sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Cabo Verde: PRAIA E ASSOMADA COM ROTURA DE MEDICAMENTOS




Elsa Vieira – Expresso das Ilhas

As farmácias já começaram a sentir o efeito da greve dos trabalhadores da Emprofac, que teve inicio ontem na Praia e São Vicente.

Esta quinta-feira, na cidade da Praia, os utentes deslocavam-se de uma farmácia para outra à procura de determinados medicamentos que se encontram em rotura.

Durante o dia esta procura foi mais fácil, porque havia a possibilidades de recorrer às outras farmácias, mas à noite a situação tornou-se mais complicada, uma vez que apenas uma farmácia fazia a prestação do serviço.

A rotura de medicamentes nas farmácias deve-se à falta de entendimento, quanto ao serviço mínimo que deveria ser prestado.

Já em Assomada a situação é mais critica, conforme avança uma fonte.

Na farmácia Santa Catarina, a rotura já começa a irritar os utentes e os farmacêuticos ficam angustiados perante a situação.

“Só em Cabo Verde. Uma única empresa distribuidora entra em greve sem prestar o serviço mínimo. E quanto a nós temos de inventar desculpas para acalmar os utentes”, disse a fonte.

“Enquanto farmacêutico é triste ver pessoas a precisar de medicamentos, porque têm dores ou por qualquer outro motivo e não ter remédios para vender. Já imaginou uma pessoa depressiva e desesperada a procura de medicamentos? A situação precisa mudar”, acrescentou.

Segundo a nossa fonte, remédios como Xarope (broxemia e sabutamol,), vitamina C, entre outros que são muitos vendidos nesta época, estão esgotados.

“Só em Cabo Verde a saúde fica em último plano,” frisou.

Questionada se a saúde pública pode ficar em causa, com uma greve que termina este fim-de-semana, altura em que a empresa não funciona para piorar o cenário, a presidente do Conselho Administração da Emprofac, Tatiana Barbosa avançou que se vai negociar com a Direcção Geral do Trabalho (DGT) a reposição do serviço mínimo, para assim tentar colmatar a situação e garantir que, pelo menos, situações de urgência terão resposta.

“Houve entendimento quanto à prestação de serviço mínimo, mas não está a funcionar, vamos tentar junto da DGT. Havendo medicamentos de extrema urgência, vai fazer-se o aviamento. Só que as farmácias podem ficar com poucos medicamentos para venda, o que poderá afetar os utentes”.

Segundo Tatiana Barbosa, uma greve neste sector tem sempre consequências. “Trata-se de um sector muito sensível e ficar sem abastecer as farmácias e os hospitais é bastante complicado”.

No fim-de-semana a situação pode complicar-se, se não for reestabelecido o serviço mínimo.

“As farmácias são aviadas diariamente, e para as que vão estar de serviço ao fim-de-semana, e passar todos esses dias sem abastecimento é bem complicado”, sublinhou Tatiana Barbosa.  

A greve dos trabalhadores continua durante todo o dia de hoje e estes ameaçam mesmo avançar com uma greve por tempo indeterminado.

Os trabalhadores da farmacêutica cabo-verdiana reivindicam o pagamento do prémio de produtividade que vinha sendo atribuído há 14 anos e que deixou de existir.

"Ficamos surpreendidos com esta medida que foi feita em cima da hora, até porque já nos tínhamos endividado, à espera deste prémio", frisou Maria Conceição.

O Sindicato da Indústria, Serviços, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP) reuniu dois dias com a direcção da empresa, sob mediação da Direcção-Geral do Trabalho, mas não houve entendimento.

"Tentámos uma reconciliação para não partir para a greve, mas não foi possível”, acrescentou a representante dos trabalhadores.

Segundo Maria Conceição a mediação entre os trabalhadores e o Conselho da Administração da empresa deixou claro que o pagamento do prémio de produtividade depende exclusivamente do Governo.

"A nossa empresa é rentável e saudável, não vendemos batatas nem mandiocas, mas sim remédios, algo que tem muita rentabilidade e oferece um lucro favorável ao cofre do Estado" assegurou Conceição.

Mesmo tendo em conta o contexto de crise, a representante dos trabalhadores afirma que a classe está consciente da rentabilidade da empresa e do trabalho que desenvolvem na empresa.

"Lutamos e damos o nosso máximo, para na hora certa recebermos o prémio".

Os trabalhadores garantem que a luta não para por aqui e se o problema não for resolvido, vão paralisar por tempo indeterminado.

Por sua vez, a presidente do Conselho Administração da Emprofac, Tatiana Barbosa, afiançou que na Assembleia Geral realizada em Dezembro, os accionistas não deliberaram o prémio de produtividade e que o Conselho de Administração não tem competência de o fazer.

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