quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

CAVACO FALOU, AGORA TEM DE AGIR

 

Henrique Monteiro – Expresso, opinião
 
A mensagem de Ano Novo de Cavaco Silva foi uma surpresa. Não porque tenha sido uma peça de oratória notável ou tenha apontado soluções inovadoras. A surpresa residiu no facto de o Presidente ter dito coisas concretas, das quais vai ter de retirar conclusões.
 
A Cavaco não lhe chega fazer o seu melhor, vai ter de cumprir o seu dever. E os avisos estão dados. Com razão ou sem ela, o Presidente colou-se às teses que o PS e boa parte do PSD têm contraposto ao Governo - a política atual conduz a uma espiral recessiva, a um ciclo vicioso que torna os sacrifícios inúteis. E a isso juntou uma leitura do Orçamento de Estado que é relativamente pacífica entre os especialistas: há normas inscritas no OE 2013 que são manifestamente inconstitucionais (do meu ponto de vista é pena que Cavaco não tenha pedido a fiscalização prévia, mas a sucessiva, mas a decisão está tomada).
 
Assim sendo, quando daqui a uns tempos o Tribunal Constitucional decretar, pela segunda vez consecutiva, que parte das receitas do Estado assentam numa iniquidade, ou o Governo vai ter de infletir toda a sua política, seguindo o que Cavaco recomenda, ou Cavaco vai ter de despachar o Governo. Se optar por esta segunda hipótese, já se sabe que preferirá fazê-lo sem crise política, ou seja tentando um novo Governo saído deste Parlamento, mas com outra liderança e, provavelmente, incluindo o PS.
 
Enfim, vai haver animação política. A menos que, feito o discurso, Cavaco se remeta à letargia em que viveu nos últimos meses. O que também é uma hipótese a considerar.
 
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