sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Procurador-geral espanhol diz que há "indícios" para investigar alegados pagamentos no PP




Jornal de Notícias

O procurador-geral de Estado espanhol afirmou, esta sexta-feira, que considera haver "indícios e razões" para investigar os dados publicados esta semana pelo jornal "El Pais" sobre alegados pagamento à cúpula do Partido Popular.

Em entrevista à 13tv, Eduardo Torres-Dulce, referiu que a procuradoria tem meios para determinar se os documentos divulgados pelo El Pais são ou não falsos, afirmando que tudo será "investigado até ao final com imparcialidade e rigor".

Torres-Dulce afirmou que serão chamados a declarar "todos os que, do ponto de vista do Ministério Público, possam ter algo a dizer", incluindo o presidente do Governo, Mariano Rajoy, "se for considerado que o seu testemunho é necessário para esclarecer os factos".

Os comentários surgem depois de o jornal espanhol El Pais publicar o que identifica como "os papéis secretos de (Luis) Bárcenas", o ex-tesoureiro do Partido Popular (PP), que, alegadamente, demonstram pagamentos regulares aos principais dirigentes do partido entre 1990 e 2009.

Os documentos, obtidos pelo jornal e que terão sido preparados por Barcenas e pelo seu antecessor, Álvaro Lapuerta, incluem também referências manuscritas a doações ao partido de alguns dos principais empresários espanhóis, nomeadamente do setor da construção.

Nesses documentos estão referidos os nomes do atual presidente do partido (e chefe do Governo espanhol), Mariano Rajoy, da secretária-geral do PP, María Dolores de Cospedal, e de outros importantes elementos da cúpula do PP.

O jornal refere que os líderes do PP a quem pediu comentários negam ter recebido o dinheiro, o mesmo acontecendo com alguns dos empresários citados nos documentos.

O PP reagiu em comunicado, negando que exista "contabilidade oculta" e insistindo que "as retribuições aos cargos e funcionários do partido sempre se realizaram de acordo com a legalidade e cumprindo as obrigações tributárias".

A informação hoje publicada surge na sequência da revelação, na semana passada, de que Luis Barcenas chegou a ter 22 milhões de euros em contas na Suíça.

As notícias sobre as contas de Barcenas desencadearam uma intensa polémica com alguma imprensa a revelar alegações de que no tempo em que Barcenas era tesoureiro - até 2009 - alguns dirigentes do partido recebiam dinheiro, em envelopes e não declarado, como 'suplemento' aos seus salários.

Essa informação sobre uma contabilidade paralela do partido foi já repetidamente desmentida pelos principais líderes do PP.

No caso de Mariano Rajoy, os documentos referem pagamentos anuais de 25.200 euros durante 11 anos, que começam a aparecer em 1997, com pagamentos semestrais de 2.100.000 pesetas, e, a partir de 2002, o equivalente em euros (cerca de 12.600 euros).

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