segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Moçambique: GREVE DOS MÉDICOS GERA DECISÕES CARICATAS DO GOVERNO




Médicos militares e aposentados moçambicanos substituem pessoal médico em greve

07 de Janeiro de 2013, 14:34

Maputo, 07 jan (Lusa) - Um grupo de médicos militares e aposentados está a trabalhar no Hospital Central de Maputo, a maior unidade de saúde de Moçambique, para suprir a falta de pessoal médico que aderiu à greve hoje iniciada a nível nacional.

Na maior parte das enfermarias do Hospital Central de Maputo, os serviços mínimos estão a ser assegurados por alguns chefes de departamentos e médicos estrangeiros, sobretudo de origem cubana e chinesa, afetos àquela unidade sanitária no âmbito de uma parceira entre Moçambique e estes Estados.

A quase totalidade dos médicos nacionais, pós graduandos e estagiários aderiram à greve convocada pela Associação Médica Moçambicana, que exige um aumento salarial e melhoria das condições de trabalho.

Também no Hospital Geral José Macamo, arredores da capital moçambicana, os médicos estão a assegurar os serviços mínimos no primeiro dia em que paralisaram as atividades, decisão que o Governo considera ilegal.

O presidente da Associação Médica de Moçambique, Jorge Arroz, disse hoje à Lusa que ainda está em contacto com os seus colegas de outras províncias para saber o nível de adesão à greve.

Falando aos jornalistas, o ministro da Saúde moçambicano, Alexandre Manguele, garantiu que as exigências dos médicos serão "com certeza" satisfeitas, mas lembrou que se trata de um processo que não depende apenas do seu pelouro.

"Esta coisa de mexer com salários não envolve apenas uma instituição, mas várias e há sempre uma coisa que se diz hoje e outro argumenta", disse.

Alexandre Manguele apelou "a todos os médicos que não estão a trabalhar para reconsiderarem a sua atitude e retomarem o trabalho o mais rapidamente", porque o Hospital Central de Maputo "está a ressentir-se da falta de pessoal".

A tabela salarial dos médicos será revista "com certeza, mas não é só dos médicos. O governo está a estudar formas de melhorar o quadro salarial dos trabalhadores da saúde na sua generalidade", disse.

"Não cabe a mim dizer isso (o prazo para o término dos trabalhos), mas eu vejo que este trabalho está a ser feito. Não tenho competências para falar mais do que isso, mas vejo que está a haver progresso. Acho que tem que haver confiança, tem que se acreditar. Estou certo de que vai haver uma melhoria do salário em relação àquilo que temos atualmente", disse Alexandre Manguele.

MMT // VM.

Governos distritais em Moçambique estão a forçar médicos a trabalharem em dia de greve - associação

07 de Janeiro de 2013, 18:23

Maputo, 07 jan (Lusa) - Médicos moçambicanos afetos a unidades sanitárias distritais "estão a ser ameaçados e levados à força" para os postos de trabalho pelos governos locais, denunciou hoje à Lusa o presidente da Associação Médica de Moçambique, Jorge Arroz.

"Tivemos uma adesão de 90 por cento a nível nacional e os médicos escalados para as urgências fizeram-se ao trabalho", disse Jorge Arroz, assinalando que "os médicos moçambicanos nos distritos estão a ser ameaçados e levados à força" aos postos de trabalho.

"Que se retirem as ameaças", apelou Jorge Arroz, quando falava à Lusa sobre o balanço do primeiro dia da greve dos médicos moçambicanos que hoje teve inicio, para exigir aumento salarial e melhores condições de trabalho.

O presidente da associação de médicos denunciou ainda que também em Maputo e na Beira, "médicos estagiários estão a ser chantageados: alguns professores ameaçam chumbá-los caso não trabalhem".

Na maior parte das enfermarias do Hospital Central de Maputo os serviços mínimos estão a ser assegurados por alguns chefes de departamentos e médicos estrangeiros, sobretudo de origem cubana e chinesa.

De acordo com Jorge Arroz, a quase totalidade dos médicos generalistas moçambicanos, incluindo estagiários, aderiram à greve e não compareceram no hospital.

As autoridades sanitárias moçambicanas convocaram médicos militares e aposentados para trabalharem no Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária de Moçambique, para suprir a falta de pessoal médico que aderiu à greve.

Segundo Jorge Arroz, as negociações entre a Associação Médica e o governo moçambicano vão recomeçar na terça-feira para clarificar o "único ponto" que ficou pendente: a questão salarial.

"Aceitamos que poderíamos conversar amanhã (terça feira) com o governo. Há uma abertura de ambas as partes. Esperamos que possamos clarificar o único ponto que nos prende: o salário", disse.

O ministro moçambicano da Saúde disse hoje a jornalistas que a tabela salarial dos médicos será revista "com certeza, mas não é só dos médicos" e que "o governo está a estudar formas de melhorar o quadro salarial dos trabalhadores da saúde na sua generalidade".

Reagindo, Jorge Arroz disse que "o sentimento generalizado dos médicos é de não confiança no Ministério da Saúde".

MMT //JMR.

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