Tiago Mesquita –
Expresso, opinião
Os banqueiros da
nossa praça aparecem incessantemente na televisão a carpir mágoas. Fernando
Ulrich chega a dizer que "aquela situação (sem-abrigo) eu também posso vir
a passar ou a minha família". A crise é, para estes senhores, uma espécie
de febre dos fenos, um vírus para o qual não contribuiriam em nada em termos de
propagação e, como bons doutores que são, limitam-se a dar sugestões e
orientações ao governo de possíveis tratamentos. Sempre a bem do país -
obviamente. Nada por eles, tudo pela Nação.
Já os
governos, são o mordomo acéfalo que obedece cegamente aos senhores da banca.
Marionetas financeiras. Ricardo Salgado, o verdadeiro primeiro-ministro,
Ulrich, entre outros banqueiros da praça, 'fazem' e 'desfazem' sucessivos
executivos, conforme as conveniências. Independentemente das orientações
políticas, fazem destes o que bem entendem. E obtêm, sempre e sem exceção, o
que pretendem.
É preciso salvar o
BPN ou morremos todos à fome. Nacionalize-se. Resultado? Sete mil milhões
de euros dos contribuintes para pagar as avarias de meia dúzia de criminosos. CORRUPTOS. O BPN deveria ter falido, ponto final. É preciso salvar o
Banif? Mais 1,100 milhões euros. Recapitalizar o BPI e a CGD? Tomem lá 3 mil
milhões e dividam. Para estes senhores há sempre dinheiro. Com ou sem
crise. Com boa ou miserável gestão, estão sempre safos.
"O Santander, presidido por António Vieira Monteiro, registou de
2011 para 2012 um aumento superior a 200% de 63,9 milhões para 250 milhões
de euros."
"O BPI
registou lucros consolidados de 249,1 milhões de euros em 2012, em comparação
com prejuízos de 284,9 milhões no ano anterior".
"O BES atingiu
no total de 2012 um lucro de 96,1 milhões de euros, invertendo os prejuízos de
108,8 milhões de euros de 2011."
Tendo em conta o
cenário económico dantesco de recessão que atravessamos, com níveis de
desemprego e de falência absolutamente recordes, expliquem-me como é possível
apresentarem estes resultados e, não satisfeitos, ainda terem o desplante de
falar em "austeridade necessária"?
São estas pessoas,
que despedem centenas de funcionários no mesmo ano em que pedem dinheiro ao
ESTADO e apresentam lucros milionários, no pior ano de austeridade de que há
memória, que nos dão lições de moral? Até quando vão estes senhores
continuar a gozar connosco?
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