Estado
norte-americano restringe o uso e complica a aquisição de armas de fogo.
Presidente Barack Obama pretende adotar medida similar em todo o país, sob
protesto de lobistas.
Um mês após o
massacre em uma escola primária na cidade de Newton, no estado de Connecticut,
foram aprovadas nesta terça-feira (15/01) novas restrições à posse de armas no
estado de Nova York. Assim como o Senado, de maioria republicana, já havia
feito no dia anterior, a Câmara dos Deputados, de maioria democrata, aprovou o
projeto de lei com 104 votos a favor e 43 contra. O governador Andrew Cuomo,
idealizador da lei, saudou o resultado da votação e promulgou o projeto ainda
no mesmo dia. "Hoje estou orgulhoso por ser um novaiorquino", disse o
democrata quando assinava o decreto.
Nova York detém
agora as regras mais rígidas de porte de armas entre todos os 50 estados
norte-americanos. A lei proíbe a aquisição de fuzis de assalto, limita o uso de
pentes com no máximo sete balas e obriga que sejam checados os antecedentes de
todos os compradores de armas.
O prefeito de Nova
York, Michael Bloomberg, que é um dos críticos mais ferozes das frouxas
regulamentações no porte de armas nos Estados Unidos, explicou que essa decisão
mostrou que é possível "criar, de maneira rápida e apartidária, leis que
restrinjam o porte de armas".
Obama quer
regulamentação nacional, lobistas protestam
Segundo jornais
norte-americanos, a lei novaiorquina se assemelha ao catálogo com 19 medidas
para o porte de armas que o presidente Barack Obama deve apresentar nesta
quarta-feira. O apoio do Congresso dos Estados Unidos é improvável, e, segundo
o jornal The New York Times, Obama poderia, em caso de resistência, passar
o projeto por decreto. O porta-voz do Governo, Jay Carney, não confirmou essa
possibilidade e apenas ressaltou, sem entrar em detalhes, que o catálogo contém
diversas propostas e que o presidente tem conhecimento de que encontrará
barreiras no Congresso.
O poderoso lobby
norte-americano de armas, a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em
inglês), teceu duras críticas ao endurecimento das leis contra armas de fogo.
"A NRA e seus sócios novaiorquinos estão indignados com a lei dracônica
contra o porte de armas. Essas regulamentações de controle de armas não
surtiram efeito no passado e vão continuar a não influenciar a segurança e a
criminalidade", declarou a organização em nota divulgada nesta
terça-feira.
"Em vez de os
legisladores darem um passo a frente para melhorar a comunicação de casos de
doentes mentais e combater os criminosos, eles preferem pisotear os direitos
dos cidadãos que seguem a lei", prosseguia o texto da NRA, que ainda
acusou o governador Cuomo e os parlamentares "de terem planejado a nova
lei nos bastidores e aprovado-a secretamente na calada da noite".
No dia 14 de
dezembro do ano passado, um jovem de 20 anos matou 20 crianças e seis adultos
em uma escola primária na cidade de Newton e depois cometeu suicídio. Momentos
antes, ele havia assassinado a própria mãe. Ele portava um fuzil igual aos
usados pelos militares, adquirido de maneira legal. O massacre ascendeu um
debate sobre restrições do porte de armas nos Estados Unidos.
Nesta terça-feira,
mesmo dia em que mais dois tiroteios em instituições de ensino foram
confirmados – um no estado de Kentucky com dois mortos e dois feridos e outro
no estado do Missouri com dois feridos – Nova York preferiu agir.
PV/afp/dpa - Revisão: Francis França
Sem comentários:
Enviar um comentário