António Veríssimo, com Ana Loro Metan – com vídeos
Timor-Leste, 7 de
dezembro de 1975, a invasão pelas tropas indonésias. Até à presente data
passaram 37 anos. Aconteceram há poucos dias as comemorações correspondentes
para memória futura. Que se saiba, em Portugal, a data passou sem referências
relevantes, diríamos mesmo que passou sem que nada fosse referido, que saibamos. Propositadamente optámos por também não o referir
e assim preparar para o dia de hoje a divulgação da efeméride do silêncio.
Admitimos que estivéssemos enganados, procurámos… Nada.
Ao longo da
existência da Fábrica dos Blogues, do Timor Lorosae Nação, e depois do Página
Global, não deixámos passar um ano sem que não recordássemos a invasão de
Timor-Leste pela Indonésia de Shuarto com a cumplicidade dos Estados Unidos da
América, da Inglaterra e da Austrália – os países mais relevantes no massacre
de timorenses. A preponderância de um verdadeiro criminoso de guerra
norte-americano, Henry Kissinger, então secretário de estado dos EUA, com o
aval do seu presidente Gerald Ford, foram os cúmplices, quase mentores, da invasão e
consequente genocidio que vitimou cerca de 300 mil timorenses ao longo de quase
um quarto de século. Portugal, pequeno país, pouco mais podia que contestar o
ocorrido nas instâncias internacionais, na ONU. Coube aos timorenses a
libertação do seu território, do seu país. Foi preponderante o valor guerreiro
e patriótico da resistência, as Falintil, um exército irregular composto pelo
povo. Milhares tombaram para sempre, uns referenciados pelas suas ações, outros
incognitamente. Todos eles foram os heróis que deverão ser sempre homenageados
e recordados com vemência por todos os séculos ou milénios futuros da nação
timorense.
Quase na
atualidade, em 2010, uma timorense que viveu a invasão, que deu à Pátria muitos
dos seus entes queridos, que sofreu agruras e torturas infligidas pelos
invasores – e que faleceu há alguns meses com o regozijo de ter visto a sua
Pátria independente - que fez parte da equipa da Fábrica dos Blogues escrevia
acerca da efeméride:
Invasão de Timor:
NÃO ESQUEÇAMOS AS VÍTIMAS NEM OS TRAIDORES!
Ana Loro Metan – Timor
Lorosae Nação, em 07.12.10 - reposição
PASSADO DOLOROSO DE UM POVO, PRESENTE VERGONHOSO DOS LÍDERES
Em Timor Leste
o dia está prestes a terminar. Há 35 anos, a 7 de dezembro de 1975, por esta
hora já havia milhares de cadáveres pelo país. Cadáveres de timorenses. Filhos
da Pátria que procuraram resistir à ocupação indonésia. Outros, filhos da
Pátria, que sem esboçarem a mínima resistência foram igualmente assassinados.
As ruas de Dili estavam pejadas de cadáveres remetidos ao silêncio pelo ocupante assassino indonésio. Timor inteiro ficou em silêncio, nem as dores de sofrimento dos imensos feridos – muitos deles que viriam a sucumbir nos dias imediatamente a seguir a terem sido vítimas dos indonésios. Nada se ouvia, nem as dores, nem o medo, nem a fome, nem os choros. O silêncio só era interrompido pelas viaturas dos ocupantes, pelos estrondos das suas armas, dos seus passos, das suas vozes em perseguição do extermínio de todos nós. Logo nas quatro primeiras semanas mais de 10 mil timorenses pereceram às mãos das sanguinárias forças armadas indonésias. E hoje o que se recorda?
Na comemoração da efeméride nada se recorda sobre a verdadeira realidade dos acontecimentos. Os assassinos, militares ou civis indonésios ao serviço da secreta, continuam a gozar da impunidade que o mundo e os dirigentes timorenses consideram merecer. Actualmente todos comem à mesma mesa, riem das mesmas graças, trocam cheques dos mesmos bancos, cumprimentam-se e abraçam-se sobre terrenos onde estão os ossos das vítimas misturadas nas valas comuns. Muitas dessas vítimas donos de corpos jovens, também velhos ou crianças, alguns enterrados vivos. Talvez por isso Ramos Horta, Xanana Gusmão e muitos outros, tenham vergonha de comemorar como devem a efeméride. Conscientes dos seus conluios e das suas traições.
