Elsa Vieira –
Expresso das Ilhas
As farmácias já começaram a sentir o efeito da greve dos trabalhadores da
Emprofac, que teve inicio ontem na Praia e São Vicente.
Esta quinta-feira,
na cidade da Praia, os utentes deslocavam-se de uma farmácia para outra à
procura de determinados medicamentos que se encontram em rotura.
Durante o dia esta
procura foi mais fácil, porque havia a possibilidades de recorrer às outras
farmácias, mas à noite a situação tornou-se mais complicada, uma vez que apenas
uma farmácia fazia a prestação do serviço.
A rotura de
medicamentes nas farmácias deve-se à falta de entendimento, quanto ao serviço
mínimo que deveria ser prestado.
Já em Assomada a
situação é mais critica, conforme avança uma fonte.
Na farmácia Santa
Catarina, a rotura já começa a irritar os utentes e os farmacêuticos ficam
angustiados perante a situação.
“Só em Cabo Verde. Uma
única empresa distribuidora entra em greve sem prestar o serviço mínimo. E
quanto a nós temos de inventar desculpas para acalmar os utentes”, disse a
fonte.
“Enquanto
farmacêutico é triste ver pessoas a precisar de medicamentos, porque têm dores
ou por qualquer outro motivo e não ter remédios para vender. Já imaginou uma
pessoa depressiva e desesperada a procura de medicamentos? A situação precisa
mudar”, acrescentou.
Segundo a nossa
fonte, remédios como Xarope (broxemia e sabutamol,), vitamina C, entre outros
que são muitos vendidos nesta época, estão esgotados.
“Só em Cabo Verde a
saúde fica em último plano,” frisou.
Questionada se a
saúde pública pode ficar em causa, com uma greve que termina este fim-de-semana,
altura em que a empresa não funciona para piorar o cenário, a presidente do
Conselho Administração da Emprofac, Tatiana Barbosa avançou que se vai
negociar com a Direcção Geral do Trabalho (DGT) a reposição do serviço mínimo,
para assim tentar colmatar a situação e garantir que, pelo menos, situações de
urgência terão resposta.
“Houve entendimento
quanto à prestação de serviço mínimo, mas não está a funcionar, vamos tentar
junto da DGT. Havendo medicamentos de extrema urgência, vai fazer-se o
aviamento. Só que as farmácias podem ficar com poucos medicamentos para venda,
o que poderá afetar os utentes”.
Segundo Tatiana
Barbosa, uma greve neste sector tem sempre consequências. “Trata-se de um
sector muito sensível e ficar sem abastecer as farmácias e os hospitais é
bastante complicado”.
No fim-de-semana a
situação pode complicar-se, se não for reestabelecido o serviço mínimo.
“As farmácias são
aviadas diariamente, e para as que vão estar de serviço ao fim-de-semana, e
passar todos esses dias sem abastecimento é bem complicado”, sublinhou Tatiana
Barbosa.
A greve dos
trabalhadores continua durante todo o dia de hoje e estes ameaçam mesmo avançar
com uma greve por tempo indeterminado.
Os trabalhadores da
farmacêutica cabo-verdiana reivindicam o pagamento do prémio de produtividade
que vinha sendo atribuído há 14 anos e que deixou de existir.
"Ficamos
surpreendidos com esta medida que foi feita em cima da hora, até porque já nos
tínhamos endividado, à espera deste prémio", frisou Maria Conceição.
O Sindicato da
Indústria, Serviços, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP) reuniu dois dias
com a direcção da empresa, sob mediação da Direcção-Geral do Trabalho, mas não
houve entendimento.
"Tentámos uma
reconciliação para não partir para a greve, mas não foi possível”, acrescentou
a representante dos trabalhadores.
Segundo Maria
Conceição a mediação entre os trabalhadores e o Conselho da Administração da
empresa deixou claro que o pagamento do prémio de produtividade depende
exclusivamente do Governo.
"A nossa
empresa é rentável e saudável, não vendemos batatas nem mandiocas, mas sim
remédios, algo que tem muita rentabilidade e oferece um lucro favorável ao
cofre do Estado" assegurou Conceição.
Mesmo tendo em
conta o contexto de crise, a representante dos trabalhadores afirma que a
classe está consciente da rentabilidade da empresa e do trabalho que
desenvolvem na empresa.
"Lutamos e damos
o nosso máximo, para na hora certa recebermos o prémio".
Os trabalhadores
garantem que a luta não para por aqui e se o problema não for resolvido, vão
paralisar por tempo indeterminado.
Por sua vez, a
presidente do Conselho Administração da Emprofac, Tatiana Barbosa, afiançou que
na Assembleia Geral realizada em Dezembro, os accionistas não deliberaram o
prémio de produtividade e que o Conselho de Administração não tem competência
de o fazer.
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