ISABEL ARRIAGA E CUNHA (Bruxelas) -
Público
Previsões
económicas de Bruxelas agravam cenário de recessão inicialmente previsto pelo
Governo e pela própria Comissão Europeia.
A economia
portuguesa vai cair este ano 1,9%, quase o dobro do previsto, que se segue a
uma contracção muito superior ao esperado de 3,2% em 2012, avança a Comissão
Europeia nas suas previsões económicas publicadas esta sexta-feira de manhã.
Bruxelas assume sem
rodeios que estas projecções – que contrastam com as suas anteriores
estimativas e do Governo de um crescimento negativo de 1% este ano e de 1,8% no
passado – constituíram uma evolução "inesperada" e mesmo uma
"surpresa", que atribui sobretudo ao aumento do desemprego, à queda
do consumo interno e à redução das exportações em resultado da deterioração da
conjuntura europeia.
Segundo Bruxelas,
aliás, o desemprego, que atingiu no ano passado 15,7% da população activa
continuará a aumentar até atingir um "pico" de 17,5% este ano. Esta
evolução continuará a pesar sobre o consumo interno, que por sua vez continuará
a afectar o crescimento económico pelo menos durante a primeira metade deste
ano.
Apesar disso, a
Comissão acredita que a economia portuguesa poderá começar a descolar no
segundo semestre de 2013 e conhecer uma "ligeira" retoma de
0,8% em 2014.
Os riscos negativos
que pesam sobre estas previsões são no entanto elevados, de tal forma que
Bruxelas admite que poderão voltar a ter de ser revistas em baixa: este será o
caso se o agravamento do desemprego e os aumentos de impostos assumidos no
quadro do ajustamento orçamental português tiverem um impacto na economia pior
do que o previsto.
Outros factores em
que a Comissão baseia as perspectivas de retoma da economia portuguesa são a
evolução positiva da situação dos mercados financeiros e das trocas comerciais,
duas áreas que permanecem "frágeis".
Bruxelas admite
aliás implicitamente que por todas estas razões, o objectivo de um défice
orçamental de 2,9% do PIB em 2014 – previsto no programa de ajustamento
assumido pelo país junto dos credores internacionais – poderá estar em risco
porque depende da confirmação da retoma da actividade como previsto no segundo
semestre deste ano, o que permanece rodeado de incerteza.
O cumprimento do
défice previsto para 2014 também está dependente da redução
"permanente" das despesas públicas no valor de 1,75 pontos
percentuais – uma referência às poupanças permanentes de 4 mil milhões de euros
nos gastos do Estado que o Governo quer realizar.
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