La Tribune, Diário
Económico, NRC Handelsblad & 4 outros – Presseurop – imagem Patrick
Chappatte
As mais recentes
estatísticas sobre o estado da economia na zona euro indicam que, ao contrário
do que os responsáveis políticos afirmavam, a crise está longe de terminar.
A imprensa europeia
atribui o declínio da economia às políticas de austeridade aplicadas na maioria
dos países. Alguns apelam a uma mudança de rumo.
"A zona euro
tornou-se um espaço de recessão", salienta La Tribune, que interroga na
primeira página se "a Europa estará doente devido à austeridade".
Para o diário, os índices divulgados a 14 de fevereiro são um verdadeiro
"Massacre de São Valentim":
A queda de 0,6% da
riqueza da zona euro num trimestre é a terceira maior registada desde 1995, ou
seja, desde que o Eurostat começou a compilar as estatísticas sobre a união
económica e monetária.
Em Portugal,
o Diário Económico sublinha na primeira página que "Portugal
mergulhou na sua pior recessão desde 1975", com uma contração do PIB de
3,2%. Segundo os especialistas consultados pelo diário, o
recuo económico em 2013 deverá ultrapassar o esperado 1%. O jornal acrescenta
que os sinais de alarme num tão grande número de países vão, por certo, obrigar
os políticos europeus a tomar medidas e a aliviar as cargas que pendem sobre
Portugal, Irlanda e Grécia. E em Portugal, também os políticos serão obrigados
a procurar acelerar a recuperação económica.
Na Holanda,
o NRC Handelsblad declara em título: “Economia entra pela terceira
vez em recessão" desde o início da crise da dívida, em 2008. Um anúncio
que põe em causa a política de austeridade do primeiro-ministro Mark
Rutte, considera o jornal. E atribui o declínio da
atividade económica à quebra do investimento público, traçando uma alternativa:
É preciso levar
Bruxelas a adotar um orçamento mais flexível, agora que a economia se ressente
em toda a zona euro.
Em Espanha, La
Vanguardia traz em título: "A recessão agrava-se na zona euro e fecha
o ano com uma queda de 0,6%". O jornal teme que a situação venha a criar
problemas de confiança em relação à dívida dos países mais frágeis, como a
Espanha, e considera que a estratégia
de austeridade conduzida pela chanceler Merkel não tem como se aguentar e, mais
cedo ou mais tarde, vai ter de mudar de rumo. [...] A Europa precisa, como do
ar que respira, de uma política económica que aposte no crescimento.
As aflições da zona
euro têm repercussões sobre os países que não a integram. Assim, na República
Checa, o Hospodářské noviny chama para título “a mais longa recessão
da história". O PIB caiu 1,1% em relação ao ano passado, salienta o diário. "Entre
as principais causas da desaceleração da economia", lê-se no jornal,
conta-se "a baixa no consumo das famílias: mais de 3% em relação a
2011". Entre as consequências desta situação económica, salienta o
desaparecimento dos tradicionais laços económicos com a vizinha Alemanha. A
teoria de que “quando a Alemanha está bem, a República Checa está melhor"
já não se aplica [...]. As duas economias caminham em direções diferentes.
Enquanto a Alemanha cresceu 0,7%, a economia checa recuou 1,1%.
"Fim do conto
de fadas – a economia está em queda livre" declara, por seu turno,
o Népszava de Budapeste. Alude às palavras do ministro da Economia,
György Matolcsy, em 2012: "O conto de fadas húngaro ou o exemplo húngaro
vai ser um sucesso dentro de um ano". Na verdade, a economia húngara
contraiu-se 1,7% em 2012, quando, em 2011, a Hungria ainda apresentava um
crescimento de 1,6%, e de 1,3% no ano anterior. O diário salienta:
A recessão
económica na Hungria é a quarta mais acentuada da Europa, depois da Grécia,
Portugal e Chipre.
"Os efeitos
das políticas de austeridade impostas por toda a Europa não surpreendem",
é a conclusão do Mediapart. No
entanto, o site de Internet francês acrescenta:
Ousar falar da
questão da sobrevalorização da moeda europeia, que aniquila todos os esforços
dos países europeus para recuperarem as suas economias, é um tabu, como se
deverá verificar novamente na cimeira do G-20, marcada para este fim de semana
em Moscovo. Para a Comissão Europeia, em linha com a posição de Berlim, há apenas
que ter paciência, para apreciarmos os efeitos benéficos da austeridade.
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