terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Oposição cabo-verdiana em bloco critica proposta de alteração do regime de pensão social




JSD – VM - Lusa

Cidade da Praia, 26 fev (Lusa) - O Movimento para a Democracia (MpD - oposição) criticou a proposta de lei que altera o regime de pensão social apresentada pelo Governo de Cabo Verde, considerando que a opção é "errada" e prejudica os mais carenciados.

Ao interpelar na segunda-feira o Governo sobre a matéria, a deputada do principal partido da oposição Janine Lelis, citada pela Inforpress, acusou o executivo cabo-verdiano de tentar alterar, "de forma sorrateira e às escondidas", o regime de pensão social, "com o objetivo de prejudicar aqueles que têm menos rendimentos".

Para o líder da bancada do MpD, Fernando Elísio Freire, o Governo "pouparia muito mais", diminuindo o número de diretores gerais "que acumulam os cargos de administradores" do que com a majoração sobre os mais carenciados.

Discordando também desta proposta de lei, o presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID - oposição), António Monteiro, defendeu que se tem "brincado um pouco com a pobreza de muitos" cabo-verdianos.

António Monteiro criticou a alteração da lei e disse que não entende o porquê do Governo apresentar um decreto-lei que, na prática, vem retirar dinheiro aos pensionistas com a justificação de alargar a pensão a outras pessoas necessitadas.

Em reação às críticas, a ministra da Juventude, Emprego e Desenvolvimento dos Recursos Humanos cabo-verdiana, Janira Hopffer Almada, explicou que a decisão foi tomada tendo em conta que não valeria a pena continuar a prever um acréscimo na lei sem que, na prática, existam condições para a sua atribuição.

O Governo considera que "a proposta de retirada do princípio de majoração do valor da pensão social na ordem de 50 por cento, estabelecida no decreto-lei que instituiu a Proteção Social Mínima e a Pensão do Regime Não Contributivo de Segurança Social, decorre da necessidade de não se alimentar falsas expetativas aos potenciais beneficiários.

"As alterações visam evitar que pessoas que já auferiam uma pensão do sistema contributivo também recebessem a pensão social mínima, enquanto outros não recebem nada", justificou a ministra.

O diploma que visa alterar os atos legislativos que instituíram a proteção social mínima e a pensão do regime não contributivo de segurança social foi vetado recentemente pelo presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, que solicitou uma nova apreciação, na expetativa de ver melhorado o diploma.

Jorge Carlos Fonseca justificou o veto político, alegando que o executivo, por razões orçamentais, pretende suprimir os acréscimos de 50 por cento relativos à pensão social de invalidez dos beneficiários que atingem os 60 anos.

O chefe de Estado cabo-verdiano julga "não ser adequado nem justo" que, num contexto de crise, a tendência de melhoria das condições das camadas mais vulneráveis, iniciada em 1995, e incrementada, ainda, em 2010 seja "bruscamente invertida".

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