Fernando Dacosta –
Jornal i, opinião
A SIC pôs-nos no
sapatinho um desassombrado trabalho de investigação feito pelo jornalista Pedro
Coelho sobre o BPN. As ondulações da quadra não lhe deram, porém, a
receptividade merecida, necessitada. Numa primeira parte, o programa revelou os
saques feitos àquela instituição por dirigentes seus, empresários,
ex-ministros, ex-deputados; numa segunda, os saques dos governantes aos
governados através de confiscos de subsídios, ordenados, pensões, direitos
generalizados – por causa de tão inclassificáveis desmandos. Rui Tavares
sintetiza: Oliveira Costa, director do banco, fez empréstimos a si próprio de
15 milhões; à filha Iolanda, de 3,4 milhões; ao braço-direito, Luís Caprichoso,
de um milhão. Uma empresa de Duarte Lima (PSD) levantou 49 milhões; o ex-dirigente
do mesmo partido Arlindo Rui, 75 milhões; Joaquim Coimbra (igualmente do PSD),
11 milhões; Almerindo Duarte, 23 milhões. No mundo do futebol, Aprígio dos
Santos movimentou 140 milhões; empresa ligada a Dias Loureiro, 90 milhões –
dinheiro que, por haver sido nacionalizado o BPN, os contribuintes têm de
pagar. Só os juros anuais de um empréstimo de mais de 3 mil milhões atingem 200
milhões. Cerca de 500 importantes clientes recusam, entretanto, amortizar
dívidas. Comissões parlamentares (duas), inquéritos policiais (20), processos
judiciais (15 arguidos), não condenaram até agora ninguém. Apenas a comunicação
social parece (ainda) funcionar neste reino de feudos e impunidades.
A cratera do BPN
ronda 7 mil milhões de euros, o dobro do corte que o governo fará em 2013.
Escreve
à quinta-feira
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