Luís Menezes Leitão
– Jornal i, opinião
A celebração do
Carnaval corresponde a uma tradição muito antiga. Antes do início do período de
jejum e abstinência característico da Quaresma, as populações organizavam uma
última festividade, em que davam largas à sua alegria. Apesar de não ser
feriado obrigatório, a terça-feira de Carnaval era sempre comemorada, já que as
convenções colectivas estipulavam esse feriado, e era tradicional a Função
Pública gozar de tolerância de ponto nesse dia. O princípio do fim do governo
de Cavaco Silva foi a recusa da concessão dessa folga, sendo que a sua
concessão no ano seguinte não corrigiu essa situação.
Na sua sanha contra
os feriados, o primeiro-ministro obriga mais uma vez os funcionários públicos a
trabalhar no dia de Carnaval. É um erro político colossal. Os próprios
imperadores romanos sabiam que para o povo estar satisfeito tinham de lhe dar
pão e circo (panem et circenses). Com os sucessivos cortes de salários e
aumento de impostos que decreta, o governo todos os dias retira o pão aos
portugueses. Teria sido inteligente que ao menos lhes deixasse o circo. Este
tipo de actos gratuitos irrita seriamente a população contra o governo. Com uma
execução orçamental a colapsar, deste governo nada ficará a não ser esta
imagem. Vão ver o resultado nas próximas eleições.
Professor da
Faculdade de Direito de Lisboa - Escreve à terça-feira
*imagem em We Have Kaos in the Garden - O carnaval de Passos e Portas
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