domingo, 10 de fevereiro de 2013

Governo de São Tomé e Príncipe continua sem reagir ao escândalo envolvendo a nova PGR




Voz da América

Elsa Pinto protelou a entrevista com a Voz da América e há informações de pressões políticas para que a mesma se demita do cargo para o qual foi empossada na Terça-feira
Em São Tomé o governo está a ser alvo de críticas depois da eclosão de um escândalo envolvendo a recém-empossada procuradora-geral da república.

Elsa Pinto é acusada de ter passado cheque sem cobertura e o governo que terá tido o conhecimento do caso antes de sua entrada em funções procura agora remediar a situação negociando com o autor da queixa.

Pelo menos até ontem de manhã, o autor da queixa contra Elsa Pinto no ministério público tinha estado em contacto com a Voz da América e garantiu que tinha recebido um telefonema de sua advogada que lhe transmitiu que o governo estava pronto a pagar a dívida do valor de 270 milhões de dobras – o equivalente a cerca de 15 mil dólares.

Essa dívida foi contraída pela procuradora-geral Elsa Pinto, em 2011 quando era candidata as eleições presidenciais e consistiu no aluguer de mais de uma dezena de viaturas. Segundo o proprietário da empresa Prestígio, Elsa Pinto terá usado as viaturas para a sua campanha política e o entregou em Junho daquele ano um cheque no valor atrás referido, para serem cobrados só a partir de Novembro.

A Voz da América que conseguiu obter cópias do referido cheque assim como da queixa, apresentados ao ministério público pelo proprietário e gerente da empresa em questão, pode confirmar que efectivamente o cheque foi devolvido pelo Banco Internacional de São Tomé e Príncipe por falta de provisão e contém uma anotação do mesmo banco datada de 09 de Novembro de 2011.

Quanto a queixa, ela foi apresentada no dia 10 de Novembro, ou seja no dia seguinte a falhada transação bancária, e vem assinada por Herlander de Sousa Pinto Leal. O mesmo senhor com quem a reportagem da Voz da América esteve em contactos nos últimos dois dias, e que inicialmente se tinha disponibilizado a dar uma entrevista para confirmar o sucedido, desde que tivesse o aval de sua advogada.

Ainda ontem de manhã o Sr. Herlander Leal confidenciou-nos de que recebeu na véspera a garantia de sua advogada de que o governo estava a ultimar os expedientes para saldar a dívida e por isso já não estava interessado em dar a entrevista. No entanto, prometeu que iria o mais tardar, até o início da noite em São Tomé confirmar se houve ou não a transferência do dinheiro em causa e da sua proveniência. Infelizmente e desde então o Herlander Leal deixou de responder aos nossos telefonemas, que sejam para o telemóvel como para o telefone fixo da empresa.

Uma fonte no governo disse, entretanto, a Voz da América que o proprietário da firma Prestígio foi coagido a não falar e o seu silêncio é vital para o executivo poder gerir a situação, pelo menos até que encontre uma via de saída deste imbróglio.

Importa referir que a nossa reportagem teve também a oportunidade de falar pessoalmente na Quarta-feira a noite com a Procuradora-geral da República, Elsa Pinto, que além de desmentir a história do cheque sem cobertura, alegando tratar-se de uma difamação orquestrada pelo seu antecessor Roberto Raposo, se disponibilizou para ser entrevistada hoje Sexta-feira.

Lembramos que ao longo dessa conversa, Elsa Pinto reconheceu que ainda tinha dívidas de campanha a saldar e justificou-se alegando que à semelhança de muitos outros candidatos que tinham dívidas por pagar e que foram forçados a faze-lo através de cartas abertas, ela também se encontrava na mesma situação.

Hoje e a hora combinada fomos atendidos pela sua secretária que se desculpou tendo remetido para mais tarde o tete-a-tete, que só poderia ter lugar as 4:30 da tarde de São Tomé. Chegada a hora, fomos novamente informados pela secretária da impossibilidade da sua chefe em responder as nossas questões por falta de tempo.

No governo, conseguimos falar hoje com a ministra da justiça, Edite Ten Jua, que também escusou-se em comentar o caso com a alegação de que não tinha tempo. Ao nível da presidência da república os números para os quais chamamos, alguns estavam impedidos e outros fora de serviço.

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