Deutsche Welle
Bayer afirma que as
"declarações e números" sobre os custos de pesquisa do Nexavar estão
errados. Boehringer Ingelheim diz estar convencida do "perfil de segurança
e eficácia" da família de produtos Buscopan.
Consultadas pela DW
Brasil, as empresas farmacêuticas alemãs Bayer HealthCare e Boehringer
Ingelheim contestaram as acusações apresentadas no estudo Às custas dos pobres,
realizado pela ONG alemã Bundeskoordination Internationalismus (Buko, na sigla
em alemão). No estudo, os preços, a qualidade de remédios e publicidade de
empresas farmacêuticas no Brasil foram questionados.
A Bayer rejeitou
com veemência as acusações feitas pela Buko. "O estudo publicado descreve
nossas atividades de forma incompleta e negiglencia informações por nós
previamente disponibilizadas e tornadas públicas, como por exemplo nosso
engajamento na área da doença de Chagas", respondeu a empresa.
A Bayer disse ainda
que vai se reunir no início de dezembro com representantes da Buko para debater
o conteúdo e a metodologia do estudo.
Outra farmacêutica
alemã, a Boehringer Ingelheim, respondeu que comercializa apenas medicamentos
com resultados positivos na avaliação benefício-risco, ou seja, "na qual o
benefício se sobrepõe aos possíveis riscos à saúde." A empresa disse ainda
que a decisão de liberar um produto no mercado cabe apenas às autoridades de
saúde nacionais.
A Boehringer
Ingelheim disse ainda que mantém um "diálogo crítico" constante
também com a Buko e disponibiliza informações sobre os produtos por ela oferecidos
em países em desenvolvimento.
Posição da Bayer
HealthCare
No relatório, a
Bayer HealthCare foi criticada por vender caro o medicamento Nexavar, muito
importante no tratamento do câncer de fígado e que custa no Brasil – por mês
para cada paciente – cerca de 7.300 reais, afirma o estudo.
Outra crítica foi a
"mistura absurda de vitaminas" – considerada problemática por
especialistas, uma vez que a reação do corpo à ingestão concomitante de tantos
princípios ativos seria imprevisível – no composto Supradyn Pré-Natal.
A Bayer disse que
as "declarações e números" sobre os custos de pesquisa do Nexavar
apresentados no estudo estão errados. A empresa afirmou ainda que o
desenvolvimento de um novo medicamento é um processo longo, complexo, arriscado
e com custos que podem ultrapassar 1 bilhão de euros. "Além disso, os
preços de medicamentos são negociados com as autoridades locais e estão
sujeitos a diferentes margens de lucro, impostos e outros fatores."
Sobre a segurança
dos seus medicamentos, a empresa afirmou que "todos os estudos clínicos
[para a liberação de medicamentos] se submetem a rigorosos princípios éticos e
científicos internacionais e preenchem, sem exceção, as exigências das
autoridades locais de saúde", acrescentando que a liberação de novos medicamentos
só ocorre após testes de eficácia e segurança por autoridades locais e
internacionais.
Além disso, "a
Bayer se comprometeu com o marketing responsável, segundo padrões
internacionais, especificados por códigos de conduta e preceitos externos. Todas
as atividades de marketing ocorrem, em todo o mundo, em estrita concordância
com as leis e normas nacionais".
Posição da
Boehringer Ingelheim
A Boehringer
Ingelheim foi criticada por comercializar no Brasil o Buscopan Composto,
proibido em outros países por conter a substância ativa metamizol. O estudo
afirma que a substância pode desencadear diversas reações adversas no corpo,
além de provocar uma redução drástica de glóbulos brancos, importantes para o
sistema imunológico.
A empresa respondeu
que está convencida do "perfil de segurança e eficácia" da família de
produtos Buscopan. Segundo ela, o medicamento é aprovado em mais de 20 países,
incluindo Bélgica, Espanha, Argentina e Brasil.
A Boehringer
Ingelheim afirmou ainda que a relação benefício-risco é analisada e avaliada de
forma contínua pela empresa e pelas autoridades de autorização e de controle,
com base em todas as informações disponíveis. "Assim asseguramos que
nossos medicamentos são eficazes e seguros."
De acordo com a
empresa, na Alemanha os dois princípios ativos do Buscopan Composto – metamizol
e brometo de n-butilescopolamina – estão disponíveis no mercado isoladamente e
podem ser combinados de forma livre.
A empresa disse
ainda que havia uma campanha publicitária para a família de produtos Buscopan
no Brasil, mas que esta foi exibida pela última vez em setembro de 2012.
Autores: Fernando
Caulyt / Christina Weise - Revisão: Francis França / Alexandre Schossler
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