quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

RELVAS VAI TER DE SE DEMITIR PARA SALVAR PASSOS




Paulo Gaião – Expresso, opinião

Para lidar com a crise actual são cada vez mais necessários homens sólidos, estruturados, de preferência com densidade política e intelectual. E respeitados na comunidade.

Ora, Miguel Relvas é o contrário disto tudo.

Por azar seu, não tem o dom natural de criar um pingo de empatia. Talvez seja a insegurança, que o torna mais cínico e arrogante. É um dos casos mais falhados de comunicação.

Até quando se põs a cantar a Grândola Vila Morena no Clube dos Pensadores, a imagem que passou foi a de acinte e provocação.
    
Depois há o caso da sua licenciatura.

Miguel Relvas podia ser uma pessoa onde a licenciatura tardia (ou a falta dela) não se notasse. Há algumas pessoas assim. Mas não é o caso do ministro.  

Um homem como Miguel Relvas que tirou Ciência Política aos 46 anos, com  equivalência a 32 das 36 cadeiras por créditos profissionais, meteu-se na boca do lobo quando aceitou ir ao clube dos pensadores e ao ISCTE.

Joaquim Jorge, o organizador dos debates do Clube dos Pensadores, não tem de se queixar.

O facto de ser um ministro diminuído há muito e agora estar ainda mais limitado nas deslocações, quando pelo grau de confiança pessoal e política com Passos Coelho é verdadeiramente o nº 2 do executivo, ilustra bem o absurdo da situação em se manter no governo.

Antes tinha só os cartazes "Vai estudar Relvas", que até apareceram na Volta à França, mas não o confrontavam fisicamente.

A partir de agora  (das cenas inacreditáveis de Relvas a fugir dos estudantes e a ser trancado numa sala  por um segurança para a turba não passar ) cada dia a mais de Relvas no governo é também um dia de martírio de Passos Coelho.

Atenção que Passos também não é um bom exemplo. Tirou o seu curso tardiamente, aos 39 anos. Tal como, aliás, Seguro. Andaram pelas jotas e pelos aparelhos, sem tempo para estudarem. Passos tem a agravante de, profissionalmente, só  ter chegado onde chegou com o apadrinhamento de Ângelo Correia na Fomentinvest.  

São casos praticamente isolados na Europa. Angela Merkel, François Hollande, Mariano Rajoy, David Cameron, Antonis Samaras, todos tiraram os seus cursos na juventude. Merkel até tem um doutoramento e Samaras um MBA.       

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