António Veríssimo
Isabel Ferreira,
esposa do Presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, foi ontem
visitar o principal hospital de Timor-Leste, em Díli, de seu nome Hospital
Nacional Guido Valadares (HNGV). A conclusão a que a primeira-dama chegou é que
Timor-Leste está a saque pelos dos poderes e o povo timorense a morrer por
falta de condições nos cuidados de saúde naquele hospital. Falta tudo, ou quase
tudo.
Diz Isabel
Ferreira, segundo Sapo TL em tradução de peça jornalística do jornal Suara
Timor Lorosae, que edita em tétum:
“A população que
chega ao hospital muitas vezes morre por falta de assistência. É muito triste
porque os nossos governantes têm dinheiro e o povo continua sem uma boa
assistência na área de saúde”. Ainda em conformidade com Sapo TL “a
primeira-dama salientou ainda que os governantes não podem usar o nome do povo
como um mote a defender apenas nos debates do Orçamento de Estado ou em época
de campanha eleitoral.”
Grassa a fome em
Timor-Leste. As crianças sobrevivem subalimentadas e organismos internacionais
constatam que aumentou a percentagem de crianças a sofrerem de má-nutrição.
Afinal o que acontece a tais crianças e adultos resume-se em quatro letras:
FOME!
A ausência de
vergonha, a incúria, a ganância, a devassa, continua em Timor-Leste, bem ao
jeito dos tempos dos ocupantes indonésios. A corrupção parece não ter limites e
os roubos daquilo que pertence a todos os timorenses têm ido para contas
bancárias no exterior, "propriedade" somente de alguns. Quem são,
quais são? Isso é tarefa que cabe verdadeira e seriamente à justiça timorense.
Cabe ao legislador, o Parlamento Nacional, legislar agilmente no sentido de
“caçar” os que têm roubado o povo timorense, porque os espetaculares sinais
exteriores de riqueza (o exibicionismo) são um apelativo sintoma de que “quem
cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem”, se não os comprou foi
porque os roubou. É um adágio que corresponde à realidade.
E ali está dizendo
tudo em poucas palavras a esposa de um Presidente da República de pés e mãos
atados (por que o mandato não lhe dá poderes para mais), que vê o que se passa
mas muito pouco pode fazer. Restaria ao primeiro-ministro Xanana Gusmão agir em
conformidade com o descalabro e a indecência que já lhe manchou e continua a
manchar a boa reputação que tinha. Mas o que faz ele? Faz que faz. Nada!
Não basta ter por
exemplo a condenação da ex-ministra Lúcia Lobato por corrupção ou má gestão ou
o pelo que mais alegarem. Roubou, ponto final. E foi só o que consta
processualmente?
Lúcia Lobato mais
cedo que tarde será posta em liberdade através de uma manha qualquer. Já
sabemos. É o costume. Nem basta investigar ou fazer que investigam a ministra
Emília Pires. Dificilmente lhe acontecerá o mesmo que a Lúcia porque afinal ela
era o elo mais fraco. Nem que Emília tivesse cometido crime a valer o triplo
daquele por que Lúcia foi condenada. Mas não se sabe (?) e os experts é que
devem investigar e devem pronunciar-se. O que, com todo o cepticismo, equivale
a dizer que a montanha vai parir um rato. Veremos se assim não é.
Apesar de tudo para
os timorenses a independência sempre é melhor que o regime colonialista
português ou os 24 anos de ocupação indonésia. Sem dúvida. Lutaram muito por
isso e merecem ser independentes apesar de todas as vicissitudes. O que está em
questão é que os milhões que têm “voado” e não têm beneficiado os timorenses em
melhores condições de vida e de maior dignidade representa exatamente a não
independência dos timorenses e a enorme falta de justiça. Democracia sem
equidade e justiça não é coisa que exista. Não é democracia.
Neste mandato do
novo governo chefiado por Xanana Gusmão devia esperar-se melhor e não a
repetição do que aconteceu no governo anterior: a devassa e o desprezo pela
condição e dignidade humana dos timorenses. Pela grande maioria dos
timorenses. Em vez dessas melhorias – a serem fruto de correções urgentíssimas
e imperiosas – ouve-se falar de auto-estradas, de campos de golfe e outras
malfeitorias a fazer a um país abaixo da escala do terceiro-mundo.
Investimentos magalómanos (PPP?) de milhares de milhões para que uns quantos
roubem ainda mais dessas verbas que vão ficar à solta. Entretanto a fome, a
morte, perdurará. Os malnutridos vão continuar num país desigual, injusto para
a maioria do seu povo.
Foi para isso que
os timorenses tão denodadamente lutaram? Não. Também Xanana Gusmão não lutou
para isso mas parece que sem dúvidas se acomodou à podridão dos que cegam com
os poderes que obtêm à custa de muitos cadáveres. E agora à custa de crianças e
de adultos roubados, malnutridos, desempregados, miseráveis e supostamente
independentes num país democrático.
Democrático e sem
justiça? Tal não existe em parte alguma do mundo. Errado e alegadamente
democráticos… Isso sim.
*Publicado em TIMOR
LOROSAE NAÇÃO - Relacionado em TLN:
2 comentários:
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Com tantas carências na área da saúde estranho a ausência dos Médicoa Sem Fronteira que tanto ajudam paises em grandes dificuldades. Não seria o caso de Timor?
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