Jornal i - Lusa
O presidente da
Cáritas alertou hoje que o pagamento da dívida à troika não pode pôr em causa a
satisfação das necessidades básicas da população e defendeu o alargamento
temporal do memorando de entendimento.
No entender de
Eugénio Fonseca, o pagamento da dívida contraída junto da troika é algo que
deve fazer com todos os portugueses façam “os esforços necessários para atingir
esse objetivo”, mas que “não pode levar a pôr em causa a satisfação de
necessidades tão fundamentais como estão a ser neste momento”.
“Parece que o único
desígnio que está a acontecer em Portugal é a superação da dívida e está a
deixar-se pessoas em situação calamitosa em termos sociais e económicos e
portanto venho a defender que é necessário lutarmos pelo alargamento do memorando
porque as metas são altamente ambiciosas para a realidade económica deste país,
mesmo antes da crise”, defendeu o presidente da Cáritas.
Eugénio Fonseca
falava aos jornalistas no final da cerimónia de entrega do prémio Direitos
Humanos pela Assembleia da República, onde Eugénio Fonseca aproveitou para
desafiar as entidades privadas e públicas para que congreguem esforços no
combate à pobreza.
Durante o seu
discurso, Eugénio Fonseca deixou a mensagem de que não se deve desistir diante
de situações aparentemente impossíveis de resolver, mas antes “continuar a
protestar e a dar voz aos pobres”.
“Todas as entidades
públicas e privadas, envolvidas na erradicação da pobreza e da exclusão,
congreguem esforços, a partir da base local até aos órgãos de soberania.
Mediante esta cooperação, teremos sempre presentes as situações de pobreza e
exclusão transmitidas diretamente por quem as vive”, disse Eugénio Fonseca,
perante todos os presentes na cerimónia, que decorreu no salão Nobre da
Assembleia da República.
No entender do
presidente da Cáritas, só esta cooperação não será suficiente para erradicar a
pobreza a curto prazo, mas será possível criar um dinamismo “altamente
participado que tenda para ela”.
Receber o prémio, em Dia Nacional dos
Direitos Humanos e quando passam 64 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, foi para o responsável da Cáritas a confirmação de que a Assembleia da
República está atenta ao que se passa no país e a afirmação de que “o
Parlamento também vive as mesmas preocupações e sente os mesmos problemas que a
Cáritas sente”.
No entender da
presidente da Assembleia da República, não há instituição mais adequada do que
o Parlamento para “celebrar e incentivar a promoção dos Direitos Humanos” e
admitiu que a cerimónia de hoje, tendo em conta o contexto socioeconómico
atual, assumiu “um significado mais amplo”.
“O Parlamento já é
uma instituição de intervenção, mas em tempo difíceis, uma cerimónia de
direitos humanos no Parlamento é também ela mesma um grito de guerra porque é
um grito de mobilização das pessoas no sentido da sua ação e da sua
corresponsabilidade e assumindo também que isso não elimina a perspetiva de
responsabilidade das instituições”, defendeu Assunção Esteves, em declarações
aos jornalistas.
Na cerimónia, para
além do prémio entregue à Cáritas, foram também entregues a medalha do
cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos a Isabel Fernandes,
pelo trabalho voluntário em Moçambique, e Miguel Neiva, pelo sistema de
identificação de cores para daltónicos.
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