Carlos Tadeu – Diáriode Notícias, opinião
Franquelim Alves
terá uma moral irrepreensível. O problema é que a escolha do primeiro-ministro
para secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação
levanta problemas de moral. Problemas sem importância alguma, dirão... Não é
assim.
O ruído à volta da
nomeação do economista levantou-se, em primeiro lugar, por ele ter sido
administrador da SLN/BPN, o local onde se concretizou um pacote de fraudes que
custa aos portugueses, até agora, três mil milhões de euros. Isso foi omitido
do seu currículo, apesar de Franquelim Alves ter feito parte, em 2008, das
sucessivas equipas lideradas por Oliveira e Costa (que está a ser julgado),
Abdool Vakil e Miguel Cadilhe.
Em segundo lugar,
em resposta a uma comissão de inquérito da Assembleia da República, o doutor
Franquelim declarou ter achado ser "prudente" não informar o Banco de
Portugal quando se apercebeu, no princípio de 2008, da existência de uma
montanha de imparidades e de atos irregulares no banco para onde, em má hora,
entrara.
Qual é o problema
moral? É de Franquelim Alves? Não, pois se aceitarmos não ter o homem
responsabilidade pelos crimes do BPN, temos de admitir o seu direito a exercer
os cargos que entender. Será caridosa esta tese, mas vamos acolhê-la, até por
piedade.
O problema de moral
política neste caso, incontornável, é de quem nomeia, de quem escolhe
Franquelim para um cargo público, ligado a decisões económicas, sabendo da
"sombra" do caso BPN.
Estamos a falar da
moral política de alguém que o povo escolheu para liderar o País e que, por
isso, tem de ter consciência permanente de que o seu patrão, o seu
"acionista", não é uma qualquer senhora Merkel, não é um capitalista
riquíssimo, não é um banqueiro cheio de capacidade de investimento. Os
acionistas a quem este senhor reporta chamam-se eleitores e há uns oito milhões
deles.
Até agora achava
que o primeiro-ministro agia sob uma visão em que acreditava e de acordo,
genericamente, com o que lealmente tinha informado pretender fazer. Mesmo a TSU
e os aumentos de impostos podiam ser vistos como fazendo parte desse contrato
original, que o levou a tomar o poder em 21 de junho de 2011.
O que não fez parte
do contrato foi isto: misturar, mesmo em dose criminalmente insuspeita, BPN e o
seu tremendo roubo aos eleitores com uma parte fundamental da gestão da
economia do País. São moralmente incompatíveis.
Face a este
problema Passos Coelho colocou-se no lado pior, no lado de quem não quer saber
de moral política para coisa alguma. E isso ele prometeu aos eleitores, aos
seus acionistas, que não faria.
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