Diário de Notícias
- Lusa, publicado por Luís Manuel Cabral
A CGTP considerou
hoje "inaceitável" a proposta do Governo de redução do pagamento das
indemnizações por despedimento dos atuais 20 para 12 dias por ano de trabalho,
o que pode representar perdas para os trabalhadores na ordem dos 60%.
"Isto pode
levar a que os trabalhadores tenham reduções no valor do pagamento das
indemnizações na ordem dos 30%, 40% e em alguns casos até de 60%. Isto não vai
dinamizar a economia. Um trabalhador que receba uma indemnização tem que fazer
os respetivos descontos para a Segurança Social e pagar os respetivos impostos
ao Estado. Quanto menos receber, menos paga", criticou o secretário-geral
da intersindical CGTP, Arménio Carlos, em declarações à Lusa.
"Isto vai ter
implicações sobre as receitas fiscais e sobre a Segurança Social, que vai ter
menos dinheiro", acrescentou.
Para o líder da
CGTP, esta proposta é "inaceitável e digna do século XVIII ou XIX"
porque promove a recessão e a precariedade em vez de promover o crescimento
económico, e porque assenta numa lógica de "transferência direta dos
rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital", sem que isso se
traduza em mais investimento.
"Isto não tem
nada a ver com a competitividade do país, tem a ver com uma visão neoliberal de
acentuação das desigualdades do país, que corresponderá a mais pobreza e
exclusão social. É contra isso que nós estamos e não deixaremos de o dizer
quando a proposta for apresentada formalmente", afirmou Arménio Carlos,
que acusou o Governo de se ter transformado no "coveiro da economia".
A CGTP entende que
esta proposta está associada a uma linha de intervenção do Governo "que
visa reduzir os salários", lembrando a este propósito a redução do valor
do pagamento das horas extraordinárias e o aumento dos impostos "com
consequências no rendimento das famílias".
O secretário-geral
da CGTP acusou ainda o executivo de Pedro Passos Coelho de preparar uma
"proposta fraudulenta", ao procurar dar a ideia de que as empresas em
Portugal pagam indemnizações em valores superiores aos da média europeia, o
que, diz, "não é verdade".
"A CGTP já
demonstrou que o cálculo para as indemnizações é feito sobre o salário base e
as diuturnidades. Noutros países o cálculo é feito com base na retribuição, em
que entram todas as matérias pecuniárias. Nós já desafiámos o Governo. Se quer
modular o pagamento das indemnizações em Portugal pela média europeia, então
que faça a média com base no pagamento em euros. Vai confirmar que as indemnizações que se
pagam em Portugal são as mais baixas que se pagam em toda a zona euro",
referiu.
O ministério da
Economia confirmou à Lusa que vai apresentar aos parceiros sociais a proposta
de reduzir o número de dias de indemnização por despedimento para 12 por ano,
lembrando que o Governo já tinha falado em fazer convergir a medida com o que
se pratica na Europa, passando para os 8 a 12 dias.
A meta indicativa é
agora de 12 dias/ano, disse fonte oficial do ministério de Álvaro Santos
Pereira, sublinhando que "a medida tem de ser acertada com os parceiros
sociais" e que "os direitos adquiridos das pessoas estão
garantidos".
O Diário Económico
avançou, na edição de hoje, que a descida da indemnização por despedimento para
12 dias/ano é uma exigência da troika e tem como objetivo alinhar com a média
europeia, citando um documento interno do Governo relativo à sexta avaliação da
troika.
*Fotografia ©
Gustavo Bom - Global Imagens
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