quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Moçambique: Província da Zambézia regista maiores casos de violação de menores

 

Canalmoz
 
Maputo (Canalmoz) – O número de denúncias em relação à violação de menores continua a subir de forma alarmante no país, e coloca-se como uma das causas a deslocação de crianças das localidades para vilas à procura de escolas secundárias do primeiro e segundo ciclos, estando sujeitas a viver nas cabanas sem nenhuma protecção.
 
De Janeiro até Dezembro do ano em curso, a violação sexual, abandono de infante e maus-tratos atingiram mais de 835 casos, sendo a província da Zambézia com maior número, com cerca de 582 casos relacionados com maus-tratos de menores.
 
Falando recentemente na Rede de Comunicadores Amigos da Criança, RECAC, o chefe de repartição de atendimento da PRM, Delfino Raimundo, disse que é preciso alertar sempre aos encarregados das crianças sobre a situação alarmante da sedução sexual pelos adultos. Raimundo referiu que alguns empresários aproveitam dessa falta de escolas secundárias no local e enganam encarregados dos menores, alegadamente terem outras maneiras de ensinar, mas que no fim são exploradas como trabalhadoras de sexo ou sequestro para outros fins. “É necessário informar aos pais para não caírem no engano, pensando que sempre que aparece alguém a se oferecer na formação de crianças pode ser oportunidade para as traficar e obrigá-las a praticar o trabalho de sexo”, disse.
 
A fonte acrescentou que existem muitas crianças inocentes na prostituição, porque estas não percebem o que estão a fazer, e por sua vez os adultos seduzem crianças dessa idade, uma vez sabendo que a remuneração depende da vontade deles.
 
Crianças perdidas e achadas
 
No ano em curso, ficaram perdidas cerca de 262 crianças, das quais 244 foram achadas. Refira-se que de 2008 até o ano em curso, cerca de 4587 crianças e 11761 mulheres foram vítimas de abusos sexuais. “As crianças que vivem em áreas rurais remotas são mais vulneráveis a marginalização e em casos relacionados com abuso sexual”.
 
Legislação negligencia leis de protecção da criança
 
De acordo com o participante Berlaves Alexandre, barraquinhas são lugares mais vulneráveis porque nesses lugares a comunidade não tem voz activa senão apenas reparar e dizer “não é minha filha, então porque me preocupar. Até a própria Polícia não sabe como resolver este assunto, é vergonhoso”.
 
RECAC pede mais intervenção do Governo
 
A Rede de Comunicadores Amigos da Criança, RECAC, pede o Governo para melhorar a cobertura conforme as necessidades precisadas na protecção da criança em Moçambique. Segundo uma fonte que falou em anonimato, o infantário de Xai-Xai é um dos exemplos considerados de maus-tratos de crianças, mas, segundo disse, os jornalistas locais têm medo de escrever sobre assuntos de violência porque não têm acesso às fontes. “É muito fechado para a Imprensa, porque uma simples informação os porta-vozes dizem não ter autorização. As leis não são conhecidas pelo público, só quando aparece uma anormalidade”, disse. (Arcénia Nhacuahe)
 

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