Timorense que se respeite e se preze jamais esquecerá as quase 300 mil vítimas dos cerca de 25 anos de ocupação e de assassinatos impunes. Impunes por vontade de Ramos Horta e de muitos outros traidores que se alaparam nos poderes da Nação timorense distribuindo fome e miséria ao povo que acreditou neles sem que o devesse fazer. Beneficiando imerecidamente de boa vida sobre os cadáveres dos nossos familiares, dos seus próprios familiares.
Resta-nos jamais esquecer as vítimas… Nem os traidores. (fim ALM)
PASSADO DOLOROSO DE UM POVO, PRESENTE VERGONHOSO DOS LÍDERES
As ruas de Dili estavam pejadas de cadáveres remetidos ao silêncio pelo ocupante assassino indonésio. Timor inteiro ficou em silêncio, nem as dores de sofrimento dos imensos feridos – muitos deles que viriam a sucumbir nos dias imediatamente a seguir a terem sido vítimas dos indonésios. Nada se ouvia, nem as dores, nem o medo, nem a fome, nem os choros. O silêncio só era interrompido pelas viaturas dos ocupantes, pelos estrondos das suas armas, dos seus passos, das suas vozes em perseguição do extermínio de todos nós. Logo nas quatro primeiras semanas mais de 10 mil timorenses pereceram às mãos das sanguinárias forças armadas indonésias. E hoje o que se recorda?
Na comemoração da efeméride nada se recorda sobre a verdadeira realidade dos acontecimentos. Os assassinos, militares ou civis indonésios ao serviço da secreta, continuam a gozar da impunidade que o mundo e os dirigentes timorenses consideram merecer. Actualmente todos comem à mesma mesa, riem das mesmas graças, trocam cheques dos mesmos bancos, cumprimentam-se e abraçam-se sobre terrenos onde estão os ossos das vítimas misturadas nas valas comuns. Muitas dessas vítimas donos de corpos jovens, também velhos ou crianças, alguns enterrados vivos. Talvez por isso Ramos Horta, Xanana Gusmão e muitos outros, tenham vergonha de comemorar como devem a efeméride. Conscientes dos seus conluios e das suas traições.
Timorense que se respeite e se preze jamais esquecerá as quase 300 mil vítimas dos cerca de 25 anos de ocupação e de assassinatos impunes. Impunes por vontade de Ramos Horta e de muitos outros traidores que se alaparam nos poderes da Nação timorense distribuindo fome e miséria ao povo que acreditou neles sem que o devesse fazer. Beneficiando imerecidamente de boa vida sobre os cadáveres dos nossos familiares, dos seus próprios familiares.
Resta-nos jamais esquecer as vítimas… Nem os traidores. (fim ALM)
Contrariamente ao
silêncio que aconteceu em Portugal (pelo que conhecemos), em Timor-Leste não
esquecem a efeméride. Também era o faltava. Se assim fosse seria a cereja sobre
o bolo intragável da traição. O grupo cultural Arte Moris abriu as portas do
seu auditório para a exposição sobre o dia da invasão indonésia a Timor-Leste.
Outras iniciativas e homenagens marcaram a data pelo país do sol nascente. Em
Portugal, em português, que saibamos, quase nada ou nada foi referenciado. Para
a maioria dos situacionistas Timor-Leste é livre, independente e os timorenses
vivem em
democracia. Infelizmente não é esta a verdade que podemos constatar
no terreno, no país. Abundam as carências alimentares, há enormes carências de
cuidados de saúde, escolares, de emprego, de habitação, de redes viárias, etc.,
etc. A sobrevivência e a dignidade de centenas de milhares de timorenses está a
ser aviltada.
Poder-se-ia dizer
que o facto de Timor-Leste estar votado a país do terceiro mundo se deve ao
facto de ter só 10 anos de existência enquanto nação independente e que os
indonésios e as matilhas de celerados assassinos das milícias timorenses ao seu
serviço destruíram literalmente o país e suas infraestruturas em 1999 após o
referendo ter sido fortemente favoravel à independência. Em parte é verdade. Só
em parte. A
responsabilidade do restante sobre a miséria e as injustiças sociais que
impendem sobre quase 90 por cento dos cidadãos timorenses cabe a uma boa
percentagem de lideres ditos históricos e lideres da atualidade que mais não
são que traidores dos propósitos daqueles que deram as vidas pela libertação do
povo e do país. Assim como a certos vícios de seitas prevalecentes na ONU e que
para muitos se comparam a máfias mundiais que servem interesses adversos aos
povos a quem as missões deviam servir a cem por cento.
