O Governo angolano
poderá ajudar financeiramente o continente africano no combate à fome. Angola
também deu passos significativos para acabar com a má nutrição, e por isso será
homenageado pela FAO ainda este ano.
Ao mesmo tempo em
que Angola não só atinge, mas vai além, da Meta do Milênio de reduzir para a
metade a fome no país até 2015, a insegurança alimentar ainda é aguda em
algumas regiões, como em Gambos, província da Huíla, no sul do país.
Um contraste, tal
como os números da fome em Angola que, entre 1992 e 2012, viu a quantidade de
desnutridos entre a população total cair de 64% para 27%.
Recentemente o diretor da Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO), José Graziano da Silva, visitou Angola, algo que não fazia
desde 2004, quando era Ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome do
ex-Presidente brasileiro Lula da Silva.
Em Luanda, Graziano
percebeu uma evolução positiva na infraestrutura da capital: "Quando
estivemos lá havia montanhas de lixo acumuladas nas estradas e ruas. Hoje tem
um sistema de água tratada, de esgoto sanitário e de energia elétrica em todo
país que assegura uma vida normal às pessoas."
Desminagem, um
grande passo
O diretor da FAO
constatou avanços também na sua área de trabalho: "Nas zonas rurais já não
se enfrenta mais o problema das áreas minadas que não permitiam o cultivo. Hoje
o país está a crescer no que diz respeito a produção agrícola."
Atualmente, a FAO
mantém investimentos de aproximadamente 20 milhões de dólares para o
desenvolvimento da agricultura e manutenção da segurança alimentar em Angola.
Graziano regressou
a Roma com a certeza de que Angola retribuirá os investimentos feitos pela
comunidade internacional, ao lado da Guiné Equatorial, que já depositou 30
milhões de dólares para o Fundo de Solidariedade para a África, criado no ano
passado.
O contributo de
Luanda, apesar das dificuldades
Angola deve
anunciar em breve uma contribuição semelhante, como dá a entender o diretor da
FAO: "O Presidente José Eduardo dos Santos não é de muita conversa. Tive o
privilégio de encontrá-lo pela segunda vez . Desta vez, realmente foi
considerada uma demonstração do seu compromisso com a FAO e da luta contra a
fome em África."
Questionado sobre os contrastes na sociedade angolana, Graziano reconhece que
muito ainda deve ser feito para que a fome seja erradicada e as diferenças
sociais sejam atenuadas.
Mas afirma que
Angola está no caminho certo: "Todo pais que passou fome tem um sentimento
de solidariedade muito forte e Angola está entre estes países assim como o
Brasil, hipotecando essa solidariedade através de recursos e cooperação
técnica."
Responsabilidades
partilhadas
E ainda durante a
visita de Graziano Ramos a Angola um acordo foi assinado entre a FAO e o
Governo, que vai de 2013 a 2017. O acordo abrange três áreas: o aumento da
produtividade e a produção de alimentos por parte de pequenos produtores, o manejo
sustentável dos recursos naturais e a criação de meios de resistência da
população rural no impacto das calamidades naturais.
Segundo o diretor-geral da organização onusiana, dois dos três pontos são de
responsabilidade do ministério do Ambiente e juntamente com a FAO, o organismo
estatal angolano vai organizar um seminário internacional com o objetivo de
promover a economia verde em Angola.
O país vai ser homenageada pela FAO, em junho próximo, por ter reduzido para
metade a proporção de pessoas subnutridas, cumprindo assim a primeira meta dos
objetivos de desenvolvimento do milénio da ONU.
Autor: Rafael Belincanta (Roma) / Lusa - Edição: Nádia Issufo / António Rocha
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