Fernando Santos –
Jornal de Notícias, opinião
Inconsciente, um
atrasado mental pode provocar danos irreparáveis à sociedade se não se lhe
resistir, primeiro, e ajudar, depois. Se o atrasado mental estiver rodeado de
rapaziada servil e ainda por cima encarnar o papel dos antigos régulos, tanto
pior.
No passado, a
Europa viveu fases nas quais esteve entregue a atrasados mentais - como Hitler.
Pagou então um elevado preço, mas foi capaz de se lhe opor, embora tarde.
Sobrou dessas épocas algo de preocupante: não aprendeu a lição. E daí ao
surgimento de novos loucos de rédea à solta foi uma curta distância.
Há hoje uns
senhores na Europa a ensaiar uma escalada de prepotência a que urge pôr cobro.
A estratégia da criação de necessidades a determinadas zonas da Europa alimenta
um quero, posso e mando intolerável.
Fugindo dos
referendos como o Diabo da cruz, sob a capa de uma democracia fatiada, o poder
dos eurocratas é o indício de maior preocupação.
Aos múltiplos
exemplos de excrescências já conhecidos, o Eurogrupo, uma espécie de messe de
sargentos, teve agora mais uma decisão abjeta. Aceitou um plano de resgate para
o Chipre sob uma condição: a taxação dos depósitos bancários dos cidadãos! Sim,
recuaram ontem na ideia de aplicar um imposto para contas abaixo dos cem mil
euros, mas o princípio geral mantém-se: o confisco das poupanças de uma vida!
Uma Europa assim,
capaz de adotar todas as políticas e o seu contrário, jamais inspirará
confiança nos mercados financeiros - ou, mais importante, nos seus simples
cidadãos.
Meter o dinheiro
debaixo do colchão e arriscar ficar sem ele por via da ladroagem comum fez
parte, achava-se, de um tempo reservado aos incautos. Julgava-se ser apenas um
risco terceiro-mundista ficar-se sem o dinheiro depositado numa entidade
bancária mas, pelos vistos, já por cá existem os primeiros laivos de que não é
bem assim...
Sabe-se, o confisco
no Chipre não está, por agora, replicado em nenhum outro país. Mas para lá se
caminha se, à falta de reações enérgicas, continuar uma parte dos europeus a
entender não correrem o risco de ser afetados.
Entrar em pânico
não é o melhor receituário - antes piora as situações.
Impõe-se, por isso,
confiar na Banca - e das caixas multibanco, à hora a que se escrevem estas
linhas, ainda saem notas de euro. E amanhã, também?
O governador do
Banco de Portugal, pessoa acima de qualquer suspeita, garante não estar o país,
nem outros da Zona Euro, em risco de copiar o Chipre. Mas ainda que assim não
fosse, alguém acha que Carlos Costa faria figura de tanso, muito tanso, e
anunciaria por antecedência a decisão de taxar ou cativar as contas bancárias?
Ora, ora...
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