A Semana (cv)
O mais recente
relatório sobre a liberdade no mundo do think tank norte-americano Freedom
House diz que Cabo Verde tem um estatuto de democracia eleitoral e está na
lista dos países considerados completamente livres. Está na linha da frente dos
países da CPLP e da CEDEAO.
Tanto no que se
refere aos Direitos Políticos como às Liberdades Civis, Cabo Verde tem nota 1,
o que quer dizer que é considerado completamente livre (1 é considerado
completamente livre, num ranking que vai até ao 7 que significa que é o menos
livre).
Este índice divide
os países em três categorias: "livre", "parcialmente livre"
e "não livre". São considerados "livres" os países que, tal
como Cabo Verde, tenham uma concorrência política aberta, um clima de respeito
pelas liberdades civis, uma vida civil independente e médias independentes.
Dentro do contexto
da CPLP, só Portugal iguala Cabo Verde no que diz respeito à liberdade e aos
direitos civis e políticos da população. Brasil e São Tomé e Príncipe são
considerados países livres e democráticos, mas não têm a pontuação máxima
(ambos têm o nível 2 nos direitos políticos e nas liberdades civis). Com o
estatuto de parcialmente livre, estão Timor-Leste e Moçambique. Sérios
problemas são apontados a Angola e Guiné-Bissau, que regista uma descida em
relação ao 2011, muito por causa do golpe de estado em Março de 2012.
Cabo Verde
mantém-se na linha da frente da CEDEAO. Também são considerados países livres o
Benim, Gana, Senegal e Serra Leoa, mas ainda não chegam à classificação 1 nos
dois itens que compõem este índice. Parcialmente livres são o Burkina Faso, a
Costa do Marfim, a Guiné Equatorial, a Libéria, o Niger, a Nigéria e o Togo. Na
lista dos países em que a população não goza de liberdade estão Gâmbia,
Guiné-Bissau e Mali (a braços com uma guerra civil).
Mais de metade dos
países do mundo não são livres
Há mais democracias
do que ditaduras no mundo, mas o número de países totalmente livres ainda é a
minoria. Segundo este relatório, apesar de haver 117 democracias, apenas 90
países são livres. Um número inferior ao da soma dos considerados “não
livres”(47) com o dos “parcialmente livres” ( 58), que é 105.
Pelo sétimo ano
consecutivo, em 2012 foram mais os países que pioraram (27), do que aqueles em
que houve melhorias (16) no que diz respeito aos direitos políticos e
liberdades civis. O relatório Freedom in the World alerta ainda para um
“reacender das campanhas de perseguição dos ditadores especificamente dirigidas
às organizações da sociedade civil e aos meios de comunicação independentes”.
No topo da lista dos
países em que se registaram melhorias mais significativas de 2008 para 2012
estão a Líbia e a Tunísia, onde em 2011 as revoltas da Primavera Árabe
derrubaram Muammar Khadafi e Zine El Abidine Ben Ali. A Líbia registou mesmo um
dos maiores avanços nas quatro décadas ao longo das quais o relatório tem sido
publicado.
Também no Egipto,
onde no mesmo ano foi deposto o Presidente Hosni Mubarak, houve progressos, mas
foram “modestos”. Depois das primeiras eleições, em que Mohamed Morsi, da
Irmandade Muçulmana, foi eleito Presidente, o país mergulhou numa crise
constitucional. Ainda assim, estes três países passaram de “não livres” a
“parcialmente livres” na classificação utilizada pelo think tank
norte-americano para medir a liberdade.
No entanto, “os
progressos conseguidos nos países da Primavera Árabe desencadearam uma reacção,
por vezes violenta, dos líderes autoritários por todo o Médio Oriente”, alerta
o relatório. E isso resultou em recuos em países como o Iraque, a Jordânia, o Kuwait,
o Líbano, Omã, a Síria e os Emirados Árabes Unidos. Há quase dois anos
mergulhada numa crise desencadeada pela violenta repressão dos protestos contra
o regime de Bashar al-Assad, a Síria é “de longe” o país mais afectado por esta
tendência.
“Especialmente
desde a Primavera Árabe, [os líderes autoritários] estão nervosos, o que
explica a perseguição intensificada aos movimentos populares para a mudança”,
afirma Arch Puddington, vice-presidente da Freedom House numa nota que
acompanha o relatório.
Entre os que mais
melhoraram está também – além dos três países árabes que recentemente viram
cair os seus regimes – a Birmânia, pela série de reformas que a junta militar
tem vindo a fazer; 2012 ficou marcado por acontecimentos como a entrada no
Parlamento do partido da opositora ao regime Aung Suu Kyi).
A Rússia de
Vladimir Putin é outro dos casos que o relatório destaca pela negativa. É
considerada um país “não livre” e piorou com o regresso de Putin à presidência.
Os países menos
livres no mundo – que foram classificados com a pontuação mais baixa possível
neste relatório – são a Coreia do Norte, o Turquemenistão, o Uzbequistão, o
Sudão, a Guiné Equatorial, a Eritreia, a Arábia Saudita, a Síria e a Somália. À
lista juntam-se dois territórios, o Tibete, controlado pela China, e o Sara
Ocidental, por Marrocos.
C/Público
Sem comentários:
Enviar um comentário