Antiga ministra da
Guiné-Bissau Odete Semedo acusa Ministério Público de lhe mover processo por
"perseguição pessoal"
16 de Fevereiro de
2013, 14:42
Bissau, 16 fev
(Lusa) - A escritora e antiga ministra da Guiné-Bissau Odete Semedo acusou hoje
o Ministério Público guineense de lhe mover um processo sem factos ou
fundamentos credíveis e apenas por "perseguição pessoal".
"O processo é
considerado por mim como um ato cobarde de perseguição pessoal e completamente
esvaído de factos ou fundamentos que pudessem levar um órgão de polícia
criminal credível a instaurar semelhante processo", disse hoje em
conferência de imprensa.
O Ministério
Público aplicou a Odete Semedo o termo de identidade e residência no âmbito de
um processo que envolve atos praticados quando a responsável era chefe de
gabinete de Raimundo Pereira, Presidente interino da Guiné-Bissau deposto no
golpe de Estado de 12 de abril do ano passado.
Fonte do Ministério
Público disse recentemente à Lusa que em causa estarão cerca de 350 milhões de
francos CFA (mais de 500 mil euros) que a responsável terá autorizado levantar
no banco e cujo destino se desconhece.
Hoje, na
conferência de imprensa, Odete Semedo não quis adiantar pormenores sobre o
caso, por estar em segredo de justiça.
"Apenas posso
afirmar que o processo-crime contra mim instaurado baseia-se abusiva e
deliberadamente na interpretação deturpada de factos e das funções que
estiveram na sua génese. Antes de mim, e estou certa que mesmo neste momento
continuam a ser praticados os mesmos atos, fundamentados na mesma lei, sem que
em nenhum momento um órgão como Ministério Público tivesse tido a iniciativa de
acusar ou sequer investigar", afirmou.
"Foi um ato
lícito, previsto na lei, feito por anteriores chefes de gabinete e certamente
pelos atuais", explicitou Ruth Monteiro, advogada de Odete Semedo.
Odete Semedo
lamentou que a Procuradoria, "em vez de instaurar processos contra autores
de espancamentos e assassinatos, se dedique a perseguir cidadãos exemplares e
impolutos", acrescentando que, se no entanto tais processos foram
instaurados, sobre eles o Ministério Público soube guardar segredo.
"Com a notícia
assim divulgada apenas se pretendeu manchar algo que me é muito caro, a minha
honra, dignidade, imagem de profissional competente, trabalhadora, impoluta e
incorruptível", disse, pedindo aos titulares dos órgãos de polícia
criminal, delegados do Ministério Público e tribunais para que "se
abstenham de violações dos direitos dos cidadãos e da lei, como parece ter
acontecido com o processo" em que está envolvida.
Odete Semedo disse
ainda que foi convocada para comparecer no Ministério Público como declarante e
que só lá lhe disseram que afinal não era declarante ma sim suspeita.
Licenciada em
Línguas e Literaturas Modernas, antiga ministra da Educação e da Saúde,
escritora, Odete Semedo é investigadora do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisa da Guiné-Bissau.
Foi chefe de
gabinete de Raimundo Pereira, que assumiu a Presidência da República da
Guiné-Bissau após a morte do Presidente eleito, Malam Bacai Sanhá, em janeiro
de 2012, e que foi deposto no golpe de Estado de 12 de abril do mesmo ano.
FP // PJA
"Fidjus di
Bideras", academia de futebol nasce em Bissau
16 de Fevereiro de
2013, 19:09
Bissau, 16 fev
(Lusa) - Formar futebolistas com aptidões para jogar em países europeus é
objetivo da "Academia Fidjus di Bideras", uma academia de futebol
hoje apresentada em Bissau e que já treina 25 jovens.
O projeto começou
há cerca de três meses mas só hoje foi apresentado formalmente, com a ação de
promoção a terminar com um jogo entre os jovens da academia e uma equipa sénior
de Bissau.
Adilé Sebastião, um
dos promotores da Academia, que vive em Portugal para onde emigrou aos 13 anos
para jogar futebol (Leixões, Boavista e Salgueiros), explicou à Lusa que muitos
jovens que chegam a Portugal e a outros países da Europa lhes falta muitas
vezes "as bases", que não adquiriram no país de origem.
São essas
"bases" que a Academia quer lançar agora na Guiné-Bissau, promovendo
e desenvolvendo o talento dos jovens e fazendo "com que a Guiné-Bissau
viva o que Cabo Verde está a viver neste momento" (chegou à fase final do
campeonato africano).
Segundo Adilé
Sebastião a ideia é começar a formar jovens a partir dos sete ou oito anos, que
irão para a Academia para aprender futebol mas também para ter aulas de acordo
com o currículo da Guiné-Bissau e ainda outras "disciplinas essenciais,
para que uma vez na Europa estejam ao nível dos outros da idade deles".
Neste momento,
disse, os 25 quartos da academia estão ocupados com jovens com mais idade
(média de 16 anos) "que têm muito valor". A média etária irá baixando
pouco a pouco, disse.
"Na
Guiné-Bissau infelizmente o aspeto da educação tem sido negligenciado. Nós
queremos primeiro formar homens, cidadãos, e depois jogadores. Sabemos que nem
todos serão bons jogadores mas esperamos formar bons homens", salientou.
Com ideias de
alargar o projeto e de procurar jovens promissores em todo o país, Sebastião
diz que para já os jovens que estão na Academia têm todo o apoio em termos de
estudos, dormida e refeições mas também material para desporto e um treinador
vindo da Europa, que já trabalhou com nomes conhecidos do futebol português
(André Villas Boas e Augusto Inácio).
Os treinos são num
campo emprestado mas a "Fidjus di Bideras" vai construir o seu
próprio campo de futebol, nos arredores de Bissau, disse o responsável. Para
usufruir dele no futuro, como do lar e das refeições, dos cuidados médicos e
das aulas, os jovens não pagam qualquer propina. "Apenas têm de ter
talento", garante Sebastião.
FP // PGF
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