Jornal de Notícias
O procurador-geral
de Estado espanhol afirmou, esta sexta-feira, que considera haver
"indícios e razões" para investigar os dados publicados esta semana
pelo jornal "El Pais" sobre alegados pagamento à cúpula do Partido
Popular.
Em entrevista à
13tv, Eduardo Torres-Dulce, referiu que a procuradoria tem meios para
determinar se os documentos divulgados pelo El Pais são ou não falsos, afirmando
que tudo será "investigado até ao final com imparcialidade e rigor".
Torres-Dulce
afirmou que serão chamados a declarar "todos os que, do ponto de vista do
Ministério Público, possam ter algo a dizer", incluindo o presidente do
Governo, Mariano Rajoy, "se for considerado que o seu testemunho é
necessário para esclarecer os factos".
Os comentários
surgem depois de o jornal espanhol El Pais publicar o que identifica como
"os papéis secretos de (Luis) Bárcenas", o ex-tesoureiro do Partido
Popular (PP), que, alegadamente, demonstram pagamentos regulares aos principais
dirigentes do partido entre 1990 e 2009.
Os documentos,
obtidos pelo jornal e que terão sido preparados por Barcenas e pelo seu
antecessor, Álvaro Lapuerta, incluem também referências manuscritas a doações
ao partido de alguns dos principais empresários espanhóis, nomeadamente do
setor da construção.
Nesses documentos
estão referidos os nomes do atual presidente do partido (e chefe do Governo
espanhol), Mariano Rajoy, da secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal,
e de outros importantes elementos da cúpula do PP.
O jornal refere que
os líderes do PP a quem pediu comentários negam ter recebido o dinheiro, o
mesmo acontecendo com alguns dos empresários citados nos documentos.
O PP reagiu em
comunicado, negando que exista "contabilidade oculta" e insistindo
que "as retribuições aos cargos e funcionários do partido sempre se
realizaram de acordo com a legalidade e cumprindo as obrigações
tributárias".
A informação hoje
publicada surge na sequência da revelação, na semana passada, de que Luis
Barcenas chegou a ter 22 milhões de euros em contas na Suíça.
As notícias sobre
as contas de Barcenas desencadearam uma intensa polémica com alguma imprensa a
revelar alegações de que no tempo em que Barcenas era tesoureiro - até 2009 -
alguns dirigentes do partido recebiam dinheiro, em envelopes e não declarado,
como 'suplemento' aos seus salários.
Essa informação
sobre uma contabilidade paralela do partido foi já repetidamente desmentida
pelos principais líderes do PP.
No caso de Mariano
Rajoy, os documentos referem pagamentos anuais de 25.200 euros durante 11 anos,
que começam a aparecer em 1997, com pagamentos semestrais de 2.100.000 pesetas,
e, a partir de 2002, o equivalente em euros (cerca de 12.600 euros).
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