sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Cabo Verde: MODA À GUINÉ-BISSAU, PM NÃO SERÁ NEVES, AGRICULTURA VENENOSA




Produtos de tecelagem da Guiné-Bissau fazem furor em Cabo Verde

22 de Fevereiro de 2013, 10:03

Cidade da Praia, 22 fev (Lusa) - Os panos de pente, malas, bolsas, entre outros produtos da tecelagem manufaturada em Quinhamel (Guiné-Bissau), escoaram praticamente nos dois primeiros dias da Exposição Cabaz di Terra, que abriu na quarta-feira na Cidade da Praia.

Montada no Centro Cultural Português da capital de Cabo Verde, a exposição, que se prolonga até segunda-feira, tem sido um "êxito" e quase todos os produtos, bem como as malas de latão tipicamente guineenses que os trouxeram, foram vendidos, disse à agência Lusa Pamela Ferreira, guineense e coordenadora do Projeto Cabaz di Terra.

O projeto integra-se num outro, mais vasto, que congrega 14 tecelões e 12 costureiras na vila de Quinhamel, 40 quilómetros a norte de Bissau, e na região de Biombo, e enquadrado pela Artissal, uma cooperativa criada nos anos 1990 pela empresária romena Mariana Ferreira.

Dar a conhecer os produtos genuínos da região de Biombo, onde predomina a etnia Papel, conhecida pela arte da tecelagem, é o objetivo do "Cabaz di Terra" que, ao enquadrar cerca de 30 pessoas da vila, beneficia praticamente todas as famílias de Quinhamel e arredores, afirmou Pamela Ferreira, filha da diretora da Artissal.

"Dentro do programa Cabaz di Terra há um circuito chamado «Nô Cultura, Cultura di Mundo», onde se pretende tirar os produtos que são feitos dentro da Guiné-Bissau, no nosso caso, e de África, no geral, para os mostrar ao mundo", disse a também antiga jornalista guineense, formada no Brasil.

"Os produtos da exposição são basicamente feitos com panos de pente elaborados por homens e mulheres de uma etnia guineense, a Papel, da região de Biombo, onde fica a sede da Artissal, a fábrica de tecelagem e o ateliê de costura", acrescentou, lembrando que existem mais 15 funcionários entre as equipas de gestão e de vendas.

"Diretamente, são 30 pessoas (a trabalhar), mas, indiretamente, quase 100 por cento das famílias de Quinhamel beneficia com a Artissal", frisou, afirmando-se, por isso, "agradavelmente surpreendida" com a receção "muito boa" na Cidade da Praia.

"Não esperava. Não só em termos de comercialização dos produtos e para os produtores, que estão à espera de nós em Quinhamel para saber os resultados, mas sobretudo pela valorização, pelo valor dado. As pessoas têm tido uma reação muito bonita e interessante. Dizem: «que trabalho bonito e bem feito». Isso é muito gratificante", disse.

Pamela Ferreira disse ter recebido já "vários pedidos", não só para voltar como para abrir uma espécie de "franchising" da Artissal na Cidade da Praia.

"Houve já muitos contactos. Esperamos voltar em breve, para organizar algo maior. Abrir um «franchising» em Cabo Verde é uma possibilidade", afirmou.

A iniciativa "Cabaz di Terra" visa agregar a atividade comercial de um conjunto de organizações guineenses ativas na área da valorização das produções locais populares, através da dinamização de uma estrutura especializada na promoção comercial solidária com os produtores guineenses, frisou Pamela Ferreira.

A valorização das produções locais da Guiné-Bissau, lembrou, ajuda na luta contra a pobreza e os produtos comercializados são o fruto das organizações na melhoria do bem-estar das populações da Guiné-Bissau, pelo que o projeto conta também com o apoio da União Europeia (UE).

Os produtos respeitam vários critérios: são oriundos da Guiné-Bissau e defendem a economia familiar e camponesa, têm qualidade, com garantias de higiene, a produção respeita o meio ambiente e a cultura local e os produtores obtêm uma remuneração justa pelos seus produtos, sintetizou a coordenadora do programa.

"A receita gerada pela atividade comercial de Cabaz di Terra é reinvestida no cumprimento da sua missão em defesa dos produtores marginalizados da Guiné-Bissau", concluiu Pamela Ferreira.

JSD // MLL.

José Maria Neves descarta nova chefia do Governo cabo-verdiano em 2016

22 de Fevereiro de 2013, 12:46

Cidade da Praia, 23 fev (Lusa) - José Maria Neves anunciou hoje publicamente a sua recandidatura à liderança do PAICV, mas descartou voltar a ser primeiro-ministro após 2016 e afastou, "por agora", qualquer ambição à presidência de Cabo Verde em 2017.

O anúncio da recandidatura à liderança do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), cujas eleições diretas decorrem a 10 de março, foi feito hoje numa unidade hoteleira da capital cabo-verdiana, juntando o presidente e vice-presidente do Parlamento, ministros, secretários de Estado e assessores.

