domingo, 10 de fevereiro de 2013

UE NÃO QUER PAGAR PELA OTAN





Recentemente, o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, repreendeu publicamente os países da UE por reduzirem inadmissivelmente as despesas militares.

A liderança da UE respondeu, justificando-se apaticamente, que tem seu próprio modo de ver os problemas da política em matéria de defesa. Na realidade, os europeus simplesmente não vêem contra quem deveriam armar-se e, portanto, estão mostrando um egoismo racional, acham os especialistas.

No relatório político da OTAN concernente ao ano de 2012, afirma-se que a participação dos EUA na totalidade dos gastos militares do bloco constituiu 72%. Os autores do documento apontam que o Reino Unido, a Alemanha, a Itália e a França sistematicamente reduzem as verbas para a defesa, o que "questiona a capacidade dos aliados europeus de agirem sem assistência dos Estados Unidos".

Na verdade, ao censurarem os europeus, os norte-americanos estão tentando obrigar seus aliados a solucionarem eles sós os problemas – embora relativamente pequenos – em áreas não distantes da Europa. Mas é duvidoso que os EUA tenham sucesso em tal empresa, opina o editor-chefe da revista "Rússia na política global", Fiodor Lukianov.

"O tema principal da política interna estadunidense é a poupança, a redução da gigantesca dívida pública, e eles começam a perguntar os aliados com insistência cada vez maior: "Se temos direitos iguais na aliança, por que os EUA sustentam mais de 70 por cento de todos os gastos?" Eu não acho que algo vai mudar, porque os europeus, primeiro, também atravessam a crise e, segundo, já deixaram de entender para que tudo isso é necessário, especialmente desde que as guerras surjam cada vez mais longe da zona de sua responsabilidade ".

Do ponto de vista das relações entre aliados, as censuras dos EUA revestem-se de caráter objetivo, julga o perito em assuntos militares Igor Korotchenko. Mas a Europa não anela, nada disso, armar-se em prol de uma confrontação abstrata.

"A imagem do inimigo personificada pela Rússia está empalidecendo, a configuração das forças armadas russas no oeste do país demonstra expressamente o fato de não estarmos preparando-nos para operações de ofensiva globais no flanco oeste. E os governos europeus, em face de tudo isso, vêm manifestando um racionalismo pragmático, é assim que eu caraterizaria a tática deles".

No que respeita à defesa, a Europa já se sente bastante confortável sob o guarda-chuva nuclear da OTAN, e em breve irá se sentir ainda mais confortável trás o escudo do sistema norte-americano de defesa antimísseis, diz politólogo Ivan Konovalov. Porém, muitos políticos europeus encontram também confortável o conceito de exército pan-europeu.

"O tema de criação de um contingente unificado europeu é debatido em todos os parlamentos da Europa. O problema consiste em quem vai pagar? Se a França e a Alemanha outra vez assumirem a responsabilidade, será um fardo financeiro já muito oneroso para elas. Pois é claro que os outros países estarão prontos para disponibilizar apenas efetivos e equipamentos. Por isso, enquanto a questão financeira não for solucionada, o exército europeu não irá ser criado".

Entre os peritos existe uma suposição de que os EUA estão cansados de carregar o peso da OTAN e, no futuro mais próximo, irão procurar, com crescente frequência, garantir seus interesses geopolíticos por meio do potencial militar dos aliados, antigos e novos, em distintas regiões do planeta.

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