Canalmoz
Maputo (Canalmoz) –
O número de denúncias em relação à violação de menores continua a subir de
forma alarmante no país, e coloca-se como uma das causas a deslocação de
crianças das localidades para vilas à procura de escolas secundárias do
primeiro e segundo ciclos, estando sujeitas a viver nas cabanas sem nenhuma
protecção.
De Janeiro até
Dezembro do ano em curso, a violação sexual, abandono de infante e maus-tratos
atingiram mais de 835 casos, sendo a província da Zambézia com maior número,
com cerca de 582 casos relacionados com maus-tratos de menores.
Falando
recentemente na Rede de Comunicadores Amigos da Criança, RECAC, o chefe de
repartição de atendimento da PRM, Delfino Raimundo, disse que é preciso alertar
sempre aos encarregados das crianças sobre a situação alarmante da sedução
sexual pelos adultos. Raimundo referiu que alguns empresários aproveitam dessa
falta de escolas secundárias no local e enganam encarregados dos menores,
alegadamente terem outras maneiras de ensinar, mas que no fim são exploradas
como trabalhadoras de sexo ou sequestro para outros fins. “É necessário
informar aos pais para não caírem no engano, pensando que sempre que aparece
alguém a se oferecer na formação de crianças pode ser oportunidade para as
traficar e obrigá-las a praticar o trabalho de sexo”, disse.
A fonte acrescentou
que existem muitas crianças inocentes na prostituição, porque estas não
percebem o que estão a fazer, e por sua vez os adultos seduzem crianças dessa
idade, uma vez sabendo que a remuneração depende da vontade deles.
Crianças perdidas e
achadas
No ano em curso,
ficaram perdidas cerca de 262 crianças, das quais 244 foram achadas. Refira-se
que de 2008 até o ano em curso, cerca de 4587 crianças e 11761 mulheres foram
vítimas de abusos sexuais. “As crianças que vivem em áreas rurais remotas são
mais vulneráveis a marginalização e em casos relacionados com abuso sexual”.
Legislação
negligencia leis de protecção da criança
De acordo com o
participante Berlaves Alexandre, barraquinhas são lugares mais vulneráveis
porque nesses lugares a comunidade não tem voz activa senão apenas reparar e
dizer “não é minha filha, então porque me preocupar. Até a própria Polícia não
sabe como resolver este assunto, é vergonhoso”.
RECAC pede mais
intervenção do Governo
A Rede de
Comunicadores Amigos da Criança, RECAC, pede o Governo para melhorar a
cobertura conforme as necessidades precisadas na protecção da criança em
Moçambique. Segundo uma fonte que falou em anonimato, o infantário de Xai-Xai é
um dos exemplos considerados de maus-tratos de crianças, mas, segundo disse, os
jornalistas locais têm medo de escrever sobre assuntos de violência porque não
têm acesso às fontes. “É muito fechado para a Imprensa, porque uma simples
informação os porta-vozes dizem não ter autorização. As leis não são conhecidas
pelo público, só quando aparece uma anormalidade”, disse. (Arcénia Nhacuahe)
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