"Vou recandidatar-me à presidência do PAICV", assumiu José Maria Neves, líder do partido desde o congresso de 2000 e primeiro-ministro desde 2001, após três vitórias consecutivas com maioria absoluta em outras tantas eleições legislativas (2001, 2006 e 2011).

José Maria Neves, até agora o único candidato conhecido, assumiu que vai recandidatar-se para garantir a estabilidade do partido e do país, valor "essencial" para cumprir os compromissos contidos na agenda de transformação de Cabo Verde sufragados no programa apresentado pelo PAICV nas legislativas de fevereiro de 2011.

O novamente recandidato garantiu, porém, que não será primeiro-ministro se o PAICV voltar a vencer as legislativas de 2016, negando também, "pelo menos, para já", qualquer ambição ao Palácio do Plateau (Presidência da República), indicando que o partido decidirá ambas as questões em 2014 ou princípio de 2015.

Afirmando que o "para já" não implica qualquer "tabu", José Maria Neves ironizou, indicando que, se, hipoteticamente, anunciasse agora uma candidatura presidencial, tal poderia "precarizar" a posição do atual chefe de Estado, Jorge Carlos Fonseca.

"Em 2016 haverá uma nova liderança e o partido estará preparado para vencer as eleições e cumprir a agenda de transformação do país até 2030, altura em que Cabo Verde, ambicionamos, se tornará um país desenvolvido, pondo termo ao país de rendimento médio, de renda baixa", afirmou.

José Maria Neves também não adiantou qualquer nome para a sua sucessão, quer na liderança do partido, quer num eventual Governo a partir de 2016 e defendeu que o PAICV dispõe de "uma mão cheia de homens e outra de mulheres" com capacidade para tal, negando, porém, que haja "qualquer 'delfinização'".

O líder do PAICV escusou-se a fazer quaisquer comentários sobre a governação, nomeadamente sobre a vontade manifestada pelo ministro da Defesa, Jorge Tolentino, de abandonar o executivo, nem tão pouco sobre a decisão de Carlos Veiga, presidente do Movimento para a Democracia (MpD), abandonar também a liderança do partido da oposição em junho deste ano.

A apresentação política da recandidatura à liderança do PAICV será feita a 01 de março na Assembleia Nacional (AN), devendo o respetivo processo dar oficialmente entrada no sábado de manhã na sede do partido.

José Maria Neves, 53 anos, natural de Santa Catarina, concelho do interior de Santiago, onde nasceu a 28 de março de 1960, é licenciado em Administração Pública pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Brasil).

JSD // VM.

Estudo revela resíduos de pesticidas proibidos nos produtos agropecuários de Cabo Verde

22 de Fevereiro de 2013, 10:28

Cidade da Praia, 22 fev (Lusa) - Um estudo sobre "Resíduos de Pesticidas nos Produtos Agropecuários Nacionais", divulgado na Cidade da Praia pelo Ministério do Desenvolvimento Rural (MDR), revelou existência de vestígios de pesticidas não autorizados em Cabo Verde.

Segundo o coordenador do projeto, Celestino Tavares, os resultados do estudo, divulgado no site do MDR e citado pela agência Inforpress, apontam para uma incidência "insignificante" da utilização do pesticida, apesar da descoberta de utilização de pesticidas não autorizados nos produtos agropecuários nacionais.

Sobre a utilização de pesticidas não autorizada e cuja verificação do seu uso foi detetada na ilha de Santo Antão, Celestino Tavares disse que tudo indica para uma possível entrada clandestina de pesticida DDT no país, onde o produto não é permitido.

O estudo é fruto da recolha de amostras de solo, leite materno, produtos de origem animal e vegetal recolhidos nas ilhas de Santiago, Fogo, Santo Antão e São Vicente e enviados para laboratórios especializados na Alemanha e Inglaterra.

Sobre a questão, a ministra do Desenvolvimento Rural cabo-verdiana, Eva Ortet, salientou ser necessário sensibilizar os produtores nesse sentido e lembrou que Cabo Verde não pode competir com os outros países a nível de quantidade, exortando os produtores cabo-verdianos a preocuparem-se com a qualidade.

Para melhorar a utilização dos pesticidas, o estudo aponta recomendações que visam o reforço dos serviços de inspeção, campanhas de sensibilização e informação para a menor utilização possível dos pesticidas e um controlo rigoroso, para que os produtos que entram no país sejam legalizados.

O estudo recomenda também um reforço do trabalho a ser feito com os agricultores para que se respeite o intervalo de segurança, sobretudo no período que vai do tratamento à colheita.

O projeto "Resíduos de Pesticidas nos Produtos Agropecuários Nacionais" foi elaborado em parceria com a FAO, e está a ser implementado desde 2012, visando um diagnóstico de resíduos de pesticidas nos produtos agropecuários no arquipélago.

JSD // MLL.

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