sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Moçambique: TRIGO ARGENTINO, RENAMO OUVE “PROPOSTA CONCRETA DO GOVERNO”




Governo de Moçambique negoceia com a Argentina compra de trigo no quadro das regras da OMC

04 de Janeiro de 2013, 10:45

Maputo, 04 jan (Lusa) - Moçambique e Argentina pretendem encerrar em junho as negociações sobre o fornecimento do trigo argentino a preço fixo, visando estabilizar os custos no mercado moçambicano e reduzir os encargos governamentais referentes ao pagamento de subsídio às panificadoras.

Citado hoje pela imprensa, o ministro da Indústria e Comércio moçambicano, Armando Inroga, disse que "o trigo é comercializado dentro de uma base estabelecida pela Organização Mundial do Comércio, que abre a possibilidade de se estabelecerem acordos com um país para o fornecimento".

"Foi assim que iniciámos negociações para ter trigo na base de um acordo prévio com a Argentina. Com este acordo, vamos poder comprar o trigo a preços fixos, o que significa que as aquisições feitas, por exemplo em junho, agosto ou setembro, poderão ser feitas na base de um preço fixo, previamente estabelecido, ainda que no mercado internacional os preços alterem", disse, na quinta-feira, Armando Inroga.

Embora possua grande potencial de produção de trigo, Moçambique continua a importar este produto, cujo preço no mercado internacional tem sido muito inconstante e com consequências negativas para o mercado nacional.

"Estamos a trabalhar no assunto e até junho esperamos mais um encontro em Maputo ou na Argentina para o estabelecimento do acordo que trará vantagem para Moçambique porque teremos trigo a preços acessíveis e para Argentina porque terá um mercado fidelizado de trigo", disse o governante.

Em 2010, o executivo de Maputo estabeleceu um subsídio aos proprietários das moagens, para minimizar o impacto da instabilidade de preços do trigo no mercado internacional.

Atualmente, a importação do trigo no país é feita pelas grandes fábricas de moagens que, posteriormente, distribuem pelas panificadoras e indústrias alimentares, que, anualmente, recebem um subsídio direto do Orçamento do Estado.

Em 2012, as autoridades moçambicanas aprovaram 16 milhões de euros para subsidiar a farinha de trigo.

MMT // VM.

Renamo está "aberta a ouvir uma proposta concreta" do Governo de Moçambique -- porta-voz

04 de Janeiro de 2013, 13:52

Maputo, 04 jan (Lusa) - A Renamo, principal partido da oposição moçambicana, disse hoje estar "aberta a ouvir uma proposta concreta" do Governo moçambicano sobre a situação política em Moçambique, mas condicionou o retorno às conversações à presença da comunidade internacional.

Em declarações à Lusa, o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Fernando Mazanga, disse que o partido solicitou a intervenção das Nações Unidas, da União Europeia, da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e do corpo diplomático acreditado em Moçambique na resolução do diferendo que o opõe ao Governo de Maputo.

"Fizemos chegar à ONU, SADC e ao corpo diplomático acreditado em Moçambique para dar valor às instituições", disse Fernando Mazanga.

Em dezembro, as negociações entre o Governo moçambicano e o partido de Afonso Dhlakama terminaram novamente num impasse, mas o executivo qualificou-as de "sucesso", enquanto a oposição, que abandonou o diálogo, ameaçou boicotar as eleições e dividir Moçambique.

Citado hoje pela imprensa, o líder da Renamo disse que "se o Governo da Frelimo reconhecer o seu erro e recuar, passando por desenhar estratégias sérias para a construção de uma unidade nacional no seu verdadeiro sentido, que incluiria uma divisão equitativa de riquezas, então terá que apresentar a sua proposta de agenda".

Dhlakama disse ainda que as próximas negociações deverão contar com Tomaz Salomão (secretário executivo da SADC), "não como membro da Frelimo, mas sim como representante da SADC" e contar ainda com a mediação da União Africana, das Nações Unidas e União Europeia.

Após a terceira e última ronda de diálogo, as partes não alcançaram consenso sobre as preocupações apresentadas pela força política liderada por Afonso Dhlakama, que exige o fim da alegada partidarização do Estado, alteração da lei eleitoral, nomeadamente uma presença maioritária dos partidos com representação parlamentar na Comissão Nacional de Eleições (CNE) e menor peso da sociedade civil.

Hoje, o porta-voz da Renamo disse que estão à espera de uma resposta do Governo sobre eventual retorno às negociações, mas lembrou que a principal força política da oposição do país já deu a conhecer as suas reivindicações.

"Os nossos pontos foram apresentados e discutidos. Estamos abertos para ouvir uma proposta concreta do Governo: se aparecem com novos pontos, ou se pretendem voltar a discutir os pontos por nós levantados, até porque somos pelo diálogo, pelas soluções negociadas, pois isso é muito bom para os moçambicanos e Moçambique", disse.

Na semana passada, Filipe Paúnde, secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, considerou "inconsistentes" os argumentos apresentados pela Renamo, que exige o fim da alegada partidarização do Estado e alteração da lei eleitoral.

MMT // VM.

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