terça-feira, 19 de março de 2013

CONTRA ATRASADOS MENTAIS E RÉGULOS




Fernando Santos – Jornal de Notícias, opinião

Inconsciente, um atrasado mental pode provocar danos irreparáveis à sociedade se não se lhe resistir, primeiro, e ajudar, depois. Se o atrasado mental estiver rodeado de rapaziada servil e ainda por cima encarnar o papel dos antigos régulos, tanto pior.

No passado, a Europa viveu fases nas quais esteve entregue a atrasados mentais - como Hitler. Pagou então um elevado preço, mas foi capaz de se lhe opor, embora tarde. Sobrou dessas épocas algo de preocupante: não aprendeu a lição. E daí ao surgimento de novos loucos de rédea à solta foi uma curta distância.

Há hoje uns senhores na Europa a ensaiar uma escalada de prepotência a que urge pôr cobro. A estratégia da criação de necessidades a determinadas zonas da Europa alimenta um quero, posso e mando intolerável.

Fugindo dos referendos como o Diabo da cruz, sob a capa de uma democracia fatiada, o poder dos eurocratas é o indício de maior preocupação.

Aos múltiplos exemplos de excrescências já conhecidos, o Eurogrupo, uma espécie de messe de sargentos, teve agora mais uma decisão abjeta. Aceitou um plano de resgate para o Chipre sob uma condição: a taxação dos depósitos bancários dos cidadãos! Sim, recuaram ontem na ideia de aplicar um imposto para contas abaixo dos cem mil euros, mas o princípio geral mantém-se: o confisco das poupanças de uma vida!

Uma Europa assim, capaz de adotar todas as políticas e o seu contrário, jamais inspirará confiança nos mercados financeiros - ou, mais importante, nos seus simples cidadãos.

Meter o dinheiro debaixo do colchão e arriscar ficar sem ele por via da ladroagem comum fez parte, achava-se, de um tempo reservado aos incautos. Julgava-se ser apenas um risco terceiro-mundista ficar-se sem o dinheiro depositado numa entidade bancária mas, pelos vistos, já por cá existem os primeiros laivos de que não é bem assim...

Sabe-se, o confisco no Chipre não está, por agora, replicado em nenhum outro país. Mas para lá se caminha se, à falta de reações enérgicas, continuar uma parte dos europeus a entender não correrem o risco de ser afetados.

Entrar em pânico não é o melhor receituário - antes piora as situações.

Impõe-se, por isso, confiar na Banca - e das caixas multibanco, à hora a que se escrevem estas linhas, ainda saem notas de euro. E amanhã, também?

O governador do Banco de Portugal, pessoa acima de qualquer suspeita, garante não estar o país, nem outros da Zona Euro, em risco de copiar o Chipre. Mas ainda que assim não fosse, alguém acha que Carlos Costa faria figura de tanso, muito tanso, e anunciaria por antecedência a decisão de taxar ou cativar as contas bancárias?

Ora, ora...

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