sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Portugal: ECONOMIA CONTRAI ESTE ANO 1,9% E DESEMPREGO SOBE PARA 17,5%




ISABEL ARRIAGA E CUNHA (Bruxelas) - Público

Previsões económicas de Bruxelas agravam cenário de recessão inicialmente previsto pelo Governo e pela própria Comissão Europeia.

A economia portuguesa vai cair este ano 1,9%, quase o dobro do previsto, que se segue a uma contracção muito superior ao esperado de 3,2% em 2012, avança a Comissão Europeia nas suas previsões económicas publicadas esta sexta-feira de manhã.

Bruxelas assume sem rodeios que estas projecções – que contrastam com as suas anteriores estimativas e do Governo de um crescimento negativo de 1% este ano e de 1,8% no passado – constituíram uma evolução "inesperada" e mesmo uma "surpresa", que atribui sobretudo ao aumento do desemprego, à queda do consumo interno e à redução das exportações em resultado da deterioração da conjuntura europeia.

Segundo Bruxelas, aliás, o desemprego, que atingiu no ano passado 15,7% da população activa continuará a aumentar até atingir um "pico" de 17,5% este ano. Esta evolução continuará a pesar sobre o consumo interno, que por sua vez continuará a afectar o crescimento económico pelo menos durante a primeira metade deste ano.

Apesar disso, a Comissão acredita que a economia portuguesa poderá começar a descolar no segundo semestre de 2013 e conhecer uma  "ligeira" retoma de 0,8% em 2014.

Os riscos negativos que pesam sobre estas previsões são no entanto elevados, de tal forma que Bruxelas admite que poderão voltar a ter de ser revistas em baixa: este será o caso se o agravamento do desemprego e os aumentos de impostos assumidos no quadro do ajustamento orçamental português tiverem um impacto na economia pior do que o previsto.

Outros factores em que a Comissão baseia as perspectivas de retoma da economia portuguesa são a evolução positiva da situação dos mercados financeiros e das trocas comerciais, duas áreas que permanecem "frágeis".

Bruxelas admite aliás implicitamente que por todas estas razões, o objectivo de um défice orçamental de 2,9% do PIB em 2014 – previsto no programa de ajustamento assumido pelo país junto dos credores internacionais – poderá estar em risco porque depende da confirmação da retoma da actividade como previsto no segundo semestre deste ano, o que permanece rodeado de incerteza.

O cumprimento do défice previsto para 2014 também está dependente da redução "permanente" das despesas públicas no valor de 1,75 pontos percentuais – uma referência às poupanças permanentes de 4 mil milhões de euros nos gastos do Estado que o Governo quer realizar.

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