Deutsche Welle
Angola e a Suíça
assinaram esta terça-feira (05.02.2013) dois acordos para supressão de vistos
diplomáticos e de serviço e sobre matéria migratória. Analista considera que a
medida só vai afectar “meia dúzia de pessoas”.
A assinatura dos
documentos, que teve lugar no Ministério das Relações Exteriores, na capital
angolana, Luanda, marca a visita oficial de três dias ao país da ministra da
Justiça e Polícia da Suíça, Simonetta Sommaruga. Segundo o ministro das
Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, a medida é particularmente
importante para os diplomatas que viajam regularmente para a Suíça.
“As elites
angolanas que têm dinheiro na Suíça provavelmente estão mais interessadas nos
acordos do que o resto da população, que não vai usufruir grandemente da
medida”, critica o analista angolano Nelson Pestana:
O especialista
afirma que este acordo estabelecido entre as autoridades angolanas e helvéticas
“só vai beneficiar meia dúzia de pessoas”, ou seja, uma camada muito reduzida
de angolanos, uma vez que a Suíça não é um destino preferencial dos angolanos.
“E acredito que Angola também não é um destino preferencial dos suíços. Por
isso, acho que para condimentar um pouco mais a visita da governante suíça, se
calhar não havia mais nada para pôr em cima da mesa, e colocou-se essa
assinatura”, argumenta.
“Suíça não é prioridade”
Nelson Pestana
considera que é positivo que “Angola se abra ao mundo” e estabeleça acordos
recíprocos de eliminação de barreiras alfandegárias e de imigração, mas, neste
caso, os critérios de prioridade “não são os melhores”:
“Nós temos um fluxo
de pessoas muito maior com países africanos circunvizinhos, próximos, ou mesmo
outros países, como por exemplo na Europa, Portugal, e não há à vontade do
governo no sentido da assinatura desses acordos”, sublinha o especialista, que
confessa “estranhar” este protocolo agora assinado com a Suíça.
Suíça desbloqueou
dinheiro angolano
A assinatura dos
acordos ocorre cerca de mês e meio depois dos dois países terem chegado a
acordo para a devolução a Luanda de 32,6 milhões de euros que estavam
bloqueados em vários bancos suíços desde 2005.
Nelson Pestana diz
não ter conhecimento de como essa devolução vai ser feita, porque num primeiro
momento havia condições que haviam sido postas” e a aplicação desse dinheiro
estava a ser monitorizado pelas autoridades suíças, particularmente pela
sociedade civil suíça (algumas associações suíças estavam envolvidas nesse
processo).
“Neste momento,
temos uma zona nebulosa, não sabemos muito bem como é que esse dinheiro vai ser
devolvido. Provavelmente, deveria ser devolvido e incluído no Orçamento Geral
do Estado”, defende o analista, acrescentando que o dinheiro libertado entre os
dois governos deveria servir para incrementar a saúde e a educação em Angola.
Autora: Madalena
Sampaio - Edição: António Rocha
Sem comentários:
Enviar um comentário