domingo, 17 de fevereiro de 2013

Guiné-Bissau: PERSEGUIÇÃO A EX-MINISTRA, FIDJUS DI BIDERAS É ACADEMIA DE FUTEBOL




Antiga ministra da Guiné-Bissau Odete Semedo acusa Ministério Público de lhe mover processo por "perseguição pessoal"

16 de Fevereiro de 2013, 14:42

Bissau, 16 fev (Lusa) - A escritora e antiga ministra da Guiné-Bissau Odete Semedo acusou hoje o Ministério Público guineense de lhe mover um processo sem factos ou fundamentos credíveis e apenas por "perseguição pessoal".

"O processo é considerado por mim como um ato cobarde de perseguição pessoal e completamente esvaído de factos ou fundamentos que pudessem levar um órgão de polícia criminal credível a instaurar semelhante processo", disse hoje em conferência de imprensa.

O Ministério Público aplicou a Odete Semedo o termo de identidade e residência no âmbito de um processo que envolve atos praticados quando a responsável era chefe de gabinete de Raimundo Pereira, Presidente interino da Guiné-Bissau deposto no golpe de Estado de 12 de abril do ano passado.

Fonte do Ministério Público disse recentemente à Lusa que em causa estarão cerca de 350 milhões de francos CFA (mais de 500 mil euros) que a responsável terá autorizado levantar no banco e cujo destino se desconhece.

Hoje, na conferência de imprensa, Odete Semedo não quis adiantar pormenores sobre o caso, por estar em segredo de justiça.

"Apenas posso afirmar que o processo-crime contra mim instaurado baseia-se abusiva e deliberadamente na interpretação deturpada de factos e das funções que estiveram na sua génese. Antes de mim, e estou certa que mesmo neste momento continuam a ser praticados os mesmos atos, fundamentados na mesma lei, sem que em nenhum momento um órgão como Ministério Público tivesse tido a iniciativa de acusar ou sequer investigar", afirmou.

"Foi um ato lícito, previsto na lei, feito por anteriores chefes de gabinete e certamente pelos atuais", explicitou Ruth Monteiro, advogada de Odete Semedo.

Odete Semedo lamentou que a Procuradoria, "em vez de instaurar processos contra autores de espancamentos e assassinatos, se dedique a perseguir cidadãos exemplares e impolutos", acrescentando que, se no entanto tais processos foram instaurados, sobre eles o Ministério Público soube guardar segredo.

"Com a notícia assim divulgada apenas se pretendeu manchar algo que me é muito caro, a minha honra, dignidade, imagem de profissional competente, trabalhadora, impoluta e incorruptível", disse, pedindo aos titulares dos órgãos de polícia criminal, delegados do Ministério Público e tribunais para que "se abstenham de violações dos direitos dos cidadãos e da lei, como parece ter acontecido com o processo" em que está envolvida.

Odete Semedo disse ainda que foi convocada para comparecer no Ministério Público como declarante e que só lá lhe disseram que afinal não era declarante ma sim suspeita.

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, antiga ministra da Educação e da Saúde, escritora, Odete Semedo é investigadora do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau.

Foi chefe de gabinete de Raimundo Pereira, que assumiu a Presidência da República da Guiné-Bissau após a morte do Presidente eleito, Malam Bacai Sanhá, em janeiro de 2012, e que foi deposto no golpe de Estado de 12 de abril do mesmo ano.

FP // PJA

"Fidjus di Bideras", academia de futebol nasce em Bissau

16 de Fevereiro de 2013, 19:09

Bissau, 16 fev (Lusa) - Formar futebolistas com aptidões para jogar em países europeus é objetivo da "Academia Fidjus di Bideras", uma academia de futebol hoje apresentada em Bissau e que já treina 25 jovens.

O projeto começou há cerca de três meses mas só hoje foi apresentado formalmente, com a ação de promoção a terminar com um jogo entre os jovens da academia e uma equipa sénior de Bissau.

Adilé Sebastião, um dos promotores da Academia, que vive em Portugal para onde emigrou aos 13 anos para jogar futebol (Leixões, Boavista e Salgueiros), explicou à Lusa que muitos jovens que chegam a Portugal e a outros países da Europa lhes falta muitas vezes "as bases", que não adquiriram no país de origem.

São essas "bases" que a Academia quer lançar agora na Guiné-Bissau, promovendo e desenvolvendo o talento dos jovens e fazendo "com que a Guiné-Bissau viva o que Cabo Verde está a viver neste momento" (chegou à fase final do campeonato africano).

Segundo Adilé Sebastião a ideia é começar a formar jovens a partir dos sete ou oito anos, que irão para a Academia para aprender futebol mas também para ter aulas de acordo com o currículo da Guiné-Bissau e ainda outras "disciplinas essenciais, para que uma vez na Europa estejam ao nível dos outros da idade deles".

Neste momento, disse, os 25 quartos da academia estão ocupados com jovens com mais idade (média de 16 anos) "que têm muito valor". A média etária irá baixando pouco a pouco, disse.

"Na Guiné-Bissau infelizmente o aspeto da educação tem sido negligenciado. Nós queremos primeiro formar homens, cidadãos, e depois jogadores. Sabemos que nem todos serão bons jogadores mas esperamos formar bons homens", salientou.

Com ideias de alargar o projeto e de procurar jovens promissores em todo o país, Sebastião diz que para já os jovens que estão na Academia têm todo o apoio em termos de estudos, dormida e refeições mas também material para desporto e um treinador vindo da Europa, que já trabalhou com nomes conhecidos do futebol português (André Villas Boas e Augusto Inácio).

Os treinos são num campo emprestado mas a "Fidjus di Bideras" vai construir o seu próprio campo de futebol, nos arredores de Bissau, disse o responsável. Para usufruir dele no futuro, como do lar e das refeições, dos cuidados médicos e das aulas, os jovens não pagam qualquer propina. "Apenas têm de ter talento", garante Sebastião.

FP // PGF

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