Verdade (mz) - editorial
Nunca uma
organização juvenil foi tão atacada, tão vilipendiada e, ao mesmo tempo, tão
invejada como o Parlamento Juvenil (PJ). Isso é obra. Sociólogos, políticos da
posição e o seus simpatizantes lutam afincadamente para reduzir a importância
do PJ na esfera pública. Dizem, para justificarem a sua visão distorcida e
distanciada da realidade, que o PJ não justifica as contas e que vive da
fabricação e ampliação dos problemas do país para vender ao Ocidente. Ignoram,
propositadamente, que o PJ passou com distinção em várias auditorias. Ignoram
que justifica até ao último centavo todo o dinheiro que recebe dos doadores e
parceiros. Isso tudo é esquecido. Aliás, distorcido, desfocado e adulterado
para transformar o PJ numa cópia perfeita do Governo que lidera este país.
O PJ nunca escreveu
cartas para os dirigentes de topo de empresas públicas e privadas extorquindo
dinheiro através de ordens revestidas de “pedidos”. O PJ não vendeu autocarros
ao Estado para enriquecer certa família. O PJ não anda de helicópteros e nem de
carros topo de gama indiferente aos problemas dos cidadãos deste país. Muito
pelo contrário. O PJ anda pelo país. Discute os problemas dos jovens no
distrito e coloca o poder em
sentido. O PJ , através do seu trabalho, mostra aos jovens que
é preciso questionar e lutar pelos seus direitos. O PJ tira o sono aos donos do
país.
O PJ vai organizar
uma conferência africana sobre boa governação. Algo inédito no país. O PJ
distingue-se das outras organizações juvenis por essa sua faceta rebelde e inquieta.
Por essa sua vontade férrea de colocar o jovem no centro do debate político. O
PJ distingue-se, mais uma vez, dos outros pelo facto de questionar e tomar
posicionamentos públicos sobre a crise de transportes e todos comportamentos
desviantes das pessoas que dirigem o país.
Não é fácil estar
nessa posição, sobretudo quando a mesma é incómoda e toca nas feridas. Não é
fácil ser um alvo a abater e ser jovem num país onde as lideranças adoram
caixas de ressonância e uma juventude alienada e amorfa. Não é fácil pretender
libertar as mentes num país onde as pessoas que libertaram a terra pensam que
ela, a terra, é propriedade privada de uma gangue.
Ainda que o caminho
não seja fácil, os resultados são saborosos. O PJ pode não se sentar na mesma
mesa com o poder e ser apartado do seu convívio. Isso é, diga-se, um mal menor
para quem se banqueteia no abraço sincero daqueles que defendem a causa dos
oprimidos. O PJ, ainda que implicitamente, compreendeu algo que o Conselho
Nacional da Juventude e a OJM, que, como organizações juvenis, não percebem: o
abraço do diabo nunca é sincero, nunca significou amor e muito menos apreço. O
abraço do poder e as palmadinhas nas costas daqueles que repetem, quais discos
riscados, “somos a geração da viragem” nada mais é do que a tentativa de
estender eternamente o poder, adormecendo uma juventude que se deixou enlear
pelo canto do inimigo.
Felizmente nem tudo
está perdido e temos uma outra parte da juventude que não se deixa enganar. Que
prefere chapadas ásperas ao embalo para dormir de quem nunca quis uma juventude
inconformada...
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