Patrícia Viegas – Diário de Notícias
Depois do meio-dia,
Martin Schulz, Durão Barroso e Herman van Rompuy, presidentes do Parlamento
Europeu, Comissão Europeia e Conselho Europeu, recebem o Prémio Nobel da Paz
2012 em nome da União Europeia. A cerimónia de entrega do galardão acontece num
dia de grande agitação nos mercados por causa do anúncio de demissão do
primeiro-ministro italiano Mario Monti e uma altura em que a UE está dividida,
tanto pela crise, como pela decisão de alguns líderes europeus em não comparecerem
em Oslo para a entrega do Nobel.
Schulz será quem
vai receber a medalha em nome da UE, enquanto Barroso e Rompuy prepararam
discursos para fazer durante a cerimónia que será transmitida em direto no site
do comité Nobel. Os três representantes das principais instituições europeias
negam que tenha havido qualquer disputa entre si por causa do protagonismo que
a cerimónia de hoje oferece, admitindo apenas "um debate entre as três
instituições", segundo fontes hoje citadas pelo site do jornal espanhol
'El Mundo'.
A atribuição do
Nobel da Paz à UE tem sido alvo de críticas, até mesmo por anteriores
galardoados com esta distinção criada por Alfred Nobel. Na entrega do prémio
estarão não só Schulz, Barroso e Rompuy mas também vários dos líderes da UE,
como François Hollande, Angela Merkel ou Passos Coelho, Presidente francês,
chanceler alemã e primeiro-ministro português, respetivamente, mas há também
registo de algumas ausências, e não é por motivos de agenda.
A TF1 adiantava
esta manhã que são seis os líderes da UE ausentes, em 27, sendo que dois dos
que fizeram questão de confirmar publicamente a sua ausência foram os
primeiro-ministros do Reino Unido David Cameron e o Presidente da República
Checa Vaclav Klaus, conhecidos pelo seu euroceticismo e por terem também ficado
de fora do chamado pacto orçamental.
Este visa criar
novas regras de controlo orçamental dos países, numa altura em que a UE está
dividida, entre Norte e Sul, por causa da crise. Além da Grécia, Irlanda ou
Portugal, países sob resgate, da Espanha, país que assegurou um resgate apenas
para o seu setor bancário, os mercados e a UE estão hoje mais preocupados com a
tempestade política em
Itália. Isto porque Mario Monti, ex-comissário europeu,
tecnocrata que é primeiro-ministro de Itália, anunciou que tenciona demitir-se
após a aprovação do Orçamento do Estado. Ao mesmo tempo, Silvio Berlusconi,
ex-primeiro-ministro, que teve que se demitir em novembro de 2011 e foi
substituído justamente por Monti, anunciou que tenciona candidatar-se novamente
à chefia do Governo de Itália.
Recorde-se que,
devido à crise, Silvio Berlusconi perdeu nessa altura a sua maioria de apoio na
câmara dos Deputados de Itália. Não é totalmente certo, para já, que Mario
Monti descarte a hipótese de ser candidato às eleições legislativas italianas,
na primavera de 2013.
Hoje ainda, no
mesmo dia em que a UE recebe o Nobel da Paz em Oslo, em Estocolmo, na Suécia,
já da parte da tarde, serão entregues também os nobéis da Física (David J.
Wineland e Serge Haroche), Química (Robert J. Lefwokitz e Brian K. Kobilka),
Medicina (John B. Gordon e Shinya Yamanaka), Literatura (Mo Yan) e Economia
(Alvin E. Roth e Lloyd S. Shapley).
Sem comentários:
Enviar um comentário