NME – MLL - Lusa
Luanda, 27 fev
(Lusa) - Centenas de mulheres morrem anualmente em Angola devido a complicações
surgidas durante a gravidez e no pós-parto, anunciou hoje em Luanda a diretora
Nacional de Saúde Pública.
Adelaide de
Carvalho, que falava na abertura do Seminário Nacional de Validação do Roteiro
para a Melhoria da Saúde da Mãe e da Criança, precisou que o número de
angolanas que morrem anualmente se situa entre as 350 e as 400.
No final, em
declarações à imprensa, Adelaide de Carvalho disse que as hemorragias
contribuem em 30 por cento para os óbitos, seguindo-se os transtornos
hipertensos da gravidez, que rondam os 17 por cento, e a rutura uterina, com
valores ao redor dos 13 por cento.
A malária, de forma
indireta, também é uma causa de morte de mulheres grávidas, com uma taxa que
varia entre os 21 e os 25 por cento.
Apesar das medidas
preventivas, como a administração dos antipalúdicos a partir do quinto mês, a
cobertura ainda não atingiu as metas desejáveis, frisou.
"Em 2006, as
coberturas andavam ao redor dos 11 a 14 por cento e neste momento temos
coberturas superiores a 50 por cento. É baixa ainda, uma vez que a consulta
pré-natal está disponível em todas as unidades sanitárias", afirmou
Adelaide de Carvalho.
A responsável
sublinhou que as referidas causas podem não refletir exatamente a realidade,
por haver ainda "muita debilidade nos sistemas de registo",
salientando que está em estudo um programa para um sistema nacional de
vigilância da morte materna.
"Para além de
se fazer essa vigilância, esse sistema vai permitir também uma auditoria em
relação às causas de morte, porque é importante saber quais as causas, conhecer
o processo que levou para que essa morte se desencadeasse, para que depois se
possam encontrar as medidas, as intervenções para impedir que outras mortes
ocorram", frisou.
O recurso ao uso de
contracetivos é também um dos meios usados para a diminuição de mortes
maternas, mas Adelaide de Carvalho lamentou que, apesar de disponíveis os
serviços, a cobertura do planeamento familiar seja baixa, entre os 19 a 20 por
cento.
Segundo Adelaide de
Carvalho, as infeções pós-parto e por abortos realizados em condições
higienicamente pouco seguras, além das ruturas interinas, por falta de serviço
imediato de atendimento à mulher, também estão na base de muitas mortes
maternas em Angola.
"Todo o
esforço tem que continuar a ser feito na formação, na capacitação dos
profissionais de saúde, enfermeiros, enfermeiras parteiras, anestesistas,
obstetras, neonatologistas, justamente para que, em conjunto, essa equipa possa
resolver os principais problemas que afetam a saúde da mulher", referiu
aquela responsável do Ministério da Saúde de Angola.
Esse esforço
multissetorial, como referiu, implica investimentos muito grandes, não só a
nível dos serviços de saúde para melhorar o acesso e a prestação em si, mas
também na melhoria da educação das mulheres.
Nos últimos três
anos, Angola registou melhorias na cobertura dos serviços maternoinfantis,
saindo de uma cobertura de 18 a 20 por cento, em 2008, para uma cobertura de 40
por cento, nos últimos dois anos.
O seminário, que
visa a mobilização de esforços e de todos os atores principais para a melhoria
da saúde materna e das crianças, conta com a participação dos representantes e
técnicos de agências das Nações Unidas como a UNICEF e a OMS.
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