Jornal i – Lusa
Portugal está entre
54 países que, ao terem permitido a passagem de voos da CIA pelos seus
respetivos territórios, ajudaram o Governo norte-americano a perpetrar uma
campanha "global de tortura", refere um relatório internacional hoje
divulgado.
O relatório da Open
Society Foundations "Globalizing Torture - CIA Secret Detention and
Extraordinary Rendition", hoje divulgado, refere que um "total de 54
países", entre os quais Portugal, onde entre 2001 e 2006 foram
identificadas "pelo menos 115 paragens suspeitas de aviões associados com
a CIA", violaram assim normas nacionais e internacionais contra a tortura.
"Portugal
autorizou a utilização do seu espaço aéreo e dos seus aeroportos em voos de
rendição da CIA", aponta o relatório, que elenca a mais completa lista dos
países que ajudaram os EUA a transportar suspeitos de terrorismo após os
ataques de 11 de Setembro, para serem interrogados e torturados.
Citando um
documento da comissão temporária do Parlamento Europeu de 2007, o relatório
lembra que aviões operados pela agência norte-americana (CIA) realizaram
"91 escalas" em aeroportos portugueses, incluindo as areaonaves que
tinham como origem ou destino a base norte-americana de Guantanamo, em Cuba.
O relatório faz
ainda uma série de recomendações que devem ser seguidos pelos 54 países
listados, entre os quais figuram, além de Portugal, Alemanha, Argélia,
Austrália, Áustria, Bélgica, Canada, Croácia, Chipre, Republica Checa, Grécia,
Dinamarca, Egito, Finlândia, Hong Kong, Islândia, Irão, Itália, Jordânia, Líbia,
Marrocos, Paquistão, Polónia, Arábia Saudita, África do Sul, Espanha, Suécia,
Síria, Turquia ou Reino Unido.
A Open Society
Foundations apela aos países em causa para que se recusem a participar em
futuras operações secretas de rendição da CIA ou em detenções secretas e
arbitrárias, e que libertarem informações sobre violações de direitos humanos
associados a essas operações.
A rede de fundações
montada pelo multimilionário americano de origem húngara George Soros apela
ainda aos estados que levem a cabo investigações eficazes e completas para
apurar o alcance total dos abusos cometidos e garantam a compensação adequada a
todos os lesados.
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