A realidade
timorense está anexa a obscuros enriquecimentos, corrupção e roubos, que se têm
multiplicado durante o primado ministerial de Xanana Gusmão. Não se podendo
afirmar que Ramos Horta cumpriu contra isso a sua missão enquanto presidente da
República. E tudo ocorre de modo impune, à moda de Timor-Leste, com a
conivência e o silêncio de muitos outros estrangeiros e da ONU. Os milhões
provindos do petróleo e do gás correm céleres para as contas encapotadas de uma
elite sorridente e putrefacta que está a condenar a vasta maioria dos
timorenses à miséria, à fome, à subserviência e à sobrevivência por qualquer
preço menos digno. Condena mulheres, jovens e crianças à prostituição. Existe
um rácio elevado de pedofilia de que nem se fala, nem se aborda. Há anos que
impendem acusações disso mesmo contra o bispo Ximenes Belo, por exemplo – de que
a atual Procuradora Geral da República tem conhecimento – mas tudo é relegado
ao ostracismo, à ineficácia, ao silêncio puro, duro, indigno e intolerável.
Este é o
Timor-Leste do presente, dominado por uns quantos que traem a memória dos
heróis do passado que pereceram, dos heróis do passado que ainda existem, das
crianças e dos jovens de agora, dos velhos, das mulheres e homens que na
impossibilidade de se alimentarem da independência passam fome, muitas
carências e fazem escolhas no lixo em busca de alimentos que outros tenham
desprezado. De restos alimentares que ingerem aplacando a fome. Eis o
Timor-Leste de hoje, em pleno reinado de uma estirpe de traidores encimados por
Xanana Gusmão com a impossibilidade e silêncio de um presidente da República há pouco tempo
eleito, Taur Matan Ruak - herói da libertação - mas que tem curta margem de
manobra constitucional para fazer frente ao todo poderoso status da mafia
instalada. O que não significa que também ele esteja a constituir uma grande
desilusão. O costume, nos que se instalam nos poderes.
Foi o povo
timorense, os eleitores, que ainda há pouco tempo reelegeram Xanana Gusmão e o
seu partido (CNRT) para continuar com a devassa. A exemplo de muitos povos a
certeza que fica é de que neles é genético as tendências para o masoquismo,
para o sofrimento que promete o céu no além – segundo o dito pelas religiões a
operar no terreno, com destaque para a igreja católica que se arroga de ter
mais de 90 por cento de crentes entre a população timorense. Que tem o
histórico domínio daquele povo, isso é verdade. Com uns e outros a dominar
concluiu-se que existe um caldo de cultura para dominar a maioria dos
timorenses tornando-os mansos apesar da fome e das injustiças quotidianas. Algo muito mais eficaz do que o obtido pelos
invasores indonésios de que se libertaram, teórica e aparentemente… Seguro existir são os roubos e a miséria atual.
Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades. Sejamos optimistas. Um dia…
DEPOIS DE ESCRITO
Como poderão
constatar no comentário ao texto, considerando a informação correta, também em
Timor-Leste não se registaram eventos oficiais de iniciativa governamental
sobre a efeméride em questão.
De certo modo compreende-se que Xanana Gusmão e seu séquito
manifestem os cuidados constantes no comentário, de não querer ofender os indonésios.
A ser verdade, somando factos, Xanana só foi capturado pelo invasor indonésio
porque traiu os companheiros, porque negociaram nesse sentido a sua entrega, a sua rendição, o seu
arrependimento. Para além do mais foi permanente a constatação de bons tratos, mordomias e
prisão dourada em Cipinang… O que realmente aconteceu? Quem sabe? Alguma vez nos dados
históricos constará a verdade sobre o ocorrido?
Sabemos, no
entanto, que particularmente, por iniciativas avulsas da população, a efeméride
foi assinalada.
O relevo ao
comentário:
“A informação que
este blog deu está errada. Em TL o dia 7 não foi comemorado pelo gov. nem pela
PR. O dia foi completamente ignorado pelas autoridades timorenses. Houve uma
missa na igreja de motael mas nenhum membro do governo esteve presente.O dia 7
em TL foi completamente ignorado porque os governantes têm medo de ofender os
amigos indonésios e protegerem ascontas bancárias que lá têm.”
Referências de
interesse:
1 comentário:
A informação que este blog deu está errada. Em TL o dia 7 não foi comemorado pelo gov. nem pela PR. O dia foi completamente ignorado pelas autoridades timorenses. Houve uma missa na igreja de motael mas nenhum membro do governo esteve presente.O dia 7 em TL foi completamente ignorado porque os governantes têm medo de ofender os amigos indonésios e protegerem ascontas bancárias que lá têm.
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