Expresso - Lusa
"Pelo bem de
Itália, todos têm de fazer sacrifícios. Não creio que a Itália não seja
governável", analisa Silvio Berlusconi depois da sua coligação também ter
perdido a votação no Senado italiano.
O líder da coligação de centro-direita e antigo primeiro-ministro italiano
Silvio Berlusconi pediu hoje sacrifícios aos partidos para que se consiga
governar o país, depois de as eleições gerais terem terminado sem maioria clara
no Senado.
Tal como na câmara
baixa, coligação de esquerda dirigida por Pier Luigi Bersani também ganhou a
votação no Senado, com 31,6% dos votos, que garantem 120 senadores, superando
ligeiramente a coligação de centro-direita de Silvio Berlusconi, que obteve
30,72% das preferências e 117 lugares.
"Pelo bem de
Itália, todos têm de fazer sacrifícios. Não creio que a Itália não seja
governável", disse Berlusconi durante uma intervenção telefónica num
programa da televisão "Canale 5". Para o ex-primeiro-ministro a
solução não passa por repetir as eleições.
Também o presidente
do Parlamento Europeu, Martin Schulz, apelou ao diálogo das forças políticas em
Itália perante o empate técnico no Senado. "Se não for esse o caso, existe
seguramente a ameaça de uma nova fase de insegurança como a que acabámos de
superar (na zona euro)", disse Schulz em declarações à emissora pública
alemã da rádio Deutschlandfunk.
O presidente do
Parlamento Europeu não escondeu a surpresa com o resultado das eleições em
Itália, que considerou "difícil de interpretar", mas reconheceu que a
vitória da aliança de centro esquerda na câmara baixa demonstra o ceticismo do
eleitorado com as medidas de cortes unilaterais.
Ainda assim,
qualificou de "fenomenal" a forma como o ex-primeiro-ministro Silvio
Berlusconi foi capaz de se reinventar e fazer campanha como se nunca tivesse
governado Itália. Antes das eleições, Schulz, que é membro da social-democracia
alemã, apelara ao eleitorado italiano que votasse com a força da razão e
rejeitasse Berlusconi, que acusou de ser culpado pela crise económica de
Itália.
A coligação de
centro-direita de Silvio Berlusconi, formada pelo partido Povo da Liberdade, a
Liga Norte e outras formações de direita, obteve 30,72% dos votos para o
Senado, o que representa 117 senadores, enquanto o centro-esquerda reuniu
31,6%, o que equivale a 120 senadores.
O Movimento Cinco
Estrelas do ator e comediante Beppe Grilo conseguiu 23,72% dos votos,
convertendo-se na terceira força mais votada do país. Já o antigo presidente do
Governo e tecnocrata Mario Monti e a sua coligação centrista composta pelo
Futuro e Liberdade (FLI) e União dos Democratas-Cristãos e Democratas de Centro
(UDC) obteve apenas 9,13% dos votos.
O resultado do
Senado é considerado chave no peculiar sistema eleitoral italiano, que atribui
o prémio da maioria à coligação vencedora região a região, com territórios como
o da Lombardia (norte), onde o centro-direita vai buscar votos, a responder por
quase cinquenta senadores.
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