segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Portugal: Dívida à troika não pode pôr em causa necessidades básicas, diz Cáritas

 

Jornal i - Lusa
 
O presidente da Cáritas alertou hoje que o pagamento da dívida à troika não pode pôr em causa a satisfação das necessidades básicas da população e defendeu o alargamento temporal do memorando de entendimento.
 
No entender de Eugénio Fonseca, o pagamento da dívida contraída junto da troika é algo que deve fazer com todos os portugueses façam “os esforços necessários para atingir esse objetivo”, mas que “não pode levar a pôr em causa a satisfação de necessidades tão fundamentais como estão a ser neste momento”.
 
“Parece que o único desígnio que está a acontecer em Portugal é a superação da dívida e está a deixar-se pessoas em situação calamitosa em termos sociais e económicos e portanto venho a defender que é necessário lutarmos pelo alargamento do memorando porque as metas são altamente ambiciosas para a realidade económica deste país, mesmo antes da crise”, defendeu o presidente da Cáritas.
 
Eugénio Fonseca falava aos jornalistas no final da cerimónia de entrega do prémio Direitos Humanos pela Assembleia da República, onde Eugénio Fonseca aproveitou para desafiar as entidades privadas e públicas para que congreguem esforços no combate à pobreza.
 
Durante o seu discurso, Eugénio Fonseca deixou a mensagem de que não se deve desistir diante de situações aparentemente impossíveis de resolver, mas antes “continuar a protestar e a dar voz aos pobres”.
 
“Todas as entidades públicas e privadas, envolvidas na erradicação da pobreza e da exclusão, congreguem esforços, a partir da base local até aos órgãos de soberania. Mediante esta cooperação, teremos sempre presentes as situações de pobreza e exclusão transmitidas diretamente por quem as vive”, disse Eugénio Fonseca, perante todos os presentes na cerimónia, que decorreu no salão Nobre da Assembleia da República.
 
No entender do presidente da Cáritas, só esta cooperação não será suficiente para erradicar a pobreza a curto prazo, mas será possível criar um dinamismo “altamente participado que tenda para ela”.
 
Receber o prémio, em Dia Nacional dos Direitos Humanos e quando passam 64 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, foi para o responsável da Cáritas a confirmação de que a Assembleia da República está atenta ao que se passa no país e a afirmação de que “o Parlamento também vive as mesmas preocupações e sente os mesmos problemas que a Cáritas sente”.
 
No entender da presidente da Assembleia da República, não há instituição mais adequada do que o Parlamento para “celebrar e incentivar a promoção dos Direitos Humanos” e admitiu que a cerimónia de hoje, tendo em conta o contexto socioeconómico atual, assumiu “um significado mais amplo”.
 
“O Parlamento já é uma instituição de intervenção, mas em tempo difíceis, uma cerimónia de direitos humanos no Parlamento é também ela mesma um grito de guerra porque é um grito de mobilização das pessoas no sentido da sua ação e da sua corresponsabilidade e assumindo também que isso não elimina a perspetiva de responsabilidade das instituições”, defendeu Assunção Esteves, em declarações aos jornalistas.
 
Na cerimónia, para além do prémio entregue à Cáritas, foram também entregues a medalha do cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos a Isabel Fernandes, pelo trabalho voluntário em Moçambique, e Miguel Neiva, pelo sistema de identificação de cores para daltónicos.
 

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