Económico – Lusa, com foto
A coordenadora do
Bloco de Esquerda (BE) Catarina Martins afirmou hoje que se Cavaco Silva não
for "o garante da Constituição", enviando para fiscalização
preventiva o Orçamento do Estado para 2013, "então não pode ser Presidente
da República".
"Não esperamos
nada de Cavaco Silva, mas exigimos-lhe que seja Presidente da República. Porque
se ele não pode ser o garante da Constituição então não pode ser Presidente da
República. Exigimos que peça a fiscalização preventiva do Orçamento do Estado
(OE) porque um Orçamento inconstitucional é um golpe constitucional",
defendeu Catarina Martins numa sessão pública organizada pelo partido na Maia.
Para o BE, este
será o 2.º Orçamento do Estado consecutivo que vai "contra a
Constituição" e, se "uma vez é erro, outra vez é feitio". Por
isso, garante, se não for Cavaco Silva a enviar o documento para o Tribunal
Constitucional, já está assegurado - entre o BE, o PCP, Os Verdes e,
eventualmente, a bancada parlamentar do PS ou, pelo menos, alguns socialistas -
o número de deputados necessário para requerer a fiscalização preventiva do
orçamento.
Entre as alegadas
inconstitucionalidades do OE para 2013, que garantem ser
"impraticável", os bloquistas apontam a falta de "equidade e
progressividade fiscal" e o "ataque ao país e a quem trabalha".
"Vai provocar
mais recessão e o Estado vai recolher menos impostos e ter mais encargos com as
pessoas no desemprego", alertou Catarina Martins, salientando que "um
país que não produz não vai pagar dívida nenhuma", pelo que "a dívida
vai aumentar e o défice das contas públicas não fica controlado".
Alertando que
"o que o Governo impõe é a política da bancarrota", o BE garante que
o próprio executivo "já sabe que este Orçamento vai correr mal" e
que, "quando vierem os dados da execução orçamental do 1.º trimestre de
2013, o défice e a dívida estarão piores e o descalabro será total".
"Este
orçamento, na verdade, é uma brincadeira para durar uns dois meses. Depois,
quando vier a próxima avaliação da 'troika', em Fevereiro, o Governo apresentará
o próximo plano, que é cortar 4.000 milhões de euros nas funções do
Estado", antecipou.
Para o BE, este
será "um corte brutal no sustento de uma democracia - na saúde e na
educação - que são o sustento da igualdade".
Garantindo que
"o que está em causa é passar o dinheiro de um povo para as mãos de uns
poucos", Catarina Martins criticou ainda a política de privatizações e
acusou o Governo de estar "a defender os interesses das
multinacionais", que terão "a renda de um país obrigado a pagar-lhes
para ter tudo o que é essencial".
Reiterando a
necessidade de "derrotar e demitir este Governo", Catarina Martins
voltou a defender a criação de um "Governo de esquerda" para
"romper com o memorando da 'troika'" e "renegociar a dívida
directamente com os credores, um a um".
Outro "ponto
essencial" deste "Governo de esquerda" é o assegurar do
"controlo público do crédito", da "dignidade dos salários e
pensões" e de um "novo sistema fiscal justo, realmente equitativo e
progressivo".
Para os bloquistas,
"este Governo não tem nenhum projecto para o país e não vê, sequer, a luz
ao fundo do túnel", fazendo apenas de Portugal "um rato de
laboratório nas mãos de académicos".
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