MSO - SMA - Lusa
com foto Paulo Novais
O primeiro-ministro
foi hoje recebido em Aveiro com palavras e cartazes de protesto por meia
centena de pessoas, mobilizadas pela União de Sindicatos de Aveiro, afeta à CGTP-IN.
Passos Coelho
entrou e saiu sem se abeirar dos manifestantes, mas na conferência da
"Global Compact Network", em que participou, respondeu à questão
levantada por Francisco Gonçalves, vice-presidente da União de Sindicatos de
Aveiro (USA).
Enquanto no
exterior os sindicatos filiados na CGTP exibiam tarjas "contra as
desigualdades" e a denunciar que "os ricos estão mais ricos e os
pobres a morrer", no auditório houve tempo para perguntas ao
primeiro-ministro, oportunidade que o dirigente da USA aproveitou para o
confrontar com os elevados índices de pobreza.
Passos Coelho
respondeu que o diagnóstico está feito e é preciso criar oportunidades para que
as pessoas possam aceder a maior rendimento e repensar o processo
redistributivo, e que a situação que se vive não é uma opção, mas o resultado
da restrição financeira.
"Quando hoje
dizemos que o Estado tem de ser mais parcimonioso na distribuição da sua
despesa significa que temos uma restrição financeira a que não podemos deixar
de atender. Não é uma questão de estar bem ou mal, mas do que é possível fazer
e essa observação sobre o que é o limite das possibilidades é muito relevante
para não sermos demagógicos e não prometermos às pessoas distribuir aquilo que
não temos", disse.
O primeiro-ministro
considerou que, para além das contingências, a redistribuição da riqueza tem de
ser redesenhada "para que aqueles que mais precisam, dentro das
disponibilidades do país", possam receber compensações.
"As pessoas
ficam num nível muito estratificado de rendimento, e depois não corrigimos após
a redistribuição que é feita de múltiplas formas, através das políticas
públicas, no essencial a Educação e a Saúde, e das prestações sociais. Uma vez
realizada essa redistribuição, nós mantemos um nível de pobreza bastante acentuado,
o que significa que nem criamos oportunidades económicas à cabeça, nem
corrigimos suficientemente bem no processo redistributivo", disse.
Sem assumir como o
modelo ideal para Portugal, o primeiro-ministro citou o exemplo da Irlanda que,
deixando "o mercado funcionar mais livremente e em que as oportunidades
são mais fortes, com um nível de rendimento gerado maior, depois a intervenção
corretiva do estado na redistribuição do rendimento, traz a taxa de pobreza
abaixo da média europeia", no caso irlandês.
"É um modelo.
O que quero anotar é que se pretendemos alterar a situação não nos basta olhar
discretamente para estes elementos e atuar de forma discricionária. Temos de o
fazer em conjunto", apelou.
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