praias da ilha cabo-verdiana do Sal no principal período de nidificação, de junho a outubro deste ano, número que constitui um recorde.
 
Numa nota, a organização salienta que os dados são preliminares e refere que o número quase quadruplica o total de 2011 e duplica o de 2009, tornando-se o ano com o maior número de ninhos registados até ao momento em todo o Cabo Verde.
 
"Infelizmente, este aumento não pode ser atribuído às boas ações da conservação mas sim devido às flutuações naturais da própria espécie, um fenómeno que ainda não foi totalmente compreendido", lamentou Jacquie Cozens, na nota da SOS Tartarugas.
 
Em 2012, lê-se, a taxa de mortalidade da espécie foi "muito baixa" nas praias que foram protegidas pela SOS Tartarugas, Forças Armadas e Câmara Municipal do Sal, embora o número de mortes tenha sido "bastante elevado", cerca de uma centena, nas praias desprotegidas do norte.
 
A SOS Tartarugas lembrou que, apesar de alguns empreendedores turísticos, como o Resort Group e Paradise Beach, terem introduzido medidas de mitigação da luz - uso de filtros vermelhos ou redirecionamento das luzes -, o risco de desorientação dos filhotes exigiu a transferência do 73 por cento dos ninhos.
 
"Infelizmente, muitos dos ninhos deixados «in situ» foram comidos por cães, um problema que tem aumentado nos dois últimos anos", salientou Jacquie Cozens.
 
"Os ninhos transferidos para a incubadora, em que se reproduzem as condições naturais, tiveram uma média de êxito de eclosão de 75 por cento. Na natureza, apenas uma em 1.000 tartarugas chega à idade adulta. Garantir o maior número possível de tartarugas que, ao nascer, vai para o mar é fundamental", acrescentou.
 
A SOS Tartarugas realçou que a distribuição dos ninhos em redor da ilha continuou a mostrar o mesmo padrão dos anos anteriores, sendo a costa oeste a "menos preferida" pelas tartarugas, devido ao efeito da grave perturbação causada pelo desenvolvimento do turismo.
 
Outro motivo de preocupação nesta temporada foi o grande número de turistas que, de noite, foram levados para as praias por "guias sem formação adequada", o que forçou o abandono do ninho por muitas tartarugas.
 
Jacquie Cozens alertou tratar-se de uma situação "extremamente preocupante", porque as luzes brilhantes e locais de construção, combinadas com a perturbação de muitas pessoas nas praias, pode significar que as tartarugas estejam relutantes em sair do mar.
 
"As tartarugas precisam de praias escuras e silenciosas e, este ano, quando havia muitas pessoas ou devido ao uso do «flash» das câmaras, vimos com frequência como elas voltaram ao mar sem colocar os ovos", concluiu Jacquie Cozens.
 
Ainda não há dados sobre as restantes ilhas em que a organização está envolvida na preservação dos habitats naturais das tartarugas - Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Boavista, Maio, Santiago e Fogo. A Brava é a única que não é abrangida.
 

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