CORRIERE
DELLA SERA, MILÃO – Presseurop – imagem Francesco Alesi /
Internazionale
Os jovens com menos
de 30 anos nunca viveram uma situação tão precária. São também os grandes
banidos da campanha eleitoral para as legislativas de 24 e 25 de fevereiro.
Ninguém poderá
acusar o futuro governo de não ter cumprido as suas promessas aos jovens
italianos, pela simples razão de não ter feito nenhuma. Para já, os novos
eleitores são os grandes excluídos da campanha eleitoral. A política faz
lembrar uma discoteca, que tem à porta gorilas que os impedem de entrar.
As cinco coligações
concorrentes parecem ter saído direitinhas de Gangnam Style: agitam-se,
gesticulam, balançam-se, para atrair as luzes dos projetores. Os jovens
italianos veem-nas por um canudo e inserem observações sobre o seu
desapontamento nas redes sociais. A tentação da abstenção é forte, mas
abster-se seria fazer o jogo dos maldizentes da política, que estão
precisamente à espera disso.
O mundo político
não reage
As redes sociais
tradicionais desagregam-se progressivamente. As famílias esgotaram as suas
reservas de paciência e de dinheiro. É o que mostram as lojas de compra de
ouro, o mercado imobiliário e a evolução do consumo de bens duradouros. A taxa
de desemprego juvenil (15-24 anos) atinge os 37%, um recorde desde 1992. E
trata-se da média nacional. Imagine-se em que estado se encontra o Sul de
Itália. Em dez anos, a percentagem de licenciados italianos que partiram em
busca de oportunidades no estrangeiro passou de 11% para 28%.
Perante fenómenos
desta amplitude, teríamos direito a esperar uma reação dos políticos; que se
interrogassem, tomassem decisões, preparassem estratégias precisas e medidas
concretas. Nenhum país pode, decentemente, permitir-se sacrificar uma geração
inteira. Esperança vã: os nossos candidatos digladiam-se violentamente sobre os
impostos e as pensões de reforma. Dirigem-se apenas àqueles que têm emprego ou
que o tiveram em tempos. Dá ideia que os outros, aqueles que correm o risco de
nunca arranjar emprego, não contam para nada. A geração dos menos de trinta
anos está em vias de se tornar transparente. A longo prazo, a frustração poderá
gerar a cólera, com consequências dramáticas. Os indícios prenunciadores não
faltam.
A bulimia
televisiva dos veteranos da política – 63 horas para Silvio Berlusconi, 62 para
Mario Monti, 28 para Pier Luigi Bersani (PD, Partido Democrata, esquerda),
entre 2 de dezembro e 14 de janeiro de 2013 – poderá vir a parecer provocação.
A passagem pela televisão de Antonio Ingroia (juiz antimáfia que encabeça a
lista Revolução Cívica, à esquerda do PD) transforma-se numa luta de todos
contra todos. Longe dos ecrãs, Beppe
Grillo (Movimento 5 Estrelas) não faz muito melhor. As coisas causam
uma sensação de já visto e já ouvido. A Itália política de 2013 assemelha-se à
pequena cidade de O feitiço do tempo, cujo
protagonista, interpretado por Bill Murray, acorda todas as manhãs para
enfrentar sempre o mesmo dia.
Não ridicularizar
os líderes de amanhã
Os ardores de
exaltação da juventude do Governo Monti limitaram-se à reintrodução da formação
profissional e a uma "Agenda digital" [medidas em favor da inovação e
da informatização de dados administrativos] difícil de pôr em prática. O
Movimento 5 Estrelas propõe "um subsídio de desemprego garantido",
sem explicar de onde virá o financiamento. A direita, que evita falar dos
jovens, baniu-os das suas listas, para deixar espaço para a guarda pretoriana
do seu chefe. Apesar de apresentar algumas novas cabeças, a esquerda não propõe
qualquer medida radical a favor dos seus jovens compatriotas. O empréstimo de
honra, sugerido por Anna Finocchiaro [antiga ministra da Igualdade de Oportunidades,
presidente do grupo do PD no Senado], não passa de um penso rápido para tratar
uma fratura, quando aquilo de que precisamos é de flexibilidade na contratação
e no despedimento.
Se quisermos mãos
novas e robustas ao leme de Itália, não devemos ofender os pilotos de navio de
amanhã: eles deixar-nos-ão em terra, e com razão. Sobretudo, não digamos que
queremos ajudá-los, quando não estamos dispostos a renunciar a nada por eles.
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