quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Angola: ELITES BENEFICIAM DA SUPRESSÃO DE VISTOS ENTRE ANGOLA E SUÍÇA




Deutsche Welle

Angola e a Suíça assinaram esta terça-feira (05.02.2013) dois acordos para supressão de vistos diplomáticos e de serviço e sobre matéria migratória. Analista considera que a medida só vai afectar “meia dúzia de pessoas”.

A assinatura dos documentos, que teve lugar no Ministério das Relações Exteriores, na capital angolana, Luanda, marca a visita oficial de três dias ao país da ministra da Justiça e Polícia da Suíça, Simonetta Sommaruga. Segundo o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, a medida é particularmente importante para os diplomatas que viajam regularmente para a Suíça.

“As elites angolanas que têm dinheiro na Suíça provavelmente estão mais interessadas nos acordos do que o resto da população, que não vai usufruir grandemente da medida”, critica o analista angolano Nelson Pestana:

O especialista afirma que este acordo estabelecido entre as autoridades angolanas e helvéticas “só vai beneficiar meia dúzia de pessoas”, ou seja, uma camada muito reduzida de angolanos, uma vez que a Suíça não é um destino preferencial dos angolanos. “E acredito que Angola também não é um destino preferencial dos suíços. Por isso, acho que para condimentar um pouco mais a visita da governante suíça, se calhar não havia mais nada para pôr em cima da mesa, e colocou-se essa assinatura”, argumenta.

“Suíça não é prioridade”

Nelson Pestana considera que é positivo que “Angola se abra ao mundo” e estabeleça acordos recíprocos de eliminação de barreiras alfandegárias e de imigração, mas, neste caso, os critérios de prioridade “não são os melhores”:

“Nós temos um fluxo de pessoas muito maior com países africanos circunvizinhos, próximos, ou mesmo outros países, como por exemplo na Europa, Portugal, e não há à vontade do governo no sentido da assinatura desses acordos”, sublinha o especialista, que confessa “estranhar” este protocolo agora assinado com a Suíça.

Suíça desbloqueou dinheiro angolano

A assinatura dos acordos ocorre cerca de mês e meio depois dos dois países terem chegado a acordo para a devolução a Luanda de 32,6 milhões de euros que estavam bloqueados em vários bancos suíços desde 2005.

Nelson Pestana diz não ter conhecimento de como essa devolução vai ser feita, porque num primeiro momento havia condições que haviam sido postas” e a aplicação desse dinheiro estava a ser monitorizado pelas autoridades suíças, particularmente pela sociedade civil suíça (algumas associações suíças estavam envolvidas nesse processo).

“Neste momento, temos uma zona nebulosa, não sabemos muito bem como é que esse dinheiro vai ser devolvido. Provavelmente, deveria ser devolvido e incluído no Orçamento Geral do Estado”, defende o analista, acrescentando que o dinheiro libertado entre os dois governos deveria servir para incrementar a saúde e a educação em Angola.

Autora: Madalena Sampaio - Edição: António Rocha

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