Aliança militar
declara que uso de armas químicas na Síria poderá gerar retaliações por parte
da comunidade internacional. Rasmussen assegura apoio militar à Turquia em caso
de conflito com o país vizinho.
Os ministros do
Exterior dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan)
aprovaram nesta terça-feira (04/12) a transferência de mísseis Patriot para
solo turco. Caso o regime de Damasco começe a usar armas químicas contra a
oposição, a reação da comunidade internacional "será imediata",
declarou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
"Sabemos que a
Síria possui mísseis. Sabemos que o país tem armas químicas. E é claro que isso
tem que fazer parte de nossas considerações", afirmou Rasmussen. "É
essa também a razão da urgência em assegurar uma defesa eficaz e a proteção da
Turquia, país-membro de nossa aliança", finalizou o secretário-geral.
Uso inaceitável
O governo
norte-americano também manifestou suas preocupações sobre os atos de Assad. O
presidente Barack Obama declarou na segunda-feira, durante um simpósio contra a
disseminação de armas de destruição em massa, que "o uso de armas químicas
é absolutamente inaceitável". Segundo ele, o mundo está com os olhos
voltados para a Síria. "Se o país cometer o grave erro de usar essas
armas, isso terá consequências, e o regime terá que ser responsabilizado",
disse o presidente.
O ministro alemão
do Exterior, Guido Westerwelle, alertou os apoiadores do presidente sírio
Bashar al-Assad, afirmando que o uso de armas químicas por Damasco será
"levado muito a sério". Segundo o ministro, quem usa armas químicas
contra a população de seu próprio país ultrapassa os limites tolerados e terá
que responder por seus atos perante a comunidade internacional. O envio dos
mísseis Patriot para a fronteira entre a Turquia e a Síria são, neste sentido,
nas palavras do ministro, "um sinal claro de que o regime de Assad deverá
cessar a violência e os ataques ao território turco".
Mísseis alemães,
holandeses e norte-americanos
Desde o início de
outubro, quando cinco pessoas foram mortas pelas forças sírias na fronteira
entre os dois países, o conflito armado na região se perpetua. Rasmussen conta
com o envio de mísseis Patriot do tipo PAC-3 da Alemanha, Holanda e EUA. Ele
afirma não acreditar que haverá resistências políticas desses três países,
cujos mísseis só poderão ser usados após aprovação pelos respectivos
parlamentos.
Tão logo houver tal
aprovação dos três Estados, os mísseis poderão ser deslocados "em
semanas" para a fronteira turco-síria, acrescentou Rasmussen. Não se sabe
ao certo onde os tais mísseis ficarão estacionados na Turquia. Segundo o jornal
turco Hürriyet, Ancara havia pedido originalmente a presença do sistema de
mísseis Patriot em dez províncias do país. O pedido teria sido negado pela
Otan, sob o argumento de que o perigo vindo da Síria seria de fato menor do que
o propagado pelo governo turco.
O ministro alemão
anunciou que o envio dos mísseis deverá ser delibardo por Berlim ainda
"esta semana" e acrescentou esperar "amplo apoio
parlamentar" na aprovação pelo Bundestag. A ideia é transferir um ou dois
mísseis Patriot para a Turquia. Os mísseis podem combater aviões, explosivos e
foguetes de média distância, mas não são adequados para o combate de armas de
pequeno porte, como morteiros.
Envolvimento de
Moscou
Os ministros do
Exterior dos países da Otan tentam, apesar da diferença de postura frente a
Damasco, uma aproximação com o governo russo na tentativa de cessar a violência
na Síria. Westerwelle lembrou que, apesar das divergências, a Rússia continua
sendo um parceiro estratégico importante em questões relacionadas ao desarmamento
e ao programa nuclear iraniano. Ele recomenda, por isso, que "as
irritações" com determinadas posturas russas não se sobreponham à
necessidade de boas parcerias.
Rasmussen deu
também sinais ao governo russo – até agora protetor do regime Assad – para que
este se empenhe contra uma escalada da violência na região. Para evitar
resistência do governo russo, o secretário-geral da Otan salientou que os
mísseis Patriot servirão única e exclusivamente para metas de defesa, a fim de
proteger a população turca de ataques sírios. Rasmussem deixou tais propósitos
claros ao minsitro russo do Exterior, Serguei Lavrov.
Batalha em Damasco
No momento, os
rebeldes informam estar preparando uma "batalha em torno de Damasco".
Abu al-Fadel, comandante da frente radical-islâmica Al Nusra, afirmou que
combatentes de toda a Síria encontram-se a caminho da capital. A mídia próxima
ao regime noticiou que as tropas do governo mataram "dezenas de terroristas"
nos arredores de Damasco.
Segundo
observadores sírios dos direitos humanos em Londres, um jornalista que escrevia
para um jornal estatal foi executado pelos rebeldes quando estava a caminho do
trabalho em Damasco. As
notícias veiculadas sobre a Síria são de difícil confirmação em função do
bloqueio a órgãos de imprensa independentes por parte do regime. Desde março de
2011, estima-se que mais de 40 mil pessoas tenham morrido no país em
consequência dos conflitos.
SV/ dpa,afp,dapd - Revisão:
Francis França
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