Areias pesadas de
Varela, Guiné-Bissau, exploradas quatro anos por empresa russa
22 de Fevereiro de
2013, 11:33
Bissau, 22 fev
(Lusa) - O projeto de extração de areias pesadas de Varela, norte da
Guiné-Bissau, prevê a exploração de um milhão de metros cúbicos de areia ao
longo de quatro anos, de acordo com a proposta da empresa.
Segundo um
documento a que a Lusa teve acesso, na exploração da areia apenas cerca de
cinco a sete por cento é aproveitável, o que equivale a 119 mil toneladas de
minerais como ilmenite, zircão ou rútilo (em bruto).
O governo de
transição da Guiné-Bissau concedeu à empresa russa Poto SARL a exploração das
areias pesadas de Varela, uma localidade a norte do país, junto da fronteira
com o Senegal e onde fica maior praia continental da Guiné-Bissau.
Feito que está o
estudo de impacto ambiental, no passado fim de semana a Célula de Avaliação de
Impacto Ambiental e a Direção Geral do Ambiente organizaram a primeira audição
pública nas localidades que serão afetadas pelo projeto mas os moradores sentem
alguma desconfiança em relação ao mesmo.
A população, disse
hoje à Lusa fonte ligada ao processo e que esteve presente, exigiu que a
empresa as mantenha a par do que vai ser feito e também que os seus comentários
sejam integrados no estudo de impacto ambiental a ser entregue ao governo.
Os habitantes
querem nomeadamente saber custos e benefícios do projeto para a região, se há
perigo de radioatividade, qual o impacto dos camiões nas estradas de acesso à
mina e se o pó levantado pela exploração não poderá afetar a saúde e as
sementeiras.
Estiveram presentes
responsáveis da empresa, o governador e o administrador da região e as
entidades envolvidas na avaliação do impacto ambiental. Esta foi a primeira vez
que na Guiné-Bissau se fez uma audição pública.
De acordo com o
documento a que a Lusa teve acesso, a extração de areia será feita a uma
profundidade entre três e cinco metros através de uma plataforma flutuante que
filtra a areia, retém os minerais e volta a deixar a areia no local. Os
minerais serão depois transportados por camiões até ao porto de Bissau, de onde
serão exportados.
O projeto dará
emprego direto a mais de 50 pessoas e será uma fonte de rendimentos para o
Estado, que tem direito a 10 por cento do capital social da sociedade de
exportação, além de beneficiar de diversas taxas.
Como impactos
negativos o documento salienta a modificação da paisagem, a alteração do estado
natural do solo e a modificação do perfil da praia e aumento da erosão da
costa, já muito afetada devido às alterações climáticas.
No documento
admite-se que as águas subterrâneas poderão ser afetadas pela salinização e que
poderá haver destruição ou fragmentação dos habitats naturais da fauna
terrestre e marinha.
Está previsto o
relocalização de algumas famílias de uma aldeia que fica dentro da área de
exploração, disse a fonte à Lusa.
FP // PJA
Parlamentar
britânico insta deputados da Guiné-Bissau a liderarem processo de reconciliação
nacional
22 de Fevereiro de
2013, 13:41
Bissau, 22 fev
(Lusa) - O presidente da Comissão da Câmara de Lordes (Grã-Bretanha), Robin
Teverson, que hoje termina uma visita de uma semana à Guiné-Bissau, instou hoje
os deputados do país a liderarem o processo de reconciliação nacional.
Dirigindo-se à
sessão plenária do Parlamento, Robin Teverson afirmou que na situação atual da
Guiné-Bissau "só um Parlamento forte, coeso e determinado" poder
conduzir ao entendimento das diferentes sensibilidades do país.
Salientando o facto
de ser o primeiro cidadão britânico a dirigir-se aos deputados guineenses, Teverson
frisou que, no seu entender, o Parlamento da Guiné-Bissau "tem o dever de
guiar o país para um futuro melhor".
"O Parlamento
pode unir a Guiné-Bissau para que esta venha a ser uma nação forte e isso não é
nem tarefa do Governo, nem do cidadão comum, e muito menos dos militares",
notou o deputado britânico.
Teverson disse que,
para começar, o Parlamento guineense devia voltar a pôr em marcha o projeto de
diálogo nacional, colocando-se no centro da nação que, afirma, "tem um
futuro brilhante".
O parlamentar
britânico fez um reparo sobre o curso da democracia guineense, lamentando o
facto de a segunda volta das eleições presidenciais de 2012 não se ter
realizado devido ao golpe de Estado militar.
"Pudemos
observar quão livre, justa e transparente havia sido a primeira volta das
eleições presidenciais, que infelizmente não foram concluídas. A democracia
saiu minada com a não realização da segunda volta das presidenciais de
2012", defendeu.
O parlamentar
britânico assinalou que "uma importante delegação de deputados" do
seu país esteve na Guiné-Bissau aquando da primeira volta das presidenciais
interrompidas e que no futuro poderá enviar representantes em caso de eleições.
"A comunidade
internacional está disposta a ajudar a Guiné-Bissau se o Parlamento liderar o
processo para a reconciliação e que conduza para as eleições", notou Lorde
Teverson, cujo discurso foi interrompido durante dois minutos devido à falha da
energia elétrica no Parlamento.
O presidente do
Parlamento guineense, Ibraima Sory Djaló, considerou que a presença da
delegação chefiada pelo Lorde Teverson na Guiné-Bissau "é um apoio
incontestável" ao processo de transição em curso no país.
"Apelo ao
nosso ilustre hospede para que seja o porta-voz da Guiné-Bissau junto dos
países da União Europeia para que voltem a apoiar as reformas no nosso país e
particularmente a realização de eleições", disse Sory Djaló.
MB // VM.
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