Paulo Gaião –
Expresso, opinião
"O Presidente
angolano é um dos grandes líderes africanos". Quem disse? Paulo
Portas, na visita que fez esta semana a Angola, a terceira desde que é
ministro.
Portas não se ficou
por aqui. A eleição de José Eduardo dos Santos para Presidente da
República, em Agosto passado, foi "um passo importante na estabilização,
no desenvolvimento e no progresso de Angola", disse o ministro.
Eduardo dos Santos
já leva 33 anos no poder, tem mais cinco anos de mandato presidencial à
frente, até 2017, e pode fazer um novo mandato de cinco anos, até 2023,
perfazendo... 43 anos no poder. Que importa?
Os grandes negócios
angolanos passam há muitos anos pela família Eduardo dos Santos. O último foi a
nomeação pelo Presidente angolano do seu filho José Filomeno dos Santos para
administrador do Fundo Soberano de Angola, que gere as receitas do
petróleo. Que importa?
A Constituição da
República, aprovada em 2010, está desenhada à imagem e semelhança de José Eduardo
dos Santos, com um poder presidencial totalitário. Que importa?
A UNITA está
descontente com Paulo Portas porque este, quando vai a Angola foge do movimento
do Galo Negro com medo de desagradar a Eduardo dos Santos. Ainda
esta semana a UNITA manifestou o seu desagrado.
Há meia dúzia de
anos, num artigo no jornal Sol, numa altura em que José Sócrates começava a
dar-se com Hugo Chávez, Portas escreveu que o presidente da Venezuela queria
"ser um presidente vitalício" (e ainda só levava oito anos de poder,
menos 25 anos que Eduardo dos Santos).
"Só não
vê quem não quer", adiantava Portas.
Quantas vezes já
este homem falou, ao longo da sua carreira política, em princípios, ética
e coerência de atitudes políticas que não pratica?
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