Berlusconi? Grillo?
Ou quem? Às vésperas das eleições no país, partidos políticos italianos não
conseguem definir programas que possam levar a uma solução da crise. Faltam
coerência e seriedade.
Segundo as mais
recentes previsões da Comissão Europeia, a Itália só irá começar a superar a
recessão por que passa em 2014. Até lá, as taxas de desemprego deverão subir
ainda mais, ultrapassando os 12%. O cientista político Lutz Klinkhammer,
especialista em questões ligadas à Itália e pesquisador do Instituto Histórico
Alemão de Roma, confirma a tese de que a crise não poderá ser superada com
facilidade nos próximos tempos.
Segundo ele, os
eleitores gostam de ouvir as promessas das campanhas eleitorais, segundo as
quais a política de austeridade do Estado deveria ser afrouxada. Não somente o
ex-premiê Silvio Berlusconi, como também a estrela da campanha eleitoral, o
ex-comediante Beppo Grillo, e alguns políticos de esquerda defendem
restituições generosas de impostos e um afrouxamento da política de
austeridade.
Falta programa
coerente
O cientista
político salienta que nem os partidos de centro-esquerda nem os de
centro-direita apresentam plataformas políticas convincentes visando um fim da
crise. "A maioria dos partidos não apresentou um plano coerente no que diz
respeito à política econômica."
Exceto o ex-premiê
Mario Monti, que deu sinais de querer perpetuar a atual política econômica,
"todos os partidos querem fomentar empregos, mas nenhum deles tem um
programa coerente para as medidas de austeridade. E está aí a necessidade de
fazer alguma coisa ativamente. Aumentar a arrecadação de impostos não é
certamente uma receita genericamente válida", analisa Klinkhammer.
A Itália caminha
para um percentual de 130% de endividamento público. Os juros de mais de 6%
para os títulos públicos italianos resultaram numa crise grave na zona do euro
há menos de 14 meses. Hoje, o chamado spread gira em torno de 4%.
"Il spread, que se tornou um novo termo em uso da Itália, perdeu seu poder
aterrorizante", acredita Klinkhammer.
O conservador
Berlusconi, que foi obrigado a renunciar exatamente por causa da alta dos juros
em novembro de 2011, sugere que o spread e as altas taxas de juros
tenham sido uma invenção dos alemães. "Os italianos estão atualmente
desiludidos, tendem antes a acreditar em manipulação de cotações e em tramoias
dos bancos", diz Klinkhammer.
Uma Itália
interessante para os investidores
Norbert Pudzich,
diretor da Câmara de Comércio Ítalo-Alemã, em Milão, afirma que a Itália dispõe
de uma base industrial forte, que fabrica produtos de exportação com sucesso de
mercado: máquinas e instalações, veículos, produtos sintéticos e químicos. Só
muito depois é que vem a moda e a mussarela.
Os problemas da
economia estão nas más condições gerais e nas estruturas obsoletas, aponta.
"A Itália perdeu grande parte de seu poder de atração como local de
investimentos para empresários. O governo precisaria melhorar sensivelmente os
fatores que favorecem esses investimentos e teria que implementar a reforma fiscal,
há muito necessária. Isso faria com que os empresários italianos resolvessem
investir novamente em suas empresas e os do exterior recuperassem o prazer de
investir no país."
Pudzich tampouco
reconhece, nas plataformas dos partidos políticos, soluções para os problemas.
A agência de rating Standard & Poor's já alertou preventivamente
que, no caso da Itália, um governo instável poderá levar os juros às alturas,
impulsionando ainda mais a crise de endividamento da zona do euro. Ou seja:
tudo leva a crer que uma solução para a atual recessão no país ainda vai estar
longe, mesmo depois das eleições.
Autor: Bernd
Riegert (sv) - Revisão: Augusto Valente
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