MSE – MLL - Lusa
Díli, 13 fev (Lusa)
- O representante do Banco Mundial em Timor-Leste, Luís Constantino, previu
hoje uma continuação do crescimento económico no país, mas alertou para a
necessidade de diversificar a economia, ainda muito dependente do petróleo.
"Timor-Leste
vai continuar a crescer a dois dígitos. O ano passado foi o sexto país do mundo
que mais cresceu e eu acho que eles vão continuar a crescer a esta
velocidade", disse em entrevista à agência Lusa Luís Constantino.
A taxa de
crescimento económico em Timor-Leste é de cerca de 10 por cento e as previsões
do Banco Mundial apontam para que se mantenha em dois dígitos até 2014.
Apesar de um
positivo desempenho económico, Luís Constantino alertou para a necessidade de
diversificar a economia, muito dependente dos fundos petrolíferos, e para os
riscos provocados pelo "mau uso do dinheiro".
Segundo o
economista português, a trabalhar desde 1991 no Banco Mundial, quando as
economias se tornam muito dependentes do petróleo têm dificuldade em
diversificar para outros setores, porque a vida fica muito cara.
"Esse vai ser
o grande desafio (de Timor-Leste), que é criar crescimento fora do setor
petrolífero", afirmou.
Outro risco que as
autoridades timorenses vão ter que evitar, e que é uma consequência de serem
uma economia petrolífera, são os riscos de "mau uso do dinheiro", que
provoca a corrupção e "estraga a honestidade da sociedade", salientou.
Para diversificar a
economia, as autoridades timorenses vão ter de acabar com os obstáculos a
criação de empresas, que não atraem os investidores.
"Os
indicadores revelam que Timor-Leste está nos últimos 20 por cento do estudo
'Doing Business' e isso reflete as dificuldades que ainda existem para iniciar
um negócio no país", afirmou Luís Constantino.
Para evitar o mau
uso do dinheiro, o representante do Banco Mundial recomendou uma maior educação
das pessoas, destacando um estudo da Comissão Anticorrupção de Timor-Leste que
revelou que 50 por cento dos timorenses não sabem o que é corrupção.
O Fundo Petrolífero
de Timor-Leste tinha em setembro do ano passado o valor de cerca de 11 mil
milhões de dólares.
Aquele fundo
financia a maior parte do orçamento de Estado do país, que este ano ronda os
1,7 mil milhões de dólares (cerca de 1,3 mil milhões de euros) e que se
encontra a ser debatido, na especialidade, no parlamento.
O Banco Mundial
apoia Timor-Leste em projetos no setor da educação, juventude, saúde e
construção de estradas.
"Nós achamos
que esse é o grande desafio de Timor. Educar, manter a saúde e arranjar
empregos para a sua juventude", disse Luís Constantino, salientando que 60
por cento dos pouco mais de um milhão de habitantes do país têm menos de 25
anos de idade.
Um
"capital" que o país tem mas que, segundo o representante do Banco
Mundial, também pode significar "gerações perdidas" se não forem
criados postos de trabalho.
"Eles sabem
disso. Em relação ao crescimento económico, as autoridades timorenses
compreendem que não vai ser a indústria do petróleo que vai empregar toda a
gente. Eles estão à procura de outras fontes de investimento, como a
agricultura, o turismo, mesmo a construção civil numa fase inicial",
acrescentou.
*Publicado em TIMOR
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