terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Portugal: O PROBLEMA MORAL COM FRANQUELIM ALVES





Franquelim Alves terá uma moral irrepreensível. O problema é que a escolha do primeiro-ministro para secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação levanta problemas de moral. Problemas sem importância alguma, dirão... Não é assim.

O ruído à volta da nomeação do economista levantou-se, em primeiro lugar, por ele ter sido administrador da SLN/BPN, o local onde se concretizou um pacote de fraudes que custa aos portugueses, até agora, três mil milhões de euros. Isso foi omitido do seu currículo, apesar de Franquelim Alves ter feito parte, em 2008, das sucessivas equipas lideradas por Oliveira e Costa (que está a ser julgado), Abdool Vakil e Miguel Cadilhe.

Em segundo lugar, em resposta a uma comissão de inquérito da Assembleia da República, o doutor Franquelim declarou ter achado ser "prudente" não informar o Banco de Portugal quando se apercebeu, no princípio de 2008, da existência de uma montanha de imparidades e de atos irregulares no banco para onde, em má hora, entrara.

Qual é o problema moral? É de Franquelim Alves? Não, pois se aceitarmos não ter o homem responsabilidade pelos crimes do BPN, temos de admitir o seu direito a exercer os cargos que entender. Será caridosa esta tese, mas vamos acolhê-la, até por piedade.

O problema de moral política neste caso, incontornável, é de quem nomeia, de quem escolhe Franquelim para um cargo público, ligado a decisões económicas, sabendo da "sombra" do caso BPN.

Estamos a falar da moral política de alguém que o povo escolheu para liderar o País e que, por isso, tem de ter consciência permanente de que o seu patrão, o seu "acionista", não é uma qualquer senhora Merkel, não é um capitalista riquíssimo, não é um banqueiro cheio de capacidade de investimento. Os acionistas a quem este senhor reporta chamam-se eleitores e há uns oito milhões deles.

Até agora achava que o primeiro-ministro agia sob uma visão em que acreditava e de acordo, genericamente, com o que lealmente tinha informado pretender fazer. Mesmo a TSU e os aumentos de impostos podiam ser vistos como fazendo parte desse contrato original, que o levou a tomar o poder em 21 de junho de 2011.

O que não fez parte do contrato foi isto: misturar, mesmo em dose criminalmente insuspeita, BPN e o seu tremendo roubo aos eleitores com uma parte fundamental da gestão da economia do País. São moralmente incompatíveis.

Face a este problema Passos Coelho colocou-se no lado pior, no lado de quem não quer saber de moral política para coisa alguma. E isso ele prometeu aos eleitores, aos seus acionistas, que não faria